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quinta-feira, junho 10, 2010

Portas abertas!

Neste dia vale a pena reler o prólogo que Amaro Monteiro escreveu em – “Portas Fechadas. Balada Para Um Capitão Executado”. Amaro Monteiro era (é) monárquico, e só quem viveu antes e depois do tempo, pode compreender a intensidade patriótica destas linhas: -


"(…) Fecho o “Prólogo” com advertência para mim importantíssima: mau grado acontecimentos em que comparticipei há cerca de 30 anos, não me considero “resistente anti-fascista”… Não consegui ser herói.
Meditando, de 1960 em diante, sobre eventos e pessoas que conheci ou vislumbrei na fase do meu militantismo anti-salazarista, nisso me achei deveras deslocado…
O rebentamento de Angola 61 deu o impulso final para que as energias se me concentrassem na defesa de Portugal pluri-continental e pluri-racial. De 1962 a 1974, em Moçambique, lutei quanto pude pela Ideia morta. “Aderi” ao antigo regime? Não. Mantive reservas que nunca desapareceram. Todavia, em África, a minha actuação operou naturalmente uma colagem que, nas opiniões comuns, me identificou com aquele. Não a rejeitei nem procurei fugir-lhe após o “ 25 de Abril”; pelo contrário, assumi-a com orgulho e arrogância. A colagem continua, em certos aspectos, a orgulhar-me treze anos volvidos; noutros é-me indiferente. A minha Pátria morreu. Sinto-me apenas nacional deste país.

Lisboa, 23 de Setembro de 1987"

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