sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Digam que é mentira!

Hoje, dia 26 de Fevereiro de 2010, declaro que não existe liberdade de expressão em Portugal.
Provas?!
Imensas, e o meu testemunho, a saber – ao contrário do que tem acontecido com outros convidados pela Comissão de Ética da Assembleia da República, cuja audição tem sido objecto de ampla divulgação, com transmissões directas e integrais nos vários canais noticiosos, públicos e privados, hoje, a anunciada e importante intervenção do director do jornal ‘SOL’ junto daquele órgão de soberania, não mereceu o mesmo tratamento e a mesma atenção por parte dos mesmos órgãos de comunicação social!
Reafirmo 'anunciada' para que se perceba que não foi surpresa, não interferindo assim com a programação; e reafirmo 'importante' para o esclarecimento da opinião pública, lembrando que o 'SOL' é um dos queixosos contra os abusos do poder.
Pois bem, não houve n
enhuma transmissão directa e integral, apenas a RTPN se prestou a um curto directo. De resto, nada!
O próprio Canal Parlamento esteve hoje ocupado com a 'comissão de economia e finanças'.
E se neste último caso podemos compreender a opção, já é muito difícil entender os critérios editoriais dos restantes operadores – RTP2 (transmitia o 'zig-zag'); SIC-Notícias; TVI-Notícias; e RTPN, todas elas tinham a agenda demasiado preenchida!
Se isto não é suspeito, não há suspeitos em Portugal!
Que é afinal o que se passa sempre que existe uma leve suspeita de haver um suspeito… laico, republicano e socialista!
E não passamos disto.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Leis à la carte!

A república dos segredos quer fechar o país em segredo de justiça! Acossados, aflitos, os socialistas tomam a iniciativa de mais uma lei para responder às necessidades imediatas - a partir de agora, o ministério público pode sobrepor-se (e substituir-se) a qualquer juiz para decretar o segredo de justiça nos processos que o justifiquem. A justificação fica obviamente ao critério do ministério público e a 'ratio legis' desta norma é básicamente a mesma que acompanha todas as leis deste país - a bem da justiça!
Caminho perigoso este que vimos seguindo, não contribui para a confiança interna, afasta o investimento externo, pois ninguém está disposto a aplicar o seu dinheiro num sítio onde as leis podem mudar a qualquer momento e sempre que algum compadre (ou confrade) estiver em maus lençóis! Se não é assim, é essa a sensação com que ficamos.
Portugal não precisa de valorizar o segredo de justiça, precisa, isso sim, de mais transparência na justiça.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Notas à margem

Vivemos tempos de tragédia. Tragédia provocada pelos elementos, chuva e vento que se abateu sobre a Madeira, tragédia que se alimenta de um país pobre e de pobre gente.
Não foi sempre assim, a história portuguesa regista momentos mais virtuosos, onde a nobreza era critério, ainda não se falava de ‘ética republicana’, felizmente, momentos em que a justiça funcionava, porque o árbitro supremo não era troféu eleitoral de ninguém.

Mas a tragédia, como disse, não se resume à Madeira, inclui a actual classe dirigente (em geral) e o primeiro-ministro em particular! Ontem mesmo, naquele programa de ‘prós e prós’, um bom exemplo de condicionamento político sobre a comunicação social, procedia-se a mais uma operação de salvamento de Sócrates! Presentes, alguns personagens para encher programa, peões de brega que preparam a faena do ‘diestro, e este a defender Sócrates de forma exaltada, face às reticências de Vicente Jorge Silva e Rui Machete.

Falou-se de tudo, de revolução francesa, de guerra civil permanente, sentiu-se a falta de um governo mundial, em livro, mas nunca ninguém questionou o actual regime político!
É assim a república, um dogma irresponsável, sem nada a ver com o estado da nação, com as desigualdades, com a justiça, que todos concordam que não existe, mas repito, nem uma palavra sobre o regime!
Afinal está tudo bem, anunciam-se sacrifícios, sabemos quem serão os penitentes, e lá fora uma algazarra de sombras (e candidatos) para ver quem controla o próximo chefe de estado.


