sexta-feira, agosto 22, 2008

Trégua olímpica

O interregno respeita a trégua milenar razão porque desvaloriza o conflito no Cáucaso, o regresso em força dos talibans ou a onda de insegurança que varre Portugal de norte a sul!
É verdade, vamos respeitar os jogos e assim continuaremos até que nos roubem a vida ou os bens, nomeadamente o computador que serve de instrumento de escrita.
E a trégua tem razão de ser pois tal como previ o triplo salto de Nelson Évora redimiu a nação!
O presidente já não se demite, os atletas deram o máximo para quem ganha tão pouco e afinal somos só onze milhões… mais os imigrantes, mais o império invisível que continuamos a carregar sobre os ombros.
A insegurança também não é assim tão grande, e se for, o governo há-de encontrar alguma solução estatística. Nada de alarmismos portanto.
Pior do que nós, coitados, estão aqueles que ainda não ganharam nenhuma medalha de ouro.

sábado, agosto 16, 2008

Diário Olímpico

“Peço desculpa aos portugueses porque estiveram a pagar para eu vir ao Jogos” – assim falou Obikwelu após ter falhado a presença na final dos 100 metros!
Este nigeriano que, recorde-se, trabalhava nas obras quando alguém se lembrou de o levar ao Belenenses, revelou nestas declarações a massa de que se fazem os campeões!
Que diferença de mentalidade em relação ao habitual!
Parabéns Obikwelu, não por teres perdido, mas porque és educado!

Saudações azuis.

sexta-feira, agosto 15, 2008

De manhã, caminha…

Vamos pôr isto em bom português: eu caminho, tu caminha, estamos em Pequim e de manhã o corpo pede caminha. Melhor seria: vamos a caminho de Caminha que ainda é minha porque fica no Minho?! Consultar para o efeito o tratado de Tuy.
Seja o que for, a olimpíada portuguesa continua em alta: - os malandros dos árbitros; eram só oito setas…; foi por centésimos…; estou a gostar muito; esta viagem é um prémio; a égua assustou-se com a televisão!
A mentalidade anti-competitiva (quantas vezes já me referi a isto!) a funcionar - desde pequenino a não torcer o pepino – perder é uma vergonha, foi assim que te ensinaram, não foi meu rico menino?!
Vergonha e medo, por isso não és do Belenenses, diz a verdade, o teu pai (ou o teu tio) ainda eram, mas tu já não tens coragem de ser.
Não procurem razões (nem escutem os entendidos) porque aqui está a razão porque no futebol (e no resto) só há adeptos de três clubes… e com tendência minguante. Que isto de ser ‘região de Bruxelas/Madrid’ tem os seus inconvenientes, como por exemplo deixar de ser País. E nas regiões não se organizam campeonatos nacionais. Estão a ver?!
Bem, mas estávamos nós na caminha em Pequim onde se fala mandarim que vem do nosso verbo mandar. “Quando ainda tínhamos verbos…”!*
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*Lamento de Teodoro a caminho da China - ‘ O Mandarim’ de Eça de Queiroz.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Olimpíadas na segunda circular

As bandeiras estão içadas dos dois lados, o estádio ninho de pássaro existe, por ali não faltam terrenos para dar e vender, tudo se conjuga para que as próximas olimpíadas se realizem em torno daqueles dois baluartes do desporto nacional!
Não vamos dar importância aos pormenores – esqueceram-se de construir uma pista de atletismo?! Não há problema, os atletas vão treinar a Espanha, em última análise pede-se mais um sacrifício ao orçamento de estado. O que é preciso é que o atleta apareça na fotografia com a camisola e o emblema do ‘baluarte’.
E quando não existem nem secção nem atleta também não há problema – adquirimos o atleta nos pequenos clubes dedicados á formação. A publicidade e os impostos dos portugueses encarregam-se do resto.
E isso resulta? Não, mas o povo gosta disso.

Noutro registo - enviámos a Pequim a maior representação de sempre a uns Jogos Olímpicos e não é preciso ser adivinho para perceber que será também a maior frustração de sempre em termos de resultados. Não estou a falar de medalhas mas da simples expectativa que os atletas superem (ou ao menos igualem) as suas melhores marcas.
Infelizmente será mais do mesmo, com dois ou três super dotados a conseguirem o ouro e a prata que escondem a verdade do nosso desporto olímpico. E a verdade é amarga, pois tal como na política, os resultados desportivos não enganam - continuamos a divergir da Europa. E não é por falta de apoios estatais nem de propaganda!
Então porque será?!
A primeira parte deste escrito dá uma pista (olímpica) – e que tal apoiar fortemente o desporto escolar em vez de esbanjar dinheiro em clubes profissionais de futebol que, pese a boa vontade de alguns carolas, são aquilo que são – clubes profissionais de futebol.
O eclectismo de antigamente já não existe, nem pode existir. O que existe nos outros países europeus é um desporto escolar bem organizado, e a jusante, clubes por modalidade, onde os mais aptos podem desenvolver os seus dotes, sem estarem sujeitos aos interesses da indústria do futebol, e não só.
Assim talvez se inverta o nosso fado.

terça-feira, agosto 05, 2008

Sem título

Há dias assim em que apetece escrever sem motivo ou reflexão levado na corrente das ideias até que o pensamento retenha uma palavra um nome…
Soljenitsine é um nome difícil de pronunciar mais difícil porém foi sobreviver com esse nome!
Depois do exílio depois do livro que desmascarou o paraíso soviético depois de um longínquo ‘gulag’ reservado a dissidentes morreu pacificamente na sua terra.
Morreu sem alarido e nem depois da morte se desvendam os segredos que a mãe Rússia guarda em silêncio – o escritor não reconhecia a sua Pátria nas vestes de um modelo importado, advogava o regresso do Czar, o reencontro com a tradição, mas disso não interessa falar.
Para a posteridade Alexandre Soljenitsine.

sexta-feira, agosto 01, 2008

A crise republicana

A guerra surda entre a república (unitária) e as autonomias regionais produziu ontem mais um episódio insólito – numa inesperada comunicação ao país Cavaco Silva queixou-se do novo estatuto dos Açores (aprovado por unanimidade) alegando que lhe estavam a reduzir os poderes presidenciais.
Foi rápidamente secundado pelos partidos e personagens do costume e com as cambiantes conhecidas: - em romagem de saudade comunistas e centristas vieram em seu auxílio; no PSD fez-se um silêncio religioso; Sócrates pôs água na fervura; e o Bloco disfarçou com coisas mais importantes!
Porém não adianta desvalorizar o assunto porque estamos a falar do regime e da sua incapacidade para lidar com as autonomias regionais. Agora já não é o Governo que está no centro do conflito, é o próprio órgão Presidente da República que se ergue como força de bloqueio ao aprofundamento da autonomia e ao desenvolvimento regional!
Nestes termos não há que enganar - para um açoreano médio Cavaco Silva é um ‘inimigo’ dos Açores! E pela mesma bitola serão julgados os partidos que alinharem com o Presidente da República nas restrições à autonomia do arquipélago.
E tudo isto com eleições à porta!
'Os dados estão (assim) lançados' e não foi por acaso que esta semana o ideólogo do regime (o ex-Vital comunista) se empenhava tanto em lembrar a quinta república francesa, uma espécie de visão de um presidencialismo redentor!
Mas que o caso é grave, é sim senhor.
Talvez seja o fim do Interregno...
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Saudações monárquicas.