quinta-feira, maio 15, 2008

Um país a fingir

Eu bem tento animar-me, pensar o contrário, engano-me com o quinto império, mas não resulta, o Almada é que tinha razão – ‘o país é bonito, fica feio pôr lá portugueses’! Almada é apenas um exemplo, muitos outros se expressaram com igual desilusão e acerto. Para piorar as coisas, garantiram-me ontem que a ‘malta das naus’ nunca existiu, ou se existiu, não regressou. Há quem desespere por nova invasão fenícia, por alguém que aqui aporte, e nos submeta, a ver se ganhamos juízo e rumo! Neste desfazer pátrio, a fé já perdida mas não o humor, um parente próximo não perdoa a onda de canonizações a benefício de ‘nuestros hermanos’! Qual condestável, num último alento nacionalista, recusa a vida eterna alegando que o céu está cheio de espanhóis!
Felizmente que nem tudo são más notícias, o país recebeu com natural satisfação a boa nova de que o primeiro-ministro ía deixar de fumar! Subsiste apenas a dúvida, se Sócrates vai deixar de fumar na qualidade de chefe do governo ou de cidadão! Um assunto a desenvolver.
Noutro quadrante, a guerra do futebol promete, já se contam espingardas mas sem perder o sentido romanesco do drama! Carolina, heroína da segunda circular, garantiu em tribunal que o pérfido amante frequentou local proibido, enquanto o homem do norte, ferido na sua honra, tem almoço marcado na Assembleia da República, e imagine-se, com deputados!
Não dei a volta ao mundo, mas tenho o carro na reserva, pago o meu imposto na bomba de gazolina, regresso a casa, e durante a curta viagem discorro sobre o legalismo puritano que nos possui, religião em forma de lei e processo interminável, tão rigorosa e afinal tão propícia ao ‘pecado’ da transgressão!

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