Saudações monárquicas

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Faltam os cromos mais difíceis

Estou a escrever este postal e estou a olhar para o polvo a espernear ao ‘Sol’. Gosto dele assado com batatinhas, vejo as fotografias dos figurões (já as tinha recitado há tanto tempo…) mas há qualquer coisa que não me deixa escrever a direito, um zumbido nos ouvidos… Ah, já me lembro, era a caderneta dos cromos, dos bonecos da bola, os que faltam, os mais difíceis de encontrar, e não há para a troca, mas era preciso completar a caderneta. São jogadores discretos, de clubes modestos, tipo Oriental ou Lusitano de Évora, clubes que na altura habitavam na primeira divisão.
Olho outra vez para o polvo e lá estão eles, fotogénicos, reconheço alguns que não paravam de aparecer na televisão no auge da Casa Pia. Depois do Intendente.
À época, estavam ralados com os arguidos de pedofilia, coitados, tão indefesos, a precisarem de mais garantias processuais. Para ver se o processo chegava ao ano três mil! Está quase.
Agora passam a vida a defender o Sócrates, não vá espirrar qualquer coisa para o centenário, para os tais cromos mais difíceis, aqueles que aparecem com falinhas mansas, redondas, como se fosse a primeira vez! Palavras convergentes…
Aqui saltou-me a tampa da caneta, convergência é com o Marcelo das escolhas. Este filho de Baltazar, ministro de Salazar, afilhado de Caetano, munícipe em terras de Basto, sabe-a toda. É ele e o pai Soares, que o Vitorino não leva ninguém atrás. Sabem muito, é o que é.
Mas vamos lá ver: - em que é que o Marcelo estava a pensar quando se saiu com a convergência, leia-se bloco central, ou para encurtar razões, união nacional?!
A coisa foi pronunciada onde devia ser - Espanha, Câmara de Comércio e Indústria, com aquele cheiro a avental tão característico. Marcelo pedia a mão de Vitorino!
Senadores! Disse ele, sabendo perfeitamente que o problema dos senadores é sobreviverem do mesmo tacho que o comum dos deputados. Pares do reino (Lordes) em Inglaterra é outra coisa. Esses só têm assento se tiverem sustento fora do Orçamento de Estado. Outras contas para outra ocasião.
Voltemos à manobra de diversão marcelista para salvar o PS (e o PSD) de uma grande enrascada – o PS agradece naturalmente este habeas corpus milagroso! Com Sócrates em plena fase gonçalvista (falta só o comício de Almada), a balbuciar frases incompreensíveis, sem direito a manifestação de desagravo das mães de Portugal (com o aborto e o casamento gay não podia ser, não é), este gesto de Marcelo só pode ser recebido com enorme regozijo no seio socialista. Seio e o que mais houvesse.
Quando toca a unir os bons espíritos entendem-se. O regime sufoca, logo, a divisa está lançada – a honra pelo deficit!
E coloca-se a questão: - Será que o homem se prepara para se fazer a Belém… com o apoio tácito do bloco central?! Se for assim, o Alegre já foi. E o Cavaco aproveita para ir a banhos até Boliqueime.
Ainda temos o pai Soares e esta estranha candidatura do Nobre! Reedição Pintassilgo para dividir votos?!
Ena pá, tantas jogadas ao mesmo tempo!
Trabalhos de parto, a quarta república vem por aí, silenciosa e para impor o silêncio.
Próprio da Quaresma.

Saudações monárquicas

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Quem protege Sócrates?!

Nunca o Sol brilhou tanto em dia de chuva! Até a tabacaria do costume me falhou – ‘já não temos, mais houvesse’!
Tive que o desencantar noutro sítio, não para ler aquilo que já todos conhecemos, mas para me certificar que as notícias estavam lá, escarrapachadas, como era suposto estarem. Ou talvez fosse o prazer de andar com elas, as escutas, debaixo do braço, e ser interpelado, como fui – ‘onde é que conseguiu descobrir o jornal!’

