terça-feira, junho 28, 2011

Diferentes dos gregos!

Ora bem, ainda não falámos da governança, por várias razões, sendo que a principal tem a ver com o facto de continuarmos convencidos (somos um bocadinho teimosos!) que temos um problema de regime e nestas circunstâncias, os governos, por mais bem intencionados que sejam, ficam-se por aí, pelas boas intenções.
Mas falemos um pouco do novo governo.

O ministro da economia deixou-me boa impressão! Tem ideias próprias o que incomoda sobremaneira os comentadores de serviço. Mais uma razão para o apreciarmos.
Os mesmos comentadores também opinam sobre Assunção Cristas. Afirmam que tem um ministério imenso! Tenho opinião diferente: - a agricultura não existe, as pescas também não, o mar é dos espanhóis, e o ambiente é fraco! Por conseguinte, se Assunção Cristas acrescentar alguma coisa a este deserto já fez um bom trabalho.
Uma palavra para Paula Teixeira da Cruz, mulher combativa que se propõe defrontar a justiça! A nossa velha justiça maçónica! Tarefa árdua, mas só uma mulher poderia (poderá) fazê-lo. Contra ela o facto de estar convencida que pode fazer alguma coisa sem mexer na constituição! Mesmo mexendo, vai ser o cabo dos trabalhos.

Quanto ao governo no seu conjunto, alguns sinais positivos e um negativo. Sinais positivos de algum espírito patriótico. O aspecto negativo prende-se com uma segunda encenação do ‘bom aluno de Bruxelas’, reprise pouco recomendável sabendo-se o que aconteceu com a estreia de Cavaco. Se bem me lembro, desfizemo-nos da nossa máquina produtiva a troco de subsídios... que o vento levou. Além de que numa união não devem existir nem alunos nem mestres, mas simplesmente parceiros que se respeitam entre si.
É claro que o actual estado de necessidade obriga a algumas piruetas, mas não me parece boa ideia colocarmos o acento tónico (das nossas convicções) naquilo que nos distingue da Grécia! Mas seremos assim tão diferentes dos gregos?!




.
De facto, na Grécia existe corrupção e aqui em Portugal nunca se provou a sua existência. Também é verdade que na Grécia todos os dias se descobrem fraudes e aqui, quando abrimos um armário está tudo arrumadinho. Dizem-nos que na função pública grega há imensos motoristas para o mesmo automóvel e todos nós sabemos que em Portugal é ao contrário, o que existe é um enorme excedente de automóveis. São diferenças assinaláveis. Por outro lado os gregos parecem ter uma vocação especial para grandes eventos suportados por grandes obras públicas, e nada disso acontece em Portugal. Aqui, o Estado é um exemplo de modéstia e contenção. Outra diferença determinante tem a ver com a suposta reforma do Estado. Na Grécia, o Estado é irreformável, e em Portugal estamos cheios de esperança que continue tudo na mesma. Por último, a dívida grega é menor que a nossa, e isso também é uma diferença.

Aqui chegados, perante tais diferenças, talvez fosse preferível escolher uma estratégia diferente para convencer os credores de que estamos determinados a honrar os nossos compromissos. Até porque é feio fazermos queixinhas de um menino (da nossa escola) que afinal se porta tão mal como nós.

Saudações monárquicas

.

.

Adenda:- Lamentávelmente, esqueci-me de enunciar uma importante diferença que nos distingue da Grécia, diferença real entre uma democracia (a grega) e a nossa 'ditadura democrática'. E explico: - a constituição grega permite que os gregos se pronunciem sobre o respectivo regime, e neste sentido, a verdade é que nos últimos cinquenta anos a Grécia já mudou da república para monarquia, regressando posteriormente ao regime republicano. Tudo isto através de referendos que expressaram a vontade soberana do povo grego. O contrário do que se passa em Portugal, onde a constituição proíbe que os portugueses se pronunciem sobre o regime, um atestado de menoridade e incapacidade que nos devia envergonhar a todos.

Mais uma razão para estarmos caladinhos no que se refere à Grécia.

sexta-feira, junho 24, 2011

O crepúsculo dos deuses

Não sei se já repararam mas os nossos ‘deuses europeístas’ andam a perder a crista! Aparecem cabisbaixos na televisão, estão menos confiantes, a tal Europa que ía tomar conta de nós (cama, mesa, bom ordenado e pouco trabalho) parece que está renitente, não quer continuar a sustentar-nos! No seu desespero, face a tanta realidade, falam na democracia da moeda única, que como sabemos nunca foi única, haja em vista ingleses e dinamarqueses, por exemplo. Agarram-se ao federalismo político (que nunca propuseram aos portugueses) como se existisse algum César disponível para nos reduzir à antiquíssima campina romana! Estão doidos e chamaram doidos a quem lhes disse a tempo que a ida (apressada) para a união europeia, não era mais do que uma fuga às nossas responsabilidades históricas. A descolonização exemplar, lembram-se?!
Pois se não tivemos capacidade para federar os nossos interesses imperiais (não é hora para termos medo das palavras) que interesse (para além da escravidão) tem o império alemão em nos manter na sua órbita?!
Eu bem sei, porque já ouvi, que há para aí alguns escuteiros que insistem em forçar a velhinha a atravessar a rua! Dizem estes idiotas que é do interesse dos alemães sustentar-nos a nós, aos gregos, etc., a quem precisar! Um argumento surreal! Típico de quem está habituado a viver à custa dos outros.

Um último parágrafo para a solidariedade europeia, derradeira tentativa para amolecer o coração dos credores. Pois bem, eu também não emprestaria mais dinheiro a um país que internamente não é solidário. Basta recordar que na união detemos o record da desigualdade entre ricos e pobres. E não queremos mudar. Não me refiro à bricolage das pequenas mudanças, não estou a falar das moscas. Refiro-me ao essencial, à constituição que não queremos mudar, ao estado socialista (oligárquico republicano) que ela contempla. E que também não queremos mudar. No fundo não queremos mudar nada que possa pôr em causa o actual regime, ainda que seja o regime o grande responsável pela situação a que chegámos. E porque não queremos mudar, não merecemos qualquer solidariedade.
Resta-nos pôr a valsa do centenário (da república) a tocar, e dançar até ao próximo iceberg. Que não está longe.


Saudações monárquicas

sexta-feira, junho 10, 2011

Raça de dia!

Hoje é dia da raça e por decreto somos todos da mesma raça, incluindo animais e plantas. Da mesma raça mas com algumas diferenças, por exemplo, há uma raça de portugueses que gostam de banca rota, e há outra que não. Outro exemplo, há uma raça que não se importa nada de ser governada por estrangeiros, e há outra que se importa. Mas a raça que a república mais gosta de cultivar (e aperfeiçoar) é aquela que vive e engorda à conta do estado, raça que enriqueceu muito a seguir ao 25 de Abril. Este é o momento para interromper o discurso (da raça) e dar um viva ao regime que assim permite tão fácil e promissora ascensão social! Bravo! Depois temos a raça dos quinhentos euros base, bastante numerosa, que protesta um bocadinho, mas não passa disso.
Esclarecidos sobre a raça, passemos a um dos dias mais enervantes (e fastidiosos) do calendário político! Piores (porque festejam guerras civis) só o cinco de Outubro e o 25 de Abril! No dez de Junho, à boleia de Camões, fazemos discursos vazios, que não mobilizam ninguém, não dão esperança a ninguém, e servem apenas para a nomenclatura se exibir e medalhar. Se acontece algum acto de justiça, é coisa rara. Aliás, uma nação outrora independente, e que (voluntáriamente) se transformou num protectorado, quanto mais não seja por uma questão de pudor, não devia auto promover-se (leia-se, festejar) nem dar medalhas a ninguém.
Tenho dito.

terça-feira, junho 07, 2011

A vaca sagrada

Uma vaca é uma vaca e pelo que sabemos precisa de um hectare para pastar e sobreviver. A vaca constituinte é mais exigente, precisa de uma área semelhante ao território nacional, precisa de dez milhões de pacóvios, e precisou de trinta e tal anos para nos levar à banca rota. Fora os ameaços!
E tudo isto para alimentar (eu diria, amamentar) uma ideia de esquerda e uns quantos espertalhões.
Os espertalhões são conhecidos, manobram os partidos do centrão, sustentam a esquerda radical, suportam uma esquerda obsoleta, para o que der e vier, e proíbem ou inviabilizam os partidos de direita, que ao mínimo gesto são imediatamente apodados de fascistas. É este o trabalho da vaca. Aliás, como alguém já salientou, Portugal tem sido governado, não pelo governo que sai das urnas, mas pelos chamados constitucionalistas e respectivo tribunal. Que de tribunal guarda apenas o nome, uma vez que são os partidos quem nomeia uma boa parte dos ‘juizes’.
Portanto e por conseguinte enquanto não tratarmos convenientemente da vaca sagrada… vamos manter a mesma religião. Religião de estado, naturalmente. Há quem goste, eu não.


Saudações monárquicas

segunda-feira, junho 06, 2011

Sensações eleitorais

Empate técnico – como na altura escrevi, tratou-se de um embuste, um frete da comunicação social (e das empresas de sondagens) para manter o PS em jogo, segurando algum eleitorado que costuma desertar aos primeiros sinais de derrota. Ao PSD, a história do empate técnico também deu jeito reforçando o voto útil pela necessidade de assegurar a vitória. Principais vítimas: - os partidos das franjas, incluindo o CDS.
Uma conclusão podemos retirar: - as ‘sondagens’ (todas elas) enganaram sistemáticamente o eleitorado e com isso influenciaram, para além do admissível, os resultados eleitorais. É portanto assunto para a CNE se debruçar… se tiver coragem.
Assim, se quisermos fazer um exercício de ‘verdade eleitoral’, diríamos que o PS tem dois ou três pontos a mais (ficaria na zona dos 25%) e que o CDS tem dois ou três pontos a menos (ficaria na zona dos 13%). O Bloco de Esquerda, por sua vez, obteria mais um ponto percentual, situando-se nos 6%. PCP e PSD atingiram o seu limite, o primeiro alicerçado num discurso de protesto, a puxar ao patriótico (!), o segundo capitalizando o desejo de mudança e algum voto útil… com a tal ajuda do ‘empate técnico’.
A terminar esta análise é justo salientar que o ‘empate técnico’ também prejudicou os chamados pequenos partidos, alguns dos quais viram aumentada a sua votação mas insuficiente para eleger um deputado.

Em próximo postal explicarei o semi desaire do CDS (a incapacidade de Portas assumir a direita) e abordarei mais uma vez a vaca sagrada, ou seja, a constituição, grande responsável pelo impasse nacional e pelo atraso em que nos encontramos. Não me esquecerei de falar de alguns sociais-democratas (ex. Paula Teixeira da Cruz, combativa, mas…) que afirmam que a revisão constitucional não é prioritária, e muito logicamente reafirmam que o PSD é um partido de esquerda. Eu já sabia, o que pergunto é quem é que representa a direita… ‘se nem tu, Portas, a queres representar’?!
Vamos continuar com um país coxo?

Saudações monárquicas

quarta-feira, junho 01, 2011

Sugestão: Uma troika portuguesa

Está na hora de nomear uma troika portuguesa que se encarregue de governar o país nos próximos tempos. Explico: - seria um governo comandado por três personalidades suficientemente credíveis, governo esse que deveria ter o apoio explícito dos três maiores partidos da AR. Estes partidos teriam em relação a esta troika portuguesa o mesmo comportamento que tiveram em relação à outra (a estrangeira), ou seja, assinariam um 'memorando' concordando com as medidas que o futuro governo haveria de propor, medidas essenciais para sairmos do poço onde caímos, e da indigna situação de protectorado em que nos constituímos. Apoio que se poderia alargar, em casos pontuais, aos restantes partidos com assento parlamentar.




As ditas personalidades, tal como o resto do governo, seriam escolhidas (pelos três partidos mais votados) a partir de um leque de pessoas muito restrito, e onde estariam nomes como: - Rui Rio, Medina Carreira, Guilherme Oliveira Martins, Campos e Cunha, António Barreto, Ribeiro e Castro, Bagão Félix (passe o nacional-benfiquismo), Lobo Xavier, Pacheco Pereira e poucos mais. De fora do governo ficariam obrigatóriamente os secretários gerais dos três partidos do arco governamental. O leader da troika (e do governo) mas apenas por questões formais, seria um elemento ligado ao partido mais votado nas eleições que se avizinham.



E pronto. A partir daqui, toca a trabalhar, toca a alargar a base social de apoio a este governo, e para isso nada melhor do que preparar (e executar) uma revisão constitucional que elimine metade dos actuais trezentos artigos, com especial enfoque nas normas controversas, obscuras, e fracturantes. E que impedem que Portugal levante a cabeça.




Saudações monárquicas