Páginas

sexta-feira, outubro 02, 2009

Dois galos na capoeira

Hoje, na Sociedade Civil (canal 2) falou-se de monarquia. Monarquia versus República. Aliás começa a falar-se de monarquia com mais frequência e os recentes desaguisados entre Belém e São Bento terão certamente contribuído para isso.
O debate, bem moderado, reuniu António Reis, grão mestre da maçonaria, Inês Pedrosa, republicana convicta, Adelino Maltez, monárquico da ala liberal e um jovem que representava a Causa Real, e cujo nome me escapou. Mas deixou boa impressão! Bem preparado, bem informado, bem educado, conseguiu até dialogar com a ignorância (e algo mais que a ignorância) da dita Inês, um produto acabado da intoxicação republicana!
Cheio de paciência, o jovem monárquico tentava explicar-lhe que esta crise institucional tem a ver com o regime e não com as qualidades melhores ou piores deste ou daquele presidente da república. Porque é muito difícil arbitrar um jogo em que também jogamos. Não se trata apenas de despir a camisola na tentativa de sermos imparciais. A verdade é que procuramos uma nova eleição e isso obriga-nos a jogar. Mas a Inês não percebeu.
Por isso talvez fosse preferível dar-lhe um exemplo mais simples, mais terra a terra. Inclusivé, um exemplo republicano!
Chamar-lhe a atenção, que no caso português, o conflito institucional entre presidente e primeiro-ministro é inevitável.
Porquê?!
Porque os nossos brilhantes constitucionalistas, os pais da constituição de Abril, nem para a república foram bons! Fabricaram uma coisa chamada semi-presidencialismo, que na prática produz um presidente da república e um primeiro-ministro com a mesma legitimidade democrática! Ou seja, ambos se reclamam de terem sido eleitos pelo povo. Dir-se-á que os deputados é que foram eleitos directamente e que o primeiro ministro é um resultado desse primeiro escrutínio. Mas isso é um sofisma, outro sofisma republicano, porque na realidade os portugueses que foram votar no Domingo, não foram escolher deputados, foram escolher o próximo primeiro-ministro.
Assim, ou até com um desenho, talvez a Pedrosa lá chegasse.

Sem comentários:

Enviar um comentário