Roubei o título ao José Cid mas
foi só o título porque a crónica segue longe, muito longe, de um romance para a
vida! Estamos no terreno lamacento da política, da política à portuguesa. Ontem
ainda havia uma certa esperança, a esperança de que o presidente da república
fizesse jus ao semi presidencialismo constitucional, hoje porém rendeu-se a
António Costa, e indigitou-o para formar governo.
Costa ganhou este primeiro
combate e tudo indica que será incensado nos corredores do palácio do Rato, mas
o país permanece em silêncio e o mais provável é que depois de um golpe bem
sucedido, as pessoas caiam em si e olhem o dia de amanhã com mais dúvidas do
que certezas.
O regime mudou, as contradições e
os choques que esta crise revelou puseram a nu aquilo que havia sido escondido
ou dissimulado para manter de pé o tal arco da governação. No fundo a alternância
no poder de dois partidos iguais - o PS e o PSD. Costa acabou com isso. A alternância
no futuro será entre a esquerda e a direita, uma direita que actualmente
não existe mas que Costa inevitávelmente convocou.
A lei eleitoral terá obrigatóriamente
de ser reformulada, para cumprir a constituição, e o semi presidencialismo será clarificado. O regime ou resvala de vez para o parlamentarismo,
ou então, o que é menos provável, acentua a sua vertente presidencial. Neste meio-termo
não fica. A monarquia depois do pó assentar e do cansaço que a crise permanente
há-de provocar, poderá ter a sua vez. A alternativa é novamente um regime de chanceler com outro Salazar.
Saudações monárquicas
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