domingo, setembro 05, 2021

Cenas de fim de festa

 

No centro do palco estão as memórias de Balsemão! Partilhadas por todos, elogiadas por todos, uma verdadeira romaria. Está ali o socialismo em peso. O que vai à Missa, e o que não vai. Revelações de monta não há nem pode haver, pequenas farpas apenas. Nada que estrague o arranjinho da terceira república. Hoje bazuka pra mim, amanhã bazuca pra ti, que o patrão é o mesmo e a falência é certa.


Do lado esquerdo temos o museu e o folclore. Jerónimo de Sousa e a festa do Avante encarnam o guião. Há farturas e música. Animais e plantas. Marcelo ainda não chegou. Mantendo as distâncias seguem-se os comunicados da DGS e os preparativos para a próxima dose. Ao fundo vêem-se portugueses felizes a ser vacinados.


À direita do palco está um armário! Móvel que o nosso tempo transformou em divã de intimidades. Desta vez calhou a vez a Rangel! Desvalorizou o assunto mas o assunto não se desvaloriza. Paulo Rangel não é um político qualquer, ainda alimenta pretensões de liderança no PSD e o seu eleitorado não é o do bloco de esquerda. O próprio Rangel sabe que perdeu votos e sabe que a vida privada de um político contamina sempre a sua vida pública.


Mas todos os males fossem estes para os potenciais eleitores do PSD! A verdade é que continuam à espera de um milagre: - esperam que a social democracia dê um dia á luz um partido de direita! Um parto impossível e além do mais contra natura. Porque quem se afirma social democrata não pode afirmar-se ao mesmo tempo de direita. E se o faz está a mentir a si próprio e aos eleitores.


Aliás esta é a grande fraude da terceira república que como sabemos nasceu inclinada para a esquerda e nunca mais se endireitou. E há grandes responsabilidades de muita gente (e de muitas memórias) nesta confusão propositada.

Neste aspecto e à sua maneira o Chega tem contribuído para alguma clarificação do nosso espectro partidário. Mas ainda não chega.

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