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sábado, agosto 11, 2007

Miguel Torga

“Esperança

Tão fiel que te fui a vida inteira,
E deixas-me na hora da verdade!
Eras a minha própria liberdade,
O meu anjo da guarda vigilante.
E quando, confiante,
A namorar o mundo na paisagem
E a ver em cada verso a tua imagem
Sorridente,
Eu porfiava em alcançar a meta
Do longo e penitente
Caminho de poeta
A que fui condenado,
Sinto-me de repente
Abandonado.
Sem a razão
De ter inspiração,
Traído,
Desmentido
E desesperado.”

Coimbra, 30 de Janeiro de 1986

In “Diário”

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