domingo, novembro 15, 2020

Os limites materiais da nossa vergonha!

 

Levantaram a lebre nos Açores e o país laico republicano e socialista entrou em pânico! Não é a geringonça açoriana que os incomoda, ou uma possível réplica no continente nas próximas eleições. A grande preocupação é o projecto de revisão constitucional do Chega naquilo que pode pôr em causa os chamados 'limites materiais de revisão'. Refiro-me em concreto ao artigo 288 (b), que impõe a 'forma republicana de governo', articulado intencionalmente confuso, que se destina a proibir os portugueses de alterarem o regime em vigor!  Assim mesmo, como se fora um dogma de fé e os portugueses fossem atrasados mentais*! Escusado será dizer que os autores de tal artigo deveriam ter-se na conta de 'pais da pátria'**, não obstante a pátria levar já mais de nove séculos de existência! Na verdade queriam apenas perpetuar-se no poder. E, diga-se, têm-no conseguido até agora.

Por isso é muito importante que o Ventura consiga levar por diante o seu projecto de revisão constitucional*** abatendo definitivamente aquela e outras aberrações. Porque é por aqui que a república pode mudar deixando de ser o feudo de uma clique maçónica que há muito a domina. O resto (redução de deputados, subsidio-dependência, combate à corrupção, etc.) virá por acréscimo.


Saudações monárquicas


*De facto, o facto do artigo 288, b) continuar em vigor não abona muito sobre a saúde mental e cívica dos portugueses.


**Creio que algumas destas luminárias ainda estão vivas.


***É muito provável que o projecto de revisão constitucional que o PSD também tenciona apresentar aceite algumas das propostas do Chega. Duvido é que aceite rever o artigo 288, b). Digo isto por duas ordens de razões: - embora Rui Rio me pareça um democrata sério, e sendo assim não vejo como possa aceitar a menoridade que tal artigo impõe aos portugueses, também é verdade que há muito maçon no PSD. De qualquer modo será (para mim) a prova de fogo de André Ventura: - veremos se embarca num compromisso menor ou se vai até ao fim, mesmo sozinho, e devolve a democracia ao povo. Se assim for, terá o meu voto.

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