domingo, janeiro 31, 2010

Tripas à republicana!

A receita é a seguinte: como celebrar guerras civis em união nacional?!
Muito simples, aldraba-se a história, aldraba-se o povo, perdão, o cliente, e põe-se o Sócrates a discursar. Juntam-se foguetes, croquetes, idiotas úteis quanto baste, e as (nossas!) tripas estão prontas a servir, no Porto, porque nestas coisas, o Porto não quer ficar atrás de Lisboa!
Antigamente queria, e até tem no seu brasão o dragão dos Bragança, o azul e branco, mas isso foram outros tempos, agora é tudo igual, é tudo união nacional!
Unidos na tragédia, lá vamos cantando e rindo, à espera que alguém nos retire do abismo para onde este magnífico regime nos atirou.
Toca pois a celebrar, motivos não faltam…

Saudações monárquicas

sexta-feira, janeiro 29, 2010

“Supremo Tribunal é loja maçónica”

Sem novidade, sem que nada aconteça, um novo ano judicial que começa, os velhos discursos de circunstância, repetidos sem pestanejar, é o país que somos, que queremos ser, é a república que vamos celebrar, é a justiça a que temos direito, são as boas sentenças distribuídas entre ‘irmãos’, é a confraria secreta, discreta, é a ética republicana, palavra de passe, usada sem honra, é o que diz o jornal, de hoje, como foi possível chegar a semelhante notícia! E publicá-la! Sem uma réstia de pudor! Um horror.
Transcrevo na parte que interessa:

“O Supremo Tribunal Administrativo é uma loja maçónica criada, instalada, dirigida e presidida por maçons – como aliás, o Supremo Tribunal de Justiça é uma loja maçónica, criada e instalada por maçons”.
A afirmação é feita por José Costa Pimenta, juiz de Direito, que em 1998 foi alvo de um processo disciplinar que ditou a sua aposentação compulsiva e que desde essa data tem vindo a contestar o afastamento… Autor de uma vasta obra jurídica, vai mais longe nas suas considerações e fala em pactos secretos entre tribunais. “A verdade é que as lojas maçónicas, incluindo o Supremo Tribunal Administrativo e a Relação de Lisboa, deixaram-se infiltrar pelo jesuitismo e profanos de avental, que constituíram uma máfia que opera nos tribunais portugueses… e que distribuem sentenças entre si em benefício dos seus irmãos… Os juízes decidem não em função da lei mas sim dos compromissos que assumiram”.

Não podia ser mais claro, só que nada disto é novo, nem se esgota nos tribunais, é um vírus disseminado por todos os órgãos e cargos públicos, sementeira pombalina, estrume francês, colheita napoleónica, e sem registo de interesses. Por isso, quando o interesse da comunidade colide com o interesse da Loja, quem se lixa é Portugal.
Sem apelo nem agravo.
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Saudações monárquicas

Fonte: Correio da Manhã, de 29 de Janeiro de 2010 (o transcrito, são alegações, não desmentidas, que constam de um acórdão que anda semi-desaparecido).

terça-feira, janeiro 26, 2010

Sinais dos tempos

Os índios quando queriam comunicar à distância enviavam sinais de fumo, mas quando o interlocutor estava próximo falavam e diziam o que tinham a dizer. Os portugueses que vivem nos partidos não aprenderam nada com os índios! Tome-se como exemplo a recente discussão sobre o orçamento de estado: - sinais e mais sinais e ninguém se entende.
Pois bem, aquilo que a maioria dos portugueses entende é que este ‘patriotismo orçamental’ se reduz a um jogo de sinais a ver quem fica melhor na fotografia. E todos sorriem ao eleitorado – CDS e PSD disputam a direita sem se comprometerem com ela. O PS faz o mesmo mas sem perder de vista a esquerda. O PCP aproveita a ausência da direita, escondida algures, por estar proibida de existir. O Bloco tenta ocupar território mas confunde a inveja com a esquerda.
Princípios?! Leva-os o vento. A discussão é de meios, de meios que justificam os fins e de fins que justificam os meios. Uma enorme hipocrisia que deixa a política sem nobreza e sem sentido.
Esperanças?!

Saudações monárquicas


Nota: - Entretanto, o ‘prós e contras’ de ontem manteve-se igual a si próprio - “uma peça fundamental da propaganda governamental quanto aos temas, convidados e estratégia. Nunca se desceu tão baixo na sujeição ao poder político”. A opinião é de Eduardo Cintra Torres, crítico de televisão no jornal Público, opinião que subscrevo.

domingo, janeiro 24, 2010

A história a vir ao de cima!

“Foi por um excesso de iluminismo que se produziu o obscurantismo” – a frase é de Rui Ramos, co-autor de uma História de Portugal (num só volume) que promete destruir alguns mitos regimentais e fazer vir à superfície algumas verdades convenientemente sepultadas.
Sobre a decadência atribuída à Monarquia e à Igreja (teorias importadas da Europa continental) esclarece que o país sempre foi pobre de recursos e que
“no momento decisivo do salto em frente no século XIX… também não tínhamos gente preparada, gente letrada em quantidade suficiente”.
Sobre as razões deste atraso em relação aos países que entretanto se desenvolveram, Rui Ramos diz o seguinte: -

“Há é uma outra explicação que nunca é referida: nenhum desses países que conseguiram uma alfabetização de massas durante o século XIX o fez contra a Igreja; foi sempre em articulação com ela. Ora em Portugal, primeiro com os liberais, a partir de 1820, e depois com os republicanos, o estado não só tentou alfabetizar a população contra a Igreja, como entendia que a alfabetização era um veículo para substituir a educação religiosa por uma educação cívica formatada em Lisboa. As ordens religiosas, que em muitos países foram fundamentais para criar uma rede de escolas, em Portugal não podiam sequer ensinar a ler durante a Monarquia constitucional. Ou seja, tínhamos na Igreja uma instituição que podia ter sido fundamental para a alfabetização da população e preferimos chamar tudo para a alçada do Estado, que não tinha recursos e, portanto, falhou.”

A entrevista continua interessante e arrasadora para o pensamento oficial. Que afinal continua a pensar (e a errar) da mesma maneira.


Saudações monárquicas (pouco liberais)
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.Fontes:
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- Entevista no 'ípsilon', caderno do Público de 22/Janeiro/2010, levada a cabo por José Manuel Fernandes.
- 'História de Portugal', da autoria de Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro.

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Afinal somos ricos

Em ano de centenário da República vale a pena meditar sobre o seguinte:

Porque é que uma Instituição concorrente, com os mesmos objectivos de representação, gasta muito menos (cerca de metade) em termos globais!
Façamos as contas – a Presidência da República Portuguesa gasta 16 milhões de euros para representar uma população de 10 milhões de portugueses;
A Monarquia Espanhola gasta 9 milhões de euros para representar 40,5 milhões de espanhóis;
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Simplesmente inconcebível! Se ao menos o serviço tivesse outro asseio... mas não tem. Sabemos que não pode ter. O rei representa a história inteira, o presidente representa uma maioria ocasional.

Talvez o banqueiro Santos Silva (presidente das comemorações do centenário da república) nos possa explicar o absurdo. Porque há-de haver uma explicação, nem que seja preciso recorrer (ou revisitar) a célebre ‘ética republicana’.
Entretanto… continuemos a sustentar este luxo. Porque afinal somos ricos.

Saudações monárquicas

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Referendar a república

Lembrou-se o PPM de referendar a monarquia! E para o efeito propõe-se iniciar a necessária recolha de assinaturas, inclusive através da internet.
Pois muito bem, o referendo do regime é um assunto recorrente neste interregno, foi uma promessa republicana, mas a verdade é que passados cem anos a república nunca foi plebiscitada.
Também tenho desenvolvido a teoria de que a haver referendo ele deve incidir em primeiro lugar sobre o regime que temos, se queremos ou não prosseguir nesta senda decadente e dependente. Para em seguida concluirmos pelo regresso ao regime que nos deu vida e grandeza, a monarquia. Penso até que tal tarefa incumbe prioritariamente aos republicanos, pelo menos aos mais conscientes, e isso tem lógica, pois como já em tempos escrevi - quem fez o nó que nos aperta a garganta, que o desate.
Penso também que em qualquer circunstância, é sempre melhor haver um referendo clássico do que não haver. Entendo por referendo clássico perguntar a uma população intoxicada pela propaganda republicana se quer a república, que apesar de tudo conhece, ou se quer a monarquia (desprestigiada pela propaganda) e que não conhece. Um referendo nestas condições daria por certo a vitória à república mas tinha duas vantagens para Portugal, a saber: -
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Responsabilizava as pessoas pelo regime que escolheram; e ressuscitava a questão do regime com todas as suas consequências.
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Uma das consequências seria a de pôr as pessoas a pensarem, até porque estou convencido que os resultados obtidos pela monarquia seriam surpreendentes pela positiva.
Mas, (há sempre um mas) muito embora defenda tudo isto desconfio dos promotores da iniciativa, porque o PPM há muito que deixou de ser referência para monárquicos e não só.
Com uma direcção divisionista (e vaidosa), que não fala de monarquia nos locais próprios (assembleia da república), mas não perde uma oportunidade para afrontar o pretendente ao trono, (fazendo claramente o jogo jacobino), dificilmente vai conseguir mobilizar os portugueses para a tarefa ingente de mudar Portugal, para melhor.
Por isso, é com as maiores reservas que olho para esta proposta de referendo, que noutras circunstâncias (por certo) me haveria de entusiasmar.

Saudações monárquicas

sexta-feira, janeiro 08, 2010

A conversa da ética…

Oh senhor presidente, com franqