Antes do mais vamos situar-mo-nos: estamos num país onde não existe um único partido politico que advogue a saída da união europeia! Um caso único que diz tudo sobre a população do respectivo. Mesmo aqueles partidos, como o partido comunista, que era contra a entrada na união europeia, ou o CDS, que tinha alguns tiques de euro-cepticismo, já ninguém quer sair de lá. Nesse como noutros aspectos continua a vigorar a união nacional. Se fosse possível arranjar um nome ou um apelido para nos identificar na Europa eu propunha o título de 'euro-dependentes'.
Nestas circunstâncias, perante umas eleições completamente inúteis do ponto de vista europeu, a única coisa que os escassos eleitores podiam fazer seria, em primeiro lugar esquecer os partidos, e em seguida procurar uma figura mais ou menos mediática em quem votar. Foi o que fizeram. Uns votaram no Marinho e outros votaram no dissidente do Bloco.
Portanto para analisar estas eleições basta analisar os personagens. Dispenso-me de comentar o 'livre' do Bloco de Esquerda - detesto o sujeito, detesto o seu europeísmo, detesto tudo aquilo que ele representa, e pelos vistos os votos que teve a mais correspondem exactamente aos votos que o seu ex-partido teve a menos. Ainda bem.
Já Marinho Pinto merece algumas linhas. Não porque o aprecie, não aprecio e já aqui escrevi diversas 'catilinárias' contra ele - a propósito das suas intervenções aquando do processo da Casa Pia, sempre a defender a inocência dos correlegionários, a propósito do seu jacobinismo, e eu detesto os jacobinos tanto como eles detestam os monárquicos, etc. etc. Mas também já o elogiei quando fez frente, em nome da decência, a uma conhecida 'chefe de fila das causas fracturantes'. Portanto, nada a opor à eleição. A não ser a leve sensação de que o MPT fez de barriga de aluguer de alguém que também não quer saber da Europa para nada e que almeja mais alto. Não acho isso bonito.
E termino com uma pergunta: - e se o Marinho Pinto, em vez de ser de esquerda, fosse de direita, acham que a comunicação social o tratava com a mesma compreensão?! Ou já andava toda a gente a gritar que o homem era um perigo para a democracia, um fascista, e outras coisas piores?!
É só para pensar.
Saudações monárquicas