Por ter visto muitos filmes de cow boys a minha vizinha quer casar com o cavalo. Não é bem cavalo é uma mula mas a senhora já tem uma certa idade e não liga a esses pormenores.
Tentei dissuadi-la, já lhe expliquei que nos filmes é uma coisa e que a realidade é outra, mas não adianta, insiste, alega que estou a discriminá-la e sem mais explicações levou o assunto à dona fátima e ao seu programa de prós e contras. Que é afinal para isso que ele serve – para debater causas fracturantes, temas que o governo teime em regular e que possam distrair os portugueses dos seus problemas reais.
E assim foi, seguindo o formato habitual, convocaram-se o mesmo número de prós (os defensores do casamento da minha vizinha) e o mesmo número de contras (os que achavam que o estado não devia regular tal materia, mais os que achavam que a televisão pública deveria ter critérios mais rigorosos para gastar o dinheiro dos contribuintes, mais os que pensavam que o estado e a televisão pública deveriam reflectir os valores fundacionais, mais aqueles que acham que o casamento é uma instituição séria, fonte de vida e base da família, e ainda uns quantos que defendiam o internamento da minha vizinha, e acusavam a dona fátima, e a televisão pública, de servirem os interesses eleitoralistas do governo socialista).
Postos os contendores em igualdade de circunstâncias, foi obtido o primeiro desiderato dos defensores da minha vizinha, a saber: o seu caso não era um assunto da esfera privada mas sim um assunto de estado, e que cabia ao mesmo estado regular!
E o que a senhora reivindicava tinha afinal a grandeza dos grandes combates pela liberdade e contra a discriminação! E não faltou quem ousado e solene afirmasse que o direito da minha vizinha poderia pôr em causa, se necessário fosse, os próprios alicerces da comunidade!
Sob a imparcialíssima arbitragem da dona fátima, o debate prosseguiu, equilibrou-se, desiquilibrou-se, até à completa negação da natureza humana – para os erros da natureza cá estamos nós os homens para os corrigir!
E a minha vizinha casou com o cavalo!
Hoje em dia oiço-a relinchar infeliz, e quanto à mula, foi-se embora, disse que não foi feita para aquilo.
Tentei dissuadi-la, já lhe expliquei que nos filmes é uma coisa e que a realidade é outra, mas não adianta, insiste, alega que estou a discriminá-la e sem mais explicações levou o assunto à dona fátima e ao seu programa de prós e contras. Que é afinal para isso que ele serve – para debater causas fracturantes, temas que o governo teime em regular e que possam distrair os portugueses dos seus problemas reais.
E assim foi, seguindo o formato habitual, convocaram-se o mesmo número de prós (os defensores do casamento da minha vizinha) e o mesmo número de contras (os que achavam que o estado não devia regular tal materia, mais os que achavam que a televisão pública deveria ter critérios mais rigorosos para gastar o dinheiro dos contribuintes, mais os que pensavam que o estado e a televisão pública deveriam reflectir os valores fundacionais, mais aqueles que acham que o casamento é uma instituição séria, fonte de vida e base da família, e ainda uns quantos que defendiam o internamento da minha vizinha, e acusavam a dona fátima, e a televisão pública, de servirem os interesses eleitoralistas do governo socialista).
Postos os contendores em igualdade de circunstâncias, foi obtido o primeiro desiderato dos defensores da minha vizinha, a saber: o seu caso não era um assunto da esfera privada mas sim um assunto de estado, e que cabia ao mesmo estado regular!
E o que a senhora reivindicava tinha afinal a grandeza dos grandes combates pela liberdade e contra a discriminação! E não faltou quem ousado e solene afirmasse que o direito da minha vizinha poderia pôr em causa, se necessário fosse, os próprios alicerces da comunidade!
Sob a imparcialíssima arbitragem da dona fátima, o debate prosseguiu, equilibrou-se, desiquilibrou-se, até à completa negação da natureza humana – para os erros da natureza cá estamos nós os homens para os corrigir!
E a minha vizinha casou com o cavalo!
Hoje em dia oiço-a relinchar infeliz, e quanto à mula, foi-se embora, disse que não foi feita para aquilo.
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