Mas deixemos o Sol e olhemos para o título do postal: - Afinal, quem protege Sócrates?!
Ou dito de outra maneira – Quem manda em Sócrates?! Que incumbências lhe destinaram?!
Posta assim a questão, a resposta pode ser académica – quem manda em Sócrates são os eleitores, são eles que o protegem, e foram eles que o incumbiram de governar.
Um aluno mais afoito, daqueles que acabam o curso com vinte valores, poderia até acrescentar que este tipo de perguntas se pode colocar a propósito de qualquer primeiro-ministro. O que é verdade.
Porém, o que não é verdade, e não me lembro de ocorrência semelhante, é esta ‘trapalhada’ imensa onde jaz submerso o governo… e os restantes órgãos de soberania!
A que não escapa o próprio regime!
E digo isto face à desorientação geral e perante a incapacidade de encontrar uma resposta à altura das circunstâncias.
É como se não estivesse a acontecer nada de importante!
A gravidade da situação é precisamente essa.

Aqui d’el Rei!
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Nota pertinente: - Já depois de publicado este postal tomei conhecimento de uma iniciativa do Bloco de Esquerda para fiscalizar a liberdade de expressão na Madeira! Nada mais a propósito para desviar as atenções do primeiro-ministro!
Não me vou entreter com estas manobras de diversão, mas não deixa de ser curiosa a actuação do Bloco nas matérias relacionadas com a 'Face Oculta'. Pressurosos a solicitar uma comissão de inquérito (para estarem presentes e comandarem as operações) a verdade é que Louçã veio dar uma mãozinha a Sócrates por alturas da discussão do Orçamento. Disse ele dirigindo-se a Sócrates, e cito - 'se as escutas não serviram para a justiça também não servem para o Parlamento'! Uma tirada absurda, que o primeiro-ministro agradeceu naturalmente, mas que espelha duas coisas - a primeira é a eterna confusão entre justiça e política, a mesma confusão que Sócrates e o PS andam a fazer, e que as escutas acabam de provar; em segundo lugar prova-se mais uma vez que o Bloco ainda não deixou de ser o velho aliado (carbonário) do PS e do velho partido republicano... que a maçonaria controlava.
Clarinho como água.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Diógenes de esperança

Eu sou Diógenes
Nesta agonia
Uso lanterna
Em pleno dia!

Eu sou Diógenes
Nesta aflição
Neste país
Sem solução!

Procuro alguém
Que nos liberte
Que seja alguém
Que nos desperte!

Eu sou Diógenes
Mas tenho esperança
Na sua Fé
Na sua lança!

(Refrão)

Já oiço ao longe
O seu galope
Já oiço ao longe
O seu tropel
Já vejo ao longe
O seu estandarte
Azul e branco
Branco corcel!

Cingindo a fronte
Coroa Real
Já vejo ao longe
O seu sinal
Já não está longe
A sua lei
Aqui d’el Rei
Por Portugal!

sábado, fevereiro 06, 2010

A fragilidade republicana

Oiço um som cavo e profundo, como se fora o anúncio de um terramoto, vejo muita a gente a refugiar-se nas ombreiras das portas, dizem que é mais seguro, entendo o silêncio dos partidos, comprometidos com o sistema, e vejo a chefia de estado republicana paralisada, chantageada, é o próprio retrato do regime que se vai celebrando!
Quem se salva?! Em quem confiar?!
Chamo-me Diógenes em pleno dia com a lanterna na mão - Há por aí alguém?! Alguém que nos livre deste cativeiro! Deste pesadelo!
Perguntas devolvidas pelo eco da frustração, uma vida a falar sozinho, as fragilidades do regime expostas no jornal e mesmo assim ninguém percebe ou não quer perceber! Estão todos na ombreira da porta, à espera…
Curioso país este onde se cumprem as revoluções dos outros! Revoluções fora de prazo, que falharam no local de origem, encontram aqui campo para germinar. Neste quintal tudo cresce, tudo medra, à nossa escala, em pequenino, mas cresce.
Parece que é assim desde os ‘afrancesados’. Capturaram o estado, mataram o Rei e substituíram-no por um presidente da república, um alvo fácil de manipular e silenciar. Desde então andamos às voltas, e voltas, mas sempre para baixo.
Aguardemos pelas próximas baixezas…

Saudações monárquicas

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Saiam sem fazer barulho

Depois do que vem hoje publicado no 'Sol', ao primeiro-ministro José Socrates e ao seu governo não restam outras alternativas a não ser a demissão. Esta é a opinião do director daquele semanário e penso que deve ser a opinião de qualquer pessoa bem formada.
Mas não chega.
Já sabemos que foi tudo arquivado, destruído, e que no plano da estrita legalidade haverá mil argumentos para ficar tudo como está. Ou não fossem as nossas leis a escapatória ideal para quem tem poder e dinheiro e ao mesmo tempo um euro-milhões para uma elite de juristas que as fez e sabe bem o que fez.
Mas não chega porque na 'face oculta' é o país político que se revela, pois são os políticos que fazem as leis, são eles que organizam o poder, não há mais desculpas.
É por isso que a demissão do governo não chega, e não adianta agitar as bandeiras do costume. Patriotismo, união nacional, etc! Elas já não convencem ninguém. Destruidos os valores onde se alicerçava a comunidade só chega uma coisa... que há-de ser escrita nos muros da cidade: - os políticos que paguem a crise.
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Saudações monárquicas

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Num hotel de Lisboa...

Mesas próximas, feliz coincidência, uma barbie a servir de pau de cabeleira, um cafézinho ensemble para falar do que interessa, e vamos a isto - oh pá, não sejas mau para mim, porque eu tenho aqui o orçamento, vocês comem muito, há letras a vencer, e eu só quero ajudar os privados a serem cada vez menos privados... daquilo que precisam. Resolve-me o problema e eu resolvo-te os problemas. E voltando-se para os caniches de estimação - meninos, rosnem baixinho que está gente a olhar.
Estas cenas passam-se no terceiro mundo e fazem parte de um filme gasto mas que continua a ser visto e apreciado em Portugal.
Do nosso enviado especial no exilio...

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

A lição da república – o crime compensa

Ninguém sabe (até hoje) quem mandou matar o Rei e o Príncipe;
Conhecem-se os autores dos disparos, os jagunços, mas ninguém se responsabiliza pelo crime;

Ninguém sabe quem mandou matar Machado dos Santos, herói da rotunda e da república;
Conhecem-se os carrascos, cabo Olímpio, de alcunha ‘dente de ouro’, mais a sua trupe de marinheiros, mas nenhum órgão político, nenhuma organização ou confraria reivindicou o crime;

O mesmo aconteceu com Carlos da Maia e António Granjo, ministros da república e que também foram assassinados às mãos do ‘dente de ouro’;

Ninguém sabe quem mandou matar Sidónio Pais, presidente da república;
Conhece-se o autor, Júlio Costa, mas não se conhece o mandante;

Ninguém sabe quem mandou matar Humberto Delgado;
Num processo duvidoso e acintoso que visava atingir a segunda república ou justificar a terceira, apenas foi possível acusar e julgar à revelia um agente da polícia política, entretanto desaparecido, e que sabemos agora estará provávelmente inocente. É que a pistola incriminatória não foi afinal a arma do crime. O general Humberto Delgado e a sua secretária foram mortos à paulada, de acordo com o relatório forense; o estranho da situação é mais uma vez a ocultação da verdade e o silêncio;

Ninguém sabe quem mandou matar Sá Carneiro;
Sobre este assunto tudo se tem feito ao longo dos anos para manter a dúvida e a irresponsabilidade;

Este é o processo da república e das forças mais ou menos ocultas que a sustentam. Um centenário (cento e dois anos, para sermos precisos) em que foram assassinados dois chefes de estado, o príncipe herdeiro, um candidato à chefia de estado, dois primeiros-ministros, entre outras figuras, maiores ou menores, que têm algo em comum: - tornaram-se um empecilho aos desígnios de quem comanda esta marcha gloriosa para o abismo.

Mais recentemente, e a propósito de outros crimes, como os relatados no processo da Casa Pia, e por estarem indiciadas altas figuras do regime, o figurino é o mesmo - sabe-se que um funcionário da Instituição (o Bibi) praticou esses crimes mas não se sabe (e provávelmente não se vai saber) mais nada.

Publique-se e mande-se celebrar.