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segunda-feira, julho 14, 2008

Restos de família

Não procurem aqui a verdade das ciências ou a fé das religiões, isto é um diário de emoções, são os instintos à solta e algumas necessidades cartesianas - opino, logo existo. Nada mais. Hoje preciso de falar na família, no conceito que herdei, que me dá jeito, e que Sócrates (o primeiro-ministro) também parece defender! Quem diria. Foi sem querer, eu sei, serviu apenas para denunciar a opositora, que não deu pelo anzol que o liberalismo mordeu e onde ainda se debate.
Manuela e Sócrates não se distinguem neste aspecto, filhos dilectos de Rousseau, ambos se conjuraram para destruir a família patriarcal, onde a comunhão e a solidariedade estavam presentes para além da consanguinidade. Para além da procriação. Era um conceito inclusivo e abrangente, não tinha a ver com os valores efémeros de cada época, consubstanciava uma realidade duradoura. Porém, a miragem do homem anjo, pré-familiar (!), as necessidades (comerciais) de conquista do poder pela burguesia, destronaram a família real - arquétipo e representação política familiar - e nesta contingência todas as famílias se desmoronaram.
Entre os escombros subsistem os restos do antigo agregado mas a confusão está instalada – a (avó) Manuela aprisiona a família na procriação enquanto Sócrates insinua abrangência para a contrariar! Mas não têm (não temos) sorte nenhuma, o mais certo é acabarmos a vida num lar, sem família por perto… sanguínea, ou outra.

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