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sábado, abril 18, 2020

Abril e o 'triunfo dos porcos'


Há duas formas de falar nas comemorações do chamado '25 de Abril'. Uma, mais genérica, universal, e que não precisa de pandemias, condena sempre a celebração nacional de acontecimentos que possam dividir os portugueses. E como no golpe militar de 1974 houve vencedores e vencidos, nunca é de esperar que os vencidos gostem ou sejam obrigados a gostar da sua derrota. Quanto mais celebrá-la! Isto é tão óbvio que me dispenso de mais explicações.

A outra forma é a que tem sido seguida pelo regime implantado em 1910, e que consiste naquilo que sabemos - todos os dias são bons para reabrir feridas, achincalhar os vencidos, numa sucessão de golpes e datas triunfais, que se vão anulando umas às outras, e apenas revelam a fragilidade das respectivas vitórias e da própria república.

Chamei Orwell à colação porque o seu 'Triunfo dos porcos' é a alegoria exacta para descrever o que provávelmente se irá passar na Assembleia da República no próximo 25 de Abril - uma celebração ideológica, quase confessional, cujo livro sagrado é uma constituição que na sua essência é indiscutível e imutável. A imutabilidade destina-se a perpetuar a actual clique no poder. Quem lá for nesse dia ou pertence à seita ou é conivente. Não há outra justificação e sempre foi assim. 

Se não fosse, o meu texto e o título que pedi emprestado, estariam errados.


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