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quarta-feira, abril 02, 2008

Soneto

“Auto-retrato”

Poeta é certo mas de cetineta
Fulgurante de mais para alguns olhos
Bom artesão na arte da proveta
Narciso de lombardas e repolhos

Cozido à portuguesa mais as carnes
Suculentas da auto-importância
Com toicinho e talento ambas partes
Do meu caldo entornado na infância

Nos olhos uma folha de hortelã
Que é verde como a esperança que amanhã
Amanheça de vez a desventura

Poeta de combate disparate
Palavrão de machão no escaparate
Porém morrendo aos poucos de ternura.


José Carlos Ary dos Santos

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