sábado, fevereiro 04, 2006

O Jorge das medalhas

Eu vinha do lado do rio e só queria chegar ao estádio do Restelo.
A dificuldade era a travessia do jardim de Belém sem ser visto por Jorge.
Cozi-me com o muro do Palácio e avancei resoluto, mas em vão.
Jorge estava vigilante e intimou-me a receber a medalha! Tentei resistir, encolhi o peito, escondi o pescoço, nada a fazer, no fim de uma curta refrega, acabei a posar reluzente para a posteridade!
Porquê, se não sou rico nem famoso?
Porquê, se não tenciono dar uns parafusos, a quem me comprar as porcas?
Isso está bem para aqueles estrangeiros que juram que gostam de Portugal e dos portugueses desde pequeninos! Mas eu, que sou obrigado a mourejar sem destino neste jardim à beira mar, não vale a pena incomodarem-se comigo.
Amigos como dantes.
Eu até percebo a política mendicante em vigor. Se poucos trabalham, e muitos vivem encostados ao orçamento, alguém tem que pagar a conta.
A troco de quê, é o único problema!?
Será só da medalha?
Duvido.

Sem comentários: