"O Laicismo
Chama-se laicidade à separação entre a Igreja e o Estado. Cada uma destas instituições tem as suas normas e leis próprias independentes uma da outra, sem que isso signifique qualquer antagonismo. Pode mesmo haver entendimento e cooperação, regulados através de tratados vulgarmente chamados de “Concordatas”.
Assim sendo, um Estado laico estabelece as suas próprias leis não as subordinando às leis de qualquer Igreja. Inversamente um Estado teocrático faz suas as leis da religião dominante do país.
Em si mesma a laicidade não significa qualquer animosidade perante a religião mas apenas uma separação de águas que, sem prejudicar qualquer religião, permite, contudo, estabelecer o carácter temporal do Estado, independente das Igrejas ou de qualquer outro tipo de poder religioso (cf. Con. Vat. II Const. Gaudium et Spes, nº74, 76). Há mesmo autores católicos que afirmam que face a esta característica de laicidade, o Estado não deve ter “religião estatal” própria, deve mesmo ser a-religioso (mas não anti-religioso) pois a religião cai fora da sua esfera de acção que é meramente temporal. Isto não impede que governantes e legisladores façam reflectir na sua acção política as suas ideias moldadas por um credo a que pertençam.
Se é verdade que a laicidade impede a intervenção da Igreja na vida do Estado também é verdade que impede a intervenção do Estado na vida da Igreja. Inversamente não impede um bom relacionamento, ou mesmo cooperação entre ambos.
Se esta ideia de laicidade se torna uma obsessão, se é promovida a valor supremo que a todos os outros se sobrepõe, se sobretudo se arvora em valor único, então temos a perversão do conceito, o seu efeito contraproducente, a aberração ideológica – é o laicismo.
Este não é a-religioso, mas anti-religioso. Não é neutral, é partidário. Não é a favor de uma boa relação, mas contra qualquer forma de relação ou mesmo a favor de uma relação hostil. É anti-clerical, raivoso, odiento, fanático, em resumo: é anti.
A Europa e Portugal atravessam um período de claro laicismo. Não de laicidade mas de laicismo. Nuns casos mais exacerbado, noutros mais mitigado, mas sempre de laicismo. Que como todos os “ismos” (como todas as absolutizações) é perverso.
Se a retirada dos crucifixos das escolas e hospitais estatais pode ser justificada pela laicidade (sem deixar de ser um atentado à cultura) já a proibição de escolas com nomes de santos ou de uso nas escolas de símbolos pessoais como lenços, estrelas de David ou cruzes é puro e fanático laicismo. Pois eu já vi num programa de rádio, duas “intelectuais” da nossa praça sustentar que devia ser proibido, nos edifícios do Estado, usar um lenço na cabeça, ou uma estrela de David na pulseira, ou uma cruz no fio do pescoço!
Laicismo puro e duro. Primário. Fanático. Estúpido (com a agravante de se mascarar de inteligente)). Numa só palavra laicismo fundamentalista. Com todos os atentados à liberdade."
In Semanário Católico “ A Ordem” de 31/01/08, e da autoria de M. Moura-Pacheco.
Chama-se laicidade à separação entre a Igreja e o Estado. Cada uma destas instituições tem as suas normas e leis próprias independentes uma da outra, sem que isso signifique qualquer antagonismo. Pode mesmo haver entendimento e cooperação, regulados através de tratados vulgarmente chamados de “Concordatas”.
Assim sendo, um Estado laico estabelece as suas próprias leis não as subordinando às leis de qualquer Igreja. Inversamente um Estado teocrático faz suas as leis da religião dominante do país.
Em si mesma a laicidade não significa qualquer animosidade perante a religião mas apenas uma separação de águas que, sem prejudicar qualquer religião, permite, contudo, estabelecer o carácter temporal do Estado, independente das Igrejas ou de qualquer outro tipo de poder religioso (cf. Con. Vat. II Const. Gaudium et Spes, nº74, 76). Há mesmo autores católicos que afirmam que face a esta característica de laicidade, o Estado não deve ter “religião estatal” própria, deve mesmo ser a-religioso (mas não anti-religioso) pois a religião cai fora da sua esfera de acção que é meramente temporal. Isto não impede que governantes e legisladores façam reflectir na sua acção política as suas ideias moldadas por um credo a que pertençam.
Se é verdade que a laicidade impede a intervenção da Igreja na vida do Estado também é verdade que impede a intervenção do Estado na vida da Igreja. Inversamente não impede um bom relacionamento, ou mesmo cooperação entre ambos.
Se esta ideia de laicidade se torna uma obsessão, se é promovida a valor supremo que a todos os outros se sobrepõe, se sobretudo se arvora em valor único, então temos a perversão do conceito, o seu efeito contraproducente, a aberração ideológica – é o laicismo.
Este não é a-religioso, mas anti-religioso. Não é neutral, é partidário. Não é a favor de uma boa relação, mas contra qualquer forma de relação ou mesmo a favor de uma relação hostil. É anti-clerical, raivoso, odiento, fanático, em resumo: é anti.
A Europa e Portugal atravessam um período de claro laicismo. Não de laicidade mas de laicismo. Nuns casos mais exacerbado, noutros mais mitigado, mas sempre de laicismo. Que como todos os “ismos” (como todas as absolutizações) é perverso.
Se a retirada dos crucifixos das escolas e hospitais estatais pode ser justificada pela laicidade (sem deixar de ser um atentado à cultura) já a proibição de escolas com nomes de santos ou de uso nas escolas de símbolos pessoais como lenços, estrelas de David ou cruzes é puro e fanático laicismo. Pois eu já vi num programa de rádio, duas “intelectuais” da nossa praça sustentar que devia ser proibido, nos edifícios do Estado, usar um lenço na cabeça, ou uma estrela de David na pulseira, ou uma cruz no fio do pescoço!
Laicismo puro e duro. Primário. Fanático. Estúpido (com a agravante de se mascarar de inteligente)). Numa só palavra laicismo fundamentalista. Com todos os atentados à liberdade."
In Semanário Católico “ A Ordem” de 31/01/08, e da autoria de M. Moura-Pacheco.
Sem comentários:
Enviar um comentário