Pois é verdade, na segunda vez que vai a eleições o Chega de André Ventura conseguiu aquilo que se julgava impossível – acabar com a ditadura socialista no arquipélago dos Açores! Ou era o César, ou era o Cordeiro, ou era o filho do César que já se perfilava numa curiosa sucessão dinástica, era socialismo a mais.
Mas eis que chega o Ventura e acabou-se a marmelada. Numa conjuntura muito difícil, o Chega conseguiu eleger dois deputados, um por São Miguel, outro pelo 'circulo compensação', circulo que considera o somatório global dos votos em cada partido*. Quanto ao PS se é verdade que ainda conseguiu ganhar também é verdade que perdeu a maioria absoluta, situação que já durava há mais de vinte anos! E desta vez os seus amiguinhos da geringonça não lhe podem valer. O PCP desapareceu e o Bloco não chega. Nesta realidade só alguma tentação do CDS poderá evitar uma maioria de direita no Parlamento açoriano. Mas pelo alarido do Chicão, que não se cansou de cantar vitória, não me parece que os centristas locais tenham lata para isso. Se tiverem é o fim do CDS.
Verdade seja dita que também não será fácil construir uma geringonça de direita. Nem creio que seja útil, quer para os Açores, quer para a autonomia, quer para os partidos que chegam agora ao hemiciclo. Que precisam de crescer e de mostrar o que valem. O melhor mesmo é deixar o Cordeiro a governar em minoria sujeito a uma fiscalização apertada do parlamento açoriano.
Uma referência final para a resistência do PPM em algumas ilhas um bom exemplo para o que podemos fazer no continente em termos de 'zonas livres' do socialismo. Que é sempre laico e republicano.
*circulo de compensação é uma ideia que devia ser também posta em prática no continente. Basta lembrar os votos perdidos pelos pequenos partidos nos círculos eleitorais onde se elegem poucos deputados. Exemplos: Portalegre, Beja, etc.
Saudações monárquicas
Adenda: Ouvi atentamente o testemunho de um dos médicos intensivistas que trabalham no Hospital São João do Porto. Um testemunho lúcido de quem mete todos os dias 'a mão na massa', como é uso dizer-se. Alertou para a responsabilidade de todos nestes momentos cruciais do combate à pandemia salientando que o que se passou este fim de semana no Algarve não pode acontecer.
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