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terça-feira, abril 28, 2020

Hoje há palhaços


Temos o circo montado e um cartaz que anuncia: - família de trapezistas, malabaristas, bufões, com cem anos de experiência a entreter multidões! Aquilo está-lhes no sangue diz alguém mais atrevido. O povo aguça o ouvido e já se ouvem palhaços. Vêm aos pares e um deles faz o número dos Domingos – 163 infectados! Abismado o companheiro deixa o juízo inocente: – se o vírus dorme aos domingos, prá coisa ficar conforme... vamos fazer mais domingos!

Na plateia há gargalhadas e os animais amestrados dão a volta ao redondel. Todos cumprem um papel, basta vibrar o chicote. E uma odalisca de archote incendeia a situação. Ilusionista ou burlão, eis afinal a questão! A estrela da companhia, entra em cena de turbante, venda os olhos à plateia, diz que vai salvar o mundo! Fez-se um silêncio profundo. Ninguém tuge ninguém muge. A condição é ficarmos em casa para todo o sempre. Um suspiro renitente, desejo mal sublimado, mas o povo habituado, na canga já calejado, abana a cauda contente. Com futebol na TV e cantigas de embalar quem precisa de arejar?! E no que toca ao sustento chega o banco alimentar! O segredo desvendado, põe-se de pé a plateia, e um microfone afinado dá vivas à odisseia.

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