quarta-feira, maio 17, 2006

A paternidade perdida

O ministro começou pelo telhado, sem perceber os fundamentos! O municipalismo, muito em voga em certos espíritos, é curto, não tem ligação por cima, não une, desune, e não pára a desertificação.
O traço de união só pode surgir, ou ressurgir, com as autonomias regionais, como nos Açores e Madeira, que se desenvolveram, mantendo e aprofundando o sentido de pertença.
No continente, temos que restaurar esse elo perdido. Um alentejano é um alentejano; um minhoto sabe que é minhoto e esse apelo ainda tem ressonância!
A República unitária, na linha do liberalismo centralizador, imaginando reforçar a ‘coesão nacional’, ou pretendendo apenas impor-se, destruiu de facto o poder local, transformando o País na tal ‘campina rasa’ do desânimo, que é hoje o nosso habitat. Neste meio só floresce a desconfiança e o egoísmo. A coesão nacional está por um fio.
O ministro pertence a um Partido que aparentemente defendeu a regionalização, e por isso deveria saber que qualquer reforma que favoreça um município em detrimento de outro, não é compreendida. Porque vai exacerbar rivalidades doentias, porque corre o risco da prepotência, porque todos desconfiam que não serve para nada!
Amanhã, invocando os mesmos argumentos técnico-economicistas, estaremos a recuar maternidades para Lisboa, para o Porto, e de certeza para Badajoz! É um jogo perdido.
Mas eu sou suspeito, porque acredito que a monarquia virá com o regionalismo.
O tal traço de união, por cima.

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