quarta-feira, junho 01, 2005

O REI E OS SOVIETES

A frase que serve de título disse-a o grande Rolão Preto e consubstancia a única proposta verdadeiramente revolucionária pós 25 de Abril. Para os espíritos mais sensíveis ou para aqueles que ainda pensam que a Monarquia é um conto de fadas apresso-me a traduzir o alcance da feliz expressão que todos os dias parece fazer mais sentido. Corrigindo o idiótico slogan “O Povo e o MFA” o “jovem” de oitenta anos explicou que não, que não era nada disso que Portugal precisava para cumprir o seu destino histórico mas sim da velha e sempre renovada aliança entre o Rei e o Povo, entre o Rei e as Comunidades ou, actualizando a formula, entre o Rei e as Repúblicas Regionais. Claro que a Portugalidade agradece. A mensagem não foi entendida e a História apenas recordará da 3ª República a feliz criação das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores cujo espectacular desenvolvimento ninguém se atreverá a negar. É indispensável prosseguir neste sentido reconhecendo as outras Regiões Históricas que se torna necessário reactivar e que aliás se descortinam sem grande esforço porque estão hoje praticamente abandonadas. Mas para realizar tudo isto é preciso substituir de imediato a Chefia de Estado Republicana pela Instituição Real introduzindo no sistema as referências de unidade e rumo histórico que só o Rei consegue representar.
Como é que isto se faz?
Em primeiro lugar é preciso alterar a Constituição antidemocrática que temos para podermos escolher em Referendo entre a Republica e a Monarquia. Claro que a opção pela Republica ganharia folgadamente mas a consulta teria o mérito extraordinário, para além do esclarecimento de posições, de, pela primeira vez, desde a implantação da Republica, responsabilizar directamente a sociedade civil pelo regime em vigor. Todos concordam que um dos traços mais marcantes do nosso atraso reside na incapacidade da sociedade portuguesa de crescer mentalmente, de se libertar da excessiva dependência do Estado, em suma, de se tornar adulta. Aí temos a grande oportunidade de começarmos a existir e só por isso já se justificaria o Referendo. Depois, bem, depois as queixas e as lamúrias por parte daqueles que preferiram a República já não seriam aceitáveis e, a não ser que ocorresse um milagre, sempre poderíamos olhar de vez em quando para a vizinha Monarquia Espanhola e interrogarmo-nos – qual é a diferença?

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