Há
duas formas de falar nas comemorações do chamado '25 de Abril'.
Uma, mais genérica, universal, e que não precisa de pandemias,
condena sempre a celebração nacional de acontecimentos que possam dividir os
portugueses. E como no golpe militar de 1974 houve vencedores e
vencidos, nunca é de esperar que os vencidos gostem ou sejam
obrigados a gostar da sua derrota. Quanto mais celebrá-la! Isto é
tão óbvio que me dispenso de mais explicações.
A
outra forma é a que tem sido seguida pelo regime implantado em 1910,
e que consiste naquilo que sabemos - todos os dias são bons para
reabrir feridas, achincalhar os vencidos, numa sucessão de golpes e datas triunfais, que se vão anulando umas às outras, e apenas revelam a
fragilidade das respectivas vitórias e da própria república.
Chamei
Orwell à colação porque o seu 'Triunfo dos porcos' é a alegoria
exacta para descrever o que provávelmente se irá passar na
Assembleia da República no próximo 25 de Abril - uma
celebração ideológica, quase confessional, cujo livro sagrado é uma constituição que na sua essência é indiscutível e imutável. A imutabilidade destina-se a perpetuar a actual clique no poder. Quem lá for nesse dia ou pertence à seita ou é conivente. Não há outra justificação e sempre foi assim.
Se
não fosse, o meu texto e o título que pedi emprestado, estariam errados.
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