terça-feira, janeiro 17, 2006

A alma deles

Segunda-feira, noite de ‘prós e contras’, discutia-se a alma da Pátria!
Com os ateus em larga maioria, o diálogo estava inquinado à nascença, já que a expressão ‘alma’ é para eles tudo – hino, bandeira, Figo, sardinha assada – menos alma!
Neste aspecto houve participantes que excederam as melhores expectativas! Clara Pinto Correia, por exemplo, cheia de alma e sem qualquer cerimónia, levou-nos para a intimidade da sua casa, dos seus filhos, dos seus casamentos, do seu candidato, e tudo isto com o maior respeito pelo hino. Imagine-se que até obrigou os filhos a irem a pé a Fátima, porque é importante. Nesta altura a Fátima em pessoa sentiu-se interpelada e achou por bem cortar-lhe a palavra, mas não conseguiu.
Clara Pinto Correia ainda tinha que nos fazer uma revelação – a alta cultura vai acabar com ela, no melhor sentido da expressão!
Nandim não aceitou a catástrofe e lembrou que os portugueses tinham inventado a ‘via verde’! E não se ficou por aqui – quando se reconhecia que os países mais desenvolvidos da Europa eram monarquias, Nandim reagiu lembrando-se dos Estados Unidos, como poderia ter-se lembrado da China. Só para contrariar! Mas concedeu a existência de um monárquico no Conselho de Estado! Supõe-se que para presidir!?
Estavam também dois jovens com visuais opostos: um de fato e gravata, da área do marketing, que disse que os portugueses são saloios o que não me pareceu mal, e outro, na linha do semi-prec, que me fez lembrar a Ana Drago, mas mais alto e com barba. Deve sentir-se um génio e disse umas vacuidades.
Para a segunda parte Fátima Campos Ferreira ameaçou com a ‘representação da alma Lusitana’! Foi o bom e o bonito. Os republicanos ali presentes tentaram em desespero de causa construir um impossível super-homem. O pobre presidente seria o resultado do cruzamento da força de um novo Hércules com a beleza da nova Cleópatra!
O jovem do marketing esteve bem outra vez e disse que isso não ía resultar!
Por obra e graça do Espírito Santo, a noite foi salva pelas brilhantes intervenções do professor Adelino Maltez que conseguiu conquistar, não digo a compreensão dos restantes, o que era pedir muito, mas ao menos algum silêncio! Nesse silêncio regenerador coube ainda a memória viva do Padre Colimão sobre a passagem dos portugueses pela Índia, bem como os esforços desesperados da moderadora para trazer para a discussão a palavra proibida – El-Rei!

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