quinta-feira, março 30, 2006

“Entrou o Bispo”

Dizia-se quando a sopa se pegava ao fundo da panela e ficava a saber a queimado! A origem da expressão nunca a soube ao certo e por isso sempre associei a distracção e euforia que se apoderava das pessoas quando o Bispo as visitava em suas casas, cumprindo uma arreigada prática pastoral. Já se sabe, panela da sopa ao lume, toda a gente de volta do Bispo...e a dita esturricava-se!
Mas o Bispo não entrou! Passou diante do muro da quinta, terá olhado de soslaio para a imponência do portão, e seguiu em direcção ao Asilo mais próximo!
Afinal, tantos velhinhos para visitar, tantos doentes para se inteirar, que não houve tempo para a prevista passagem lá por casa.
As fatias douradas que a minha mãe fez, a ‘irmandade’ convocada, o desconsolo e a incompreensão, tudo isto... porque o Bispo não entrou!
A mensagem poderia ter ficado por aqui, a vaidade também poderia ter ficado por aqui, mas existe um outro ditado, este de origem conhecida, que reza assim: ‘Quem não se sente, não é filho de boa gente’.
E pela minha mãe, que as fatias douradas como eu, arrisco a excomunhão dizendo o seguinte:
Prior e Bispo, umas santas pessoas, mas que comungam por certo daquela deformação que invadiu a Igreja ao mesmo tempo que invadiu o mundo! A regra das maiorias! Com todos os complexos de esquerda daí derivados.
Termino com uma pergunta-resposta: Então os paroquianos não são todos iguais?
Eu acho que não. Prior e Bispo também acham que não, mas por outra razão!
Temos o caldo entornado, mas não esturricado.

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