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sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Faltam os cromos mais difíceis

Estou a escrever este postal e estou a olhar para o polvo a espernear ao ‘Sol’. Gosto dele assado com batatinhas, vejo as fotografias dos figurões (já as tinha recitado há tanto tempo…) mas há qualquer coisa que não me deixa escrever a direito, um zumbido nos ouvidos… Ah, já me lembro, era a caderneta dos cromos, dos bonecos da bola, os que faltam, os mais difíceis de encontrar, e não há para a troca, mas era preciso completar a caderneta. São jogadores discretos, de clubes modestos, tipo Oriental ou Lusitano de Évora, clubes que na altura habitavam na primeira divisão.
Olho outra vez para o polvo e lá estão eles, fotogénicos, reconheço alguns que não paravam de aparecer na televisão no auge da Casa Pia. Depois do Intendente.
À época, estavam ralados com os arguidos de pedofilia, coitados, tão indefesos, a precisarem de mais garantias processuais. Para ver se o processo chegava ao ano três mil! Está quase.
Agora passam a vida a defender o Sócrates, não vá espirrar qualquer coisa para o centenário, para os tais cromos mais difíceis, aqueles que aparecem com falinhas mansas, redondas, como se fosse a primeira vez! Palavras convergentes…
Aqui saltou-me a tampa da caneta, convergência é com o Marcelo das escolhas. Este filho de Baltazar, ministro de Salazar, afilhado de Caetano, munícipe em terras de Basto, sabe-a toda. É ele e o pai Soares, que o Vitorino não leva ninguém atrás. Sabem muito, é o que é.
Mas vamos lá ver: - em que é que o Marcelo estava a pensar quando se saiu com a convergência, leia-se bloco central, ou para encurtar razões, união nacional?!
A coisa foi pronunciada onde devia ser - Espanha, Câmara de Comércio e Indústria, com aquele cheiro a avental tão característico. Marcelo pedia a mão de Vitorino!
Senadores! Disse ele, sabendo perfeitamente que o problema dos senadores é sobreviverem do mesmo tacho que o comum dos deputados. Pares do reino (Lordes) em Inglaterra é outra coisa. Esses só têm assento se tiverem sustento fora do Orçamento de Estado. Outras contas para outra ocasião.
Voltemos à manobra de diversão marcelista para salvar o PS (e o PSD) de uma grande enrascada – o PS agradece naturalmente este habeas corpus milagroso! Com Sócrates em plena fase gonçalvista (falta só o comício de Almada), a balbuciar frases incompreensíveis, sem direito a manifestação de desagravo das mães de Portugal (com o aborto e o casamento gay não podia ser, não é), este gesto de Marcelo só pode ser recebido com enorme regozijo no seio socialista. Seio e o que mais houvesse.
Quando toca a unir os bons espíritos entendem-se. O regime sufoca, logo, a divisa está lançada – a honra pelo deficit!
E coloca-se a questão: - Será que o homem se prepara para se fazer a Belém… com o apoio tácito do bloco central?! Se for assim, o Alegre já foi. E o Cavaco aproveita para ir a banhos até Boliqueime.
Ainda temos o pai Soares e esta estranha candidatura do Nobre! Reedição Pintassilgo para dividir votos?!
Ena pá, tantas jogadas ao mesmo tempo!
Trabalhos de parto, a quarta república vem por aí, silenciosa e para impor o silêncio.
Próprio da Quaresma.

Saudações monárquicas

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