domingo, outubro 31, 2010

Orçamento ao Domingo

Quanto é que orça não sei
Orças tu e orço eu
Ando no vira e virei
Não sei quantos orçamentos
São dez milhões de jumentos
Mais os trocos que te dei
Quanto é que orça não sei
Nem isso me importa agora
Qualquer dia vou-me embora
É sempre a mesma cantiga
E haverá sempre quem diga
Que mil saudades deixei!

quarta-feira, outubro 27, 2010

Semicúpio

Quando o semi presidente chegou ao Centro Cultural de Belém eu vi logo que ele se ía semi recandidatar. Bastou-me ver o cortejo, a ansiedade popular, e todas aquelas figuras que aparecem nestas ocasiões! Acertei, vamos ter novo semi presidente!
Estava lá a Beleza da Fundação que Cavaco inaugurou no cinco de Outubro! Podia lá esquecer-me de obra tão republicana, tão Afonso Costa! Estava um Lobo Antunes, famosa dinastia desta terceira república! Estavam fadistas e a Manuela não podia faltar. Qual Manuela?! A das acções benfiquistas! Não estava o Marcelo que deu a notícia! Nem estava o fiel amigo e conselheiro ex-BPN! E estava a família, bastante mais complexa que as famílias reais! Porque mete compadres e comadres. Estava tudo a condizer, até o discurso, auto (semi) elogioso: - ‘onde estaria Portugal se eu não fosse o (semi) presidente da república?!’
Nem melhor, nem pior, na mesma!

Saudações monárquicas

terça-feira, outubro 26, 2010

O ‘suspense’ e o suspensório!

Esta história
Repetida,
Dividida,
Requentada
É chacota,
É batota,
Mal contada
O problema
Do dilema
É acessório
Já não sinto
Já não penso,
Estou suspenso
Aperto o cinto?!
Ou o suspensório?!

E convenhamos…
O candidato
Recandidato
É mesmo chato!

domingo, outubro 24, 2010

Concordo, mas...

Concordo com o autor, concordo com as dez medidas e concordo com os respectivos fundamentos, com um senão que explicarei no fim…

"TENHAM VERGONHA - Carta aberta a Mário Soares e a todos os políticos"

Sr. Dr. Mário Soares,
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Sou um cidadão que trabalha, paga impostos, para que o Sr. e todos os restantes políticos de Portugal andem na boa vida.
Há dias, ouvi o Sr., doutamente, nas TV's, a avisar o povo português para que não se pusesse com greves, porque ainda ia ser pior.
Ouvi o Sr. perguntar onde estava a alternativa ao aumento de impostos, aqui estou eu para lhe dar a alternativa. Aqui lhe deixo 10 medidas que me vieram à mente assim, de repente:
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1. Acabar com as pensões vitalícias e restantes mordomias de todos os ex-presidentes da República (os senhores foram PR's, receberam os seus salários pelo serviço prestado à Pátria, não têm de ter benesses por esse facto);
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2. Acabar com as pensões vitalícias e / ou pensões em vigor dos primeiros-ministros, ministros, deputados e outros quadros (os Srs deputados receberam o seu ordenado aquando da sua actividade como deputado, não têm nada que ter pensões vitalícias nem serem reformados ao fim de 12 anos; quando muito recebem uma percentagem na reforma, mas aos 65 anos de idade como os restantes portugueses - veja-se o caso do Sr. António Seguro que na casa dos 40 anos de idade já tem direito a reforma da Assembleia da República);
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3. Reduzir o nº de deputados para 100;
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4. Reduzir o nº de ministérios e secretarias de estado, institutos e outras entidades criadas artificialmente, algumas desnecessárias e muitas vezes até redundantes, apenas para dar emprego aos "boys";
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5. Acabar com as mordomias na Assembleia da República e no Governo, e ao invés de andarem em carros de luxo, andarem em viaturas mais baratas, ou de transportes públicos, como nos países ricos do Norte da Europa (no dia em que se anunciou o aumento dos impostos por falta de dinheiro, o Estado adquiriu uma viatura na ordem dos 140 mil € para os VIP's que nos visitarão);
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6. Acabar com os subsídios de reintegração social atribuídos aos vereadores, aos presidentes de Câmara, e outras entidades (multiplique-se o número de vereadores existentes pelo número de municípios e veja-se a enormidade e imoralidade que por aí grassa);
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7. Acabar com as reformas múltiplas, sendo que um cidadão só poderá ter uma única reforma (ao invés de duas e três, como muitos têm);
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8. Criar um tecto para as reformas, sendo que nenhuma poderá ser maior que o vencimento do PR;
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9. Acabar com o sigilo bancário;
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10. Criar um quadro da administração do Estado, de modo a que quando um governo mude, não mudem centenas de lugares na administração do Estado, sendo que o critério para a escolha dos lugares passe a ser o mesmo que um ministro/político adopta na escolha de um médico para lhe tratar uma doença ou lhe fazer uma operação cirúrgica ( porque nesta situação eles não vão buscar os “boys” do partido, mas sim os mais competentes, pois é a “vidinha” deles que está em jogo e não o dinheiro do erário público ).
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Com estas simples 10 medidas, a classe política que vai desgraçando o nosso amado Portugal, daria o exemplo e deixaria um sinal inequívoco de que afinal, vale a pena fazer sacrifícios e que o dinheiro dos portugueses não é esbanjado em Fundações duvidosas e em obras de fachada sumptuosas.
Enquanto isso não acontecer, eu não acredito no Sr. Mário Soares e não acredito em nenhum político desde o Bloco de Esquerda ao CDS, nem lhes reconheço autoridade moral para dizerem ao povo o que deve fazer.
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Zé do Povo
Portugal

O ‘senão’ é o seguinte: - é que se estas dez medidas fossem implementadas eu também era republicano!

Saudações monárquicas

quinta-feira, outubro 21, 2010

Leite com chocolate

A criancinha fez uma birra, ameaçou os pais e a sociedade ajoelhou-se. Os partidos, empurrados por este súbito drama estão em vias de chegar a um acordo! Vendam-se os submarinos, gritam uns, outros, mais prudentes, andam à procura de uns trocos que salvem o leite com chocolate.
Os velhinhos têm menos sorte, as pensões ameaçadas, os remédios mais caros, há que ter paciência, logo que for possível e quando passar este aperto orçamental, o bloco vai pensar neles e desfraldar a bandeira da eutanázia!
Entretanto, segundo a televisão, os mercados reagem ao segundo às notícias sobre o leite com chocolate. E lá fora, os portugueses ilustres já se pronunciaram – a uma só voz, Barroso, Guterrez, Mourinho, Ronaldo avisam - cuidado com o leite com chocolate.
‘Que estranha forma de vida’ a deste país governado por criancinhas e portugueses de fora!

segunda-feira, outubro 18, 2010

“Sem rei, nem roque”

“ (…) Portugal está sem rei, nem roque. E sem a menor esperança de que eles por milagre apareçam.”

Vasco Pulido Valente
está cada vez mais lúcido! Com efeito, perante a celebração da violência que esta terceira república nos propõe, perante o desfilar dos ‘valores republicanos à la carte’, que não têm qualquer relação nem com a história nem com a realidade, e perante a questão do regime que a oligarquia tenta disfarçar com intermináveis discussões económicas e financeiras, a tudo isso se referiu VPV com pontaria e conhecimento de causa. Faltava apenas concluir e a conclusão lógica está na frase (desesperada) que encima este postal. Escrita por ele na sua penúltima crónica!

Pois bem, a questão é política, ou se quiserem, do foro psiquiátrico, e não tem nada a ver com a aprovação deste orçamento. Ainda que o orçamento fosse um instrumento construído com seriedade e bom senso, o problema seria sempre levá-lo à prática. E bem diz Medina Carreiracom estes actores políticos, com estes partidos, e com as forças clientelares (e ocultas) que os manobram, vamos continuar direitos ao abismo. E tem razão.

Uma última nota de humor para mais uma jogada do PS, mais uma politiquice eleitoral para distrair o pagode e ‘entalar’ o PSD - refiro-me ao pseudo-projecto de revisão constitucional onde brilha a consagração de mais um direito que nenhum governo sério pode garantir! Se o que temos que fazer é retirar os direitos absurdos que infestam a actual constituição, esta iniciativa do PS só pode ser para rir... ou chorar a triste sorte de sermos contemporâneos desta gente.

Saudações monárquicas

quarta-feira, outubro 13, 2010

Passos Coelho e o Zepelim

Um assunto tão sério só pode ser levado a brincar!
Antes de ontem foram os ex-presidentes da república, três tenores qual deles o mais vibrante, ontem foram os grandes empresários, qual deles o mais grave, hoje foi a romaria dos banqueiros, qual deles o mais off-shore! Mas todos estes dias, já se contam semanas, as preces sobem de tom e ameaçam – assina, Passos Coelho, viabiliza o orçamento, ‘você pode-nos salvar’!
Esta história lembra-me uma cantiga de Chico Buarque de Holanda sobre um Zepelim que ameaça destruir a cidade a não ser que... uma pobre rapariga se preste a violentar a sua natureza! Satisfeito o ultimatum, salva a cidade, tudo regressa ao mesmo.

Para lá das cantigas existe um orçamento ‘que não toca nem na gordura do estado nem nos interesses da oligarquia’ (palavras de um empresário socialista) e existe uma grande parte da população que não se sente mobilizada para fazer mais sacrifícios por este país. Ou será por este regime?! Seja como for, aconteça o que acontecer, Portugal há-de continuar.

terça-feira, outubro 12, 2010

Esperança de vida presidencial!

Estavam três presidentes mas tudo indica que num próximo programa (não muito longínquo) estejam mais, com mais mordomias, e mais despesa a recair sobre o orçamento de estado. Sem falar nos gastos com as eleições, que servem apenas para dividir os portugueses. Com efeito, e como também se verifica, os presidentes são considerados irresponsáveis pela situação a que chegámos (à boa maneira da realeza) pois todos são invariávelmente contemplados com palmas e sorrisos embevecidos!
Já ninguém se lembra que Ramalho Eanes protagonizou uma experiência partidária frustrada e frustrante, já ninguém se lembra que foi Sampaio quem entronizou José Sócrates, e já ninguém se lembra da descolonização apressada que Mário Soares incentivou para nos lançar nos braços de uma união europeia em que o próprio já não acredita!
Portanto se o assunto é reduzir despesa inútil por causa da dívida insustentável, talvez fosse melhor regressarmos à monarquia, fica mais barato, sustentamos só uma família, e é outro asseio. Sempre são oito centenários de experiência.. e alguns desses centenários até foram gloriosos. É uma sugestão.

Saudações monárquicas

sexta-feira, outubro 08, 2010

Notícias da quadratura

Às vezes apetece-me participar na ‘quadratura do circulo’, mas não posso, não me deixam, é melhor assim. A sentença que me obriga a escrever (para desabafar) é de António Costa: - já não existe uma questão de regime! A monarquia é assunto encerrado!
Baseia tal conclusão no facto de não ter havido nenhuma manifestação monárquica importante durante estes dias de Outubro! Ou seja, para António Costa o país é totalmente republicano e esta é mais uma das conquistas do centenário! Uma espécie de fim da história a verde rubro! À pergunta sobre quem tinha sido o autor de tal façanha, Costa inclinou-se para Mário Soares enquanto os seus parceiros (de programa) se inclinavam para Salazar… com mais tempo de casa!

Ora bem, em relação a isto tenho a dizer o seguinte:

1. O primeiro ‘republicano’ que afirmou (publicamente) que Portugal já não tinha uma questão de regime, foi Marcelo Caetano! Tendo sido de imediato repreendido por Salazar que lhe explicou que o estado novo (segunda república) devia a sua sobrevivência a um conjunto de expectativas e uma delas consistia em dar algumas esperanças aos monárquicos. Noutro contexto e muito antes disso já o Rei Dom Carlos tinha brincado com o assunto dizendo que era o único monárquico da freguesia de Alcântara. Na altura Dom Carlos vivia no Palácio das Necessidades.

2. Mas António Costa ao decretar o fim da ideia monárquica tomando como base a visível escassez de simpatizantes monárquicos também poderia ter reparado que no arraial republicano a situação não era melhor! Para além do desinteresse geral sobre a data, sobressaiu, e de que maneira, a ignorância sobre o assunto. E isto leva-nos ao terceiro ponto, leva-nos até à propaganda.

3. Na propaganda em favor da ignorância política o regime republicano foi de facto eficaz! E António Costa prolonga o embuste exercitando a quadratura do círculo: - para ele vivemos no melhor dos regimes, a nossa constituição é óptima, e os nossos problemas são outros – temos problemas financeiros, económicos, educativos, judiciais, políticos, etc., ou seja, temos problemas com tudo aquilo que define um regime!

Saudações monárquicas

quarta-feira, outubro 06, 2010

“A república que produziu Salazar”

(5 de Outubro de 2010 - Por José António Saraiva)

(Os republicanos não faziam a menor ideia do que era governar, criando todas as condições para o aparecimento de um Messias)
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As comemorações do primeiro centenário da República, em que esta é apresentada como a salvação de um país envolto no mais negro obscurantismo, criarão nos espíritos menos avisados a ideia de que I República foi um mar de rosas. Ora não pode haver ideia mais enganadora.
O regime republicano, em lugar de salvar Portugal, mergulhou-o numa crise profundíssima, criando todas as condições para o aparecimento de um Messias.

Os republicanos e os seus sucessores detestam Salazar. Ora Salazar não surgiu do nada. A subida de Salazar ao poder e o seu longuíssimo consulado explicam-se pelo estado desgraçado e caótico em que a I República deixou o país.
Do ponto de vista económico, do ponto de vista financeiro, do ponto de vista da ordem pública, do ponto de vista do prestígio do Estado, em suma, de quase todos os pontos de vista, a República foi uma autêntica calamidade.
Comecemos por um tema pouco abordado, até por ser incómodo: a violência.

A partir de meados do século XIX, a violência parecia definitivamente afastada da vida política portuguesa. Depois das desgraças da guerra civil e dos tumultos militares da primeira metade do século, Portugal parecia ter entrado na rota da acalmia e do progresso. Mas a República, de mãos dadas com a Maçonaria e a Carbonária, trouxe a violência de volta.
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A coisa começou em 1908, com o assassínio do Rei e do príncipe herdeiro. O 5 de Outubro nem foi violento - e a Monarquia caiu quase sem sangue. Mas a partir de 1915 é que foram elas. Nesse ano deu-se a revolta que depôs Pimenta de Castro e fez mais de 100 mortos, depois foi o atentado contra o chefe do Governo João Chagas, os assaltos aos estabelecimentos em Maio de 1917 que provocaram mais de 50 vítimas, a Leva da Morte, o assassínio de Sidónio Pais, a Noite Sangrenta com as suas rondas da morte e o massacre de alguns fundadores da República desiludidos com o regime como António Granjo, Machado Santos e Carlos da Maia - isto sem contar com um sem-número de revoltas que provocaram mortos e feridos e em certos períodos atingiram um ritmo semanal.

E, como ponto alto deste período marcado pela violência civil e militar, temos a famosa carnificina da Flandres, que custou ao país 15 mil mortos de jovens na flor da idade, mandados para a frente de combate pelo fervor ideológico de Afonso Costa e seus companheiros.

Perante este quadro negro, o movimento militar de 28 de Maio e a ocupação do poder pela tropa, e sobretudo a subida de Oliveira Salazar à chefia do Governo, seis anos depois, foram recebidos com um suspiro geral de alívio. Finalmente o país tinha paz!

A República fundou-se em duas ideias, ambas erradas: que as causas do atraso de Portugal estavam, em primeiro lugar, na existência de uma Monarquia, e em segundo lugar na influência da Igreja Católica.

Ora, que a existência de uma Monarquia não impedia o progresso, provava-o o facto de países avançados como a Inglaterra, a Bélgica ou a Holanda não precisarem de depor a Coroa para se desenvolverem.

Mas os republicanos só tinham olhos para França e acreditavam piamente que Portugal era atrasado porque tinha um Rei - o qual protegia os padres, que tinham uma influência nefasta sobre o povo.

Assim, a primeira coisa que os republicanos fizeram, depois de deporem a Monarquia, foi perseguir a Igreja, confiscar-lhe os bens, acabar com o ensino religioso e, de uma forma geral, afastar a Igreja Católica da área do poder e influência.

Só que, depois de terem feito tudo isso, os republicanos concluíram com angústia que o país não se desenvolvia, pelo contrário, definhava. Ou seja, verificaram que o país não era atrasado por causa do Rei e dos padres mas por outras razões.

A República fez com que Portugal se tornasse mais pobre porque o clima de instabilidade política e de violência assustou os industriais e os banqueiros, travando os investimentos e dizimando os poucos embriões de um Portugal moderno que existiam no princípio do século XX.

Na segunda metade do século anterior o país tinha conhecido efectivamente um certo desenvolvimento, tendo surgido um grupo de industriais e banqueiros com espírito capitalista - Alfredo da Silva, Burnay, Sotto Mayor, etc. - que prenunciava a entrada de Portugal nos tempos modernos. Ora estes embriões de um país desenvolvido foram dizimados no tempo da I República, levando o país a andar para trás.

Perante um quadro tão negro, Salazar, quando subiu ao poder, tinha tudo para vencer. Bastava-lhe fazer exactamente o contrário do que fizera a República, ou seja: restabelecer a ordem pública e a autoridade do Governo, equilibrar o Orçamento, normalizar as relações com a Igreja. Salazar só não restaurou a Monarquia porque, embora sendo monárquico, viu que isso não era decisivo e ia criar uma polémica desnecessária.

Além disso, Salazar percebeu que, à falta de uma classe empresarial, tinha de concentrar no Estado o desenvolvimento do país. Finalmente, substituiu o internacionalismo republicano, assente em ideias importadas de fora, por um nacionalismo intransigente.

Com estas ideias e uma grande eficácia na acção, Oliveira Salazar teve logo de início um apoio popular enorme. O que se percebe. No próprio ano em que assumiu a pasta das Finanças (1928) equilibrou as contas públicas e recusou um empréstimo da Sociedade das Nações, considerando as condições humilhantes para Portugal. Por isso foi designado o mago das Finanças .

E rapidamente restabeleceu a ordem pública, tornando Portugal de facto um país de brandos costumes . É certo que o fez à custa de uma Polícia política execrável, da proibição dos partidos, da censura à imprensa e do mais que sabemos. Mas, para termos uma ideia comparativa, durante o período que durou o Estado Novo foram mortos ou morreram na prisão 50 militantes do PCP (o partido mais fustigado pela PIDE). Isto, note-se, em 48 anos. Ora este número de mortos era frequentemente alcançado numa só noite, nas constantes revoltas que marcaram o tempo da I República.

O prestígio de Salazar ainda aumentaria quando, no princípio dos anos 40, evitou a entrada de Portugal na II Grande Guerra. Aí, tornou-se um Santo . E, mais uma vez, fez o contrário do que tinham feito os republicanos: onde estes tinham mandado os soldados para a Flandres, mal equipados e pior armados, para servirem de carne para canhão, ele seguiu o caminho oposto - e não só optou pela neutralidade como convenceu o vizinho Franco a fazer o mesmo. E em plena guerra na Europa ainda arranjou forças para organizar em Lisboa a grande Exposição do Mundo Português (1940).

Da fugaz I República ficaram pois, quase exclusivamente, as boas intenções. A intenção de educar o povo, de proteger o povo, de contar com o povo. Mas esse mesmo povo abandonou a República no primeiro momento, talvez pensando que de boas intenções está o Inferno cheio.

Isto também explica que a República tenha durado uns escassos 16 anos, enquanto o período seguinte (1926-74, dominado por Salazar entre 1928 e 1968) durou uns longos 48 anos, ou seja, três vezes mais.

Tudo somado, pode dizer-se que a I República não deixou saudades. E se hoje se comemora com tanto fervor é mais por razões ideológicas – e porque no poder está o partido que herdou a tradição republicana, o Partido Socialista - do que pelas virtudes que mostrou."

Comentário: - Um excelente resumo dos acontecimentos e acessível a todas as bolsas! Nem é preciso ter ido à escola. Contém como não poderia deixar de ser a impressão digital do autor, algumas opiniões são discutíveis, há aspectos de que discordo, mas as grandes verdades estão à vista de todos. Aliás, estas comemorações destinavam-se (destinam-se) a prolongar a propaganda da primeira república, porém, face à crise que atravessamos e à impossibilidade de ‘empastelar’ todos os jornais e todas as consciências, aconteceu aos ‘herdeiros do implante’ aquilo que às vezes acontece – ‘foram buscar lã e acabaram tosquiados’!

Mais dois palpites da minha autoria:
1 - Salazar enganou-se ao considerar que a monarquia não era decisiva (como diz JAS) para o sucesso de Portugal. Como se veio a demonstrar depois. A verdade é que somos hoje um dos países mais atrasados da Europa e não éramos em 1910.
2 – Não sabemos ainda hoje se Salazar era monárquico, nem tão pouco se era católico. O que sabemos é que estabeleceu vários pactos de sobrevivência e um deles foi com a maçonaria. Daí nunca ter tocado na bandeira republicana que leva as cores do ‘grande oriente lusitano’ e da carbonária. Se tivesse as mãos livres teria restaurado (pelo menos) as cores de Portugal.

terça-feira, outubro 05, 2010

Aconteceu em Outubro

Aconteceu propaganda
Não estava quente nem frio
Assomado a uma varanda
Eu vi um homem vazio!

Puxava por um cordel
Tinha na ponta um anzol
Era verde como o fel
Vermelho como um espanhol!

Cá em baixo no palanque
Todos se deixam pescar
São os filhos do implante
Que já não sabem nadar!

Cai a tarde no rossio
No arraial verde rubro
Perpassa um leve arrepio...
Aconteceu em Outubro!

domingo, outubro 03, 2010

Não erres o alvo

Desta vez tens que afinar a pontaria, não podes falhar, não podes passar a vida a dar tiros nos pés! Por exemplo, quando a Fundação Mário Soares se enfeita com a frase - “Enfim, a república” – tu tens que saber ler o que lá está escrito, não podes continuar a ser enganado, é preciso (é urgente) estabelecer algum nexo de causalidade entre o regime que temos e a situação a que chegámos.

O mesmo se passa quando te dizem que a ‘constituição dos trezentos artigos’ não tem nada a ver com as nossas actuais dificuldades! Ora isto é uma enorme mentira. Uma constituição (lei fundamental, como lhe chamam) que suspende a democracia por seis meses, que impede o povo de se pronunciar numa altura de crise como esta, é obviamente uma constituição que não interessa, que bloqueia o desenvolvimento do país, e que foi escrita (e revista) para salvaguardar (apenas) o poder de uma minoria. E daqui não podes sair.

Mas há mais, está convocada uma manifestação contra o pacote de austeridade, o que é razoável. Pois bem, em lugar de marcarem a dita manifestação para o 5 de Outubro, de forma a apanharem a ‘malta do palanque’ em flagrante delito, não, convocaram-na para o dia 24 de Novembro, data em que faz anos a minha irmã! Outro tiro em falso, mas não importa, sai tu à rua no 5 de Outubro e manifesta-te contra os verdadeiros responsáveis pela situação.

Para começar, não era de todo mal pensado manifestares-te contra o pai (e padrinho) do regime – o intangível Mário Soares! Que vem agora dizer que se não aprovamos o pacote ‘o país vai a pique’! Enquanto ele continua, alegremente, a celebrar o centenário!
O Sampaio é outro que tal! Outro que lamenta que ‘o país tenha perdido a esperança’! Mas foi ele que dissolveu um parlamento (onde havia uma maioria) para pôr lá o Sócrates com a desculpa das trapalhadas! Outra mentira. Nessa altura a Casa Pia falava mais alto e era preciso safar os amigalhaços!

E finalmente manifesta-te contra o Cavaco. Sim, contra o actual presidente da república e não tenhas medo que não te pode acontecer pior! Quando estiver a discursar sobre o ‘implante’, manda-o calar e explica-lhe que celebrar a suposta superioridade da república sobre a monarquia (monarquia que nunca comemorou centenários) é um disparate, mas é sobretudo uma ofensa ao passado. E é também um acto profundamente divisionista para quem se afirma presidente de todos os portugueses. Para além disso não é hora para celebrar coisa nenhuma. E esclarece-o de uma vez por todas que é ele, na qualidade de chefe de estado republicano, e não o governo, o primeiro responsável pela situação em que vivemos. Se não perceber, paciência, tu é que não podes continuar a errar o alvo.


Nota sobre o concerto dos U2: - 42 mil a assistir! Tudo a preços ‘baratinhos’! Dinheiro que não custa a ganhar só pode vir do orçamento de estado. Quer dizer que ainda há muita folga para aumentar impostos e reduzir despesa. É só isso, de resto, divirtam-se. Os U2 são bons músicos, nada a objectar, quanto à mensagem, teríamos que conversar.