domingo, novembro 12, 2006

Um discurso alternativo

Não há despedimentos para ninguém.
O Estado não é uma empresa, não faz reduções de pessoal ou despedimentos colectivos. Também não pode encerrar ou deslocalizar-se, assim como não deve pensar em sueco ou finlandês porque os portugueses não percebem. Não há aqui demagogia, mas o simples cumprimento de um princípio: quando o Estado se responsabiliza pela admissão de alguém, esse alguém, desde que cumpra, não pode ser atirado pela janela para a terra de ninguém. Seria um absurdo que a entidade que tem como objectivo combater o desemprego, se proponha promovê-lo!
Ainda por cima quando não há supranumerários em Portugal!
Ficámos a saber que temos poucos funcionários públicos no conjunto da população activa – 17,6% – uma das taxas mais baixas da união europeia! Se estão bem dirigidos, se a organização e a eficiência correspondem às exigências, isso é outra coisa.
De qualquer modo, dizem-nos e acreditamos que o Estado está muito gordo, que a despesa é excessiva, que atrapalha o desenvolvimento!
Se o problema é a obesidade, faz-se dieta, e uma boa dieta é o exercício, não é preciso eliminar ninguém!
Há mil maneiras de fazer bacalhau: reduzindo a gordura de alguns salários, impondo tectos, limitando assessorias, bastando para tal acabar com os ministros político-partidários que por não perceberem nada das respectivas pastas, são obrigados a rodearem-se de especialistas para tudo. Neste capítulo parece que batemos recordes na Europa – a Côrte de cada ministro anda em média por 136 pessoas!!!
Quanto às dietas que passam pelo exercício, nada melhor que aproveitar o local e o posto de trabalho!
Mas há mais.
A solidariedade não se decreta, não se impõe pela força, e neste sentido é um erro manter o módulo republicano da guerra civil permanente! Não podemos andar a estabelecer diferenças artificiais entre as pessoas, dividindo e hostilizando aqui para obter ganhos ou popularidade acolá! E no fim esperar uma mobilização geral para o objectivo proposto! Não há milagres na despesa sem a boa vontade de todos os portugueses.
E já que estamos com a mão na massa, uma nova política de admissões na função pública também podia ajudar a reduzir a despesa: em primeiro lugar, acabando com o escândalo da via-verde partidária, fonte de corrupção, despesismo e incompetência; em segundo lugar, valorizando a experiência, sem limite de idade, em futuras admissões. O Estado aproveita quem já provou ser útil no privado, poupa na formação, e contribui para a redução do desemprego, dando uma oportunidade a tantos e tantos portugueses que o mercado deitou fora, como se de lixo se tratasse.
Um bom exemplo de solidariedade e melhor utilização dos impostos.

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