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quinta-feira, abril 08, 2010

O azeite

O país a meter água e o azeite a vir ao de cima!
Eu tinha uma teoria e nunca fiz segredo dela. Antes pelo contrário. Segui na peugada dos grandes mestres e dadas as circunstâncias, troquei o clássico ‘cherchez la femme’, pelo óbvio, procurem na Casa Pia.
Veio agora Paes do Amaral, ex-futuro dono da TVI, dizer que aquela estação foi plataforma golpista para derrubar Santana Lopes e o seu governo. Nenhuma novidade. O santo e a senha dos golpistas eram as ‘trapalhadas’, e a estratégia, associar Santana, fizesse ele o que fizesse, às ditas ‘trapalhadas’. E o povo riu com gosto, e apoiou. Hoje ainda está convencido que derrubar Santana foi serviço público prestado à nação.
Não vou perder tempo com esta pista nem coloco o testemunho de Paes do Amaral acima ou abaixo de outros que ouvi sobre a matéria. Limito-me a observar a realidade.
E o que é que a realidade nos transmite?!
Que as hipotéticas ‘trapalhadas’ de Santana são ‘peanuts’ quando comparadas com as incomensuráveis trapalhadas de Sócrates! E vamos continuar a designá-las assim, por trapalhadas, porque há que manter as aparências.
Mas a realidade revela-se mais crua. Revela, por exemplo, o silêncio daqueles que criticavam Santana por tudo e por nada, mas quando se trata de Sócrates, perdoam tudo e mais alguma coisa!
Quem não os conhece?! – Cavaco da boa moeda, Marcelo comentador, o Teixeira dos jornais, e estou a citar apenas alguns, que não sendo socialistas, foram companheiros de viagem nesta guerra contra o Lopes.
Voltemos à investigação porque está na hora de fazer uma pergunta pertinente – mas se afinal as trapalhadas não eram problema, qual era então o problema de Santana?! Ou perguntado de outra maneira - que garantias é que Sócrates dava que Santana não dava?!
As conclusões serão sempre vossas, mas o que aconteceu a seguir à posse de Sócrates é do domínio público – a tutela da Casa Pia foi entregue a um amigo de Pedroso, Catalina Pestana foi para a prateleira, e o processo que ameaçava o regime, jaz moribundo à espera de ser enterrado. Melhor (ou pior, consoante os pontos de vista) era impossível.
Um dia o azeite há-de contar o resto da história e decifrar o enigma.

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