Estão os veneráveis do avental muito incomodados com um projecto de lei sobre a transparência e percebe-se porquê! Habituados a dominarem a república sem necessidade de saírem da sombra esta exigência de identificação parece-lhes descabida e uma violência! E à falta de melhor argumento fazem-se de vítimas e invocam idênticas perseguições durante o estado novo! E como sempre vem à baila uma célebre lei de 1935 que proibia a existência de associações secretas. Ora bem, com a verdade me enganas, como costuma dizer-se.
Começo por citar Oliveira Marques, conceituado historiador e também ele maçon: - 'Estudar a Maçonaria do nosso país é o mesmo que estudar a História de Portugal, pelo menos a partir de 1817'.
E continuo a citar desta vez Costa Pimenta juiz afastado da magistratura por razões óbvias:
'O Estado Novo, corporativo, é o estado maçónico no seu auge. Todos os presidentes da república, todos os presidentes da assembleia nacional, todos os comandos militares, todos os procuradores-gerais da república, todos os presidentes do supremo tribunal de justiça, todos os presidentes do tribunal da relação, todos os governadores civis, todos os directores das polícias, todos os directores da RTP eram maçons. A História não regista a prisão de nenhum opositor do Estado Novo por ser maçon. Claro que havia opositores de Salazar que eram maçons, sendo o mais conhecido o general Humberto Delgado. Mas isso não tem nada de extraordinário, pois dentro das lojas maçónicas não há sempre unanimidade'.
Depois disto sustentar qualquer perseguição por parte do estado novo só pode ser uma brincadeira. Era uma lei de faz de conta que causou incómodos menores mas que visava sobretudo um inimigo emergente e muito perigoso como se veio a verificar no ano seguinte com o eclodir da guerra civil espanhola. Refiro-me ao partido comunista.
Aliás para se compreender a lei de 1935 sobre as associações secretas é preciso em primeiro lugar compreender o pacto de regime que segurou Salazar no poder depois do golpe militar do 28 de Maio de 1926. Um pacto tripartido que envolvia o apoio da Igreja Católica, dos monárquicos/nacionalistas e dos republicanos/maçons. Um conjunto de forças opostas que Salazar ia manobrando e satisfazendo à vez. Uma política que teve algum sucesso durante algum tempo.
Saudações monárquicas
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