segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Resignação

Resignação é um dia
Em que os braços ficam lassos
E a cabeça rodopia…

É altura de parar
Correr o pano, fechar
Inventar outra mania

Adeus pátria desalmada
Minha triste namorada
Vim dizer-te o que sobrou:

Portugal dos pequeninos
Terra de muitos reizinhos
O interregno acabou!

Republicano de alcunha
Vou partir prá Catalunha
Levo a mesma fantasia

Levo Deus e a sua lei
A liberdade da grei
Levo toda a monarquia!

E se um dia houver um dia
Grande milagre, magia,
A primavera chegar...

Seja em Outubro ou Setembro,
Num primeiro de Dezembro


Eu conto ainda voltar!



(Nota: Os versos nunca estão prontos. Estes estão ainda em obras.
 Acabamentos, porque a essência não muda.)



Folha de obra

Foi com alguma dificuldade que terminei a ‘resignação’ sendo que ainda é possível fechar a varanda ou pôr uma escada interior. Trabalho feito em três dias, á vista de todos. Arquitecto em rimas, prosa às tirinhas, poemas, o maior obstáculo consistiu em meter num terceto a essência do regime monárquico e o prejuízo da perda. No caso português, como é óbvio. A deriva catalã explica-se porque o príncipe é condição necessária para a independência. Embora possa não ser suficiente. Considerar Deus e a sua lei uma fantasia também não é fácil. A palavra utopia é uma alternativa possível. Espero no entanto que a contradição do discurso possa transformar ou inverter tudo isso. É uma questão de leitura. O mais importante é que a ideia e o ritmo se mantenham. 

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