Temos
o circo montado e um cartaz que anuncia: - família de trapezistas,
malabaristas, bufões, com cem anos de experiência a entreter
multidões! Aquilo está-lhes no sangue diz alguém mais atrevido. O
povo aguça o ouvido e já se ouvem palhaços. Vêm aos pares e um
deles faz o número dos Domingos – 163 infectados! Abismado o
companheiro deixa o juízo inocente: – se o vírus dorme aos
domingos, prá coisa ficar conforme... vamos fazer mais
domingos!
Na
plateia há gargalhadas e os animais amestrados dão a volta ao
redondel. Todos cumprem um papel, basta vibrar o chicote. E uma
odalisca de archote incendeia a situação. Ilusionista ou burlão,
eis afinal a questão! A estrela da companhia, entra em cena de
turbante, venda os olhos à plateia, diz que vai salvar o mundo! Fez-se
um silêncio profundo. Ninguém tuge ninguém muge. A condição é
ficarmos em casa para todo o sempre. Um suspiro renitente, desejo mal
sublimado, mas o povo habituado, na canga já calejado, abana a cauda
contente. Com futebol na TV e cantigas de embalar quem precisa de
arejar?! E no que toca ao sustento chega o banco alimentar! O segredo
desvendado, põe-se de pé a plateia, e um microfone afinado dá vivas
à odisseia.
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