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sexta-feira, janeiro 08, 2010

A conversa da ética…

Oh senhor presidente, com franqueza, nem no discurso de ano novo! Outra vez essa conversa da ética republicana! Mas quantas vezes é preciso explicar (para que não passe por ignorante) e quantas vezes tenho que o avisar (para que não caia no ridículo) que de cada vez que o senhor fala na ética republicana dá a ideia a quem o ouve (ainda há quem o oiça!) que vivemos oito séculos sem ética e que só nestes últimos cem anos é que descobrimos essa coisa, esse enigma sem representação na realidade, a não ser pelos piores motivos, a que vossa excelência chama ‘ética republicana’!
Já reparou no contra senso?! Que fazem afinal os seus conselheiros?!
Também não lhe explicaram que há pessoas com ética, com valores, e há outras que os não têm, afirmem-se elas monárquicas ou republicanas! Ou está-nos a dizer que temos uma história de oito séculos de independência e grandeza, sem ética, e que passámos para uma historieta de um século de pequenez e dependência, com ética?! Será assim?!
Eu sei que não, sei que diz isso sem convicção, a medo, porque não há mais nada para dizer, estamos em fim de festa, mas fica-lhe mal, é fracturante, deixe essas causas para o governo, e se já ninguém respeita ninguém, respeite ao menos a história portuguesa.

E depois aquilo que diz tem consequências, pegam-lhe na palavra, e temos agora o banqueiro Santos Silva (tinha que ser um banqueiro a presidir ao centenário da república) a repetir a mesma patetice! Com uma agravante, pois ameaça reduzir as comemorações, e vou citar, a ‘revisitar a ética republicana’! Mas como?! Aonde?! Faz parte de algum museu?! Vende-se nos centros comerciais?! Na loja dos chineses?!
E eu que pensava que iam celebrar os regicidas, os carbonários, o desastre da Flandres, a ditadura da segunda república, a descolonização exemplar da terceira, o estado da nação, da educação e da justiça, pilares de qualquer regime, ou o endividamento externo, e a previsível dependência que se avizinha. E a vizinha nunca é inocente. Mas não.

E quem pegou na deixa do banqueiro e ainda disse mais disparates foi a ministra Canavilhas da cultura: - “se mais não houvesse, bastava o sufrágio universal e a ética republicana para que se justificasse a celebração”!
Bem, o sufrágio universal da primeira república era mais redutor que o da monarquia constitucional, não é preciso ser ministra da cultura para saber isso. Quanto à ética republicana voltamos ao mesmo. E vai a senhora gastar dez milhões para celebrar a dita ética (obviamente contra a ética e contra a história) para assim, e volto a citar - “aproximar as várias camadas da população da história portuguesa”!
Com esta gente estamos perdidos.

Saudações monárquicas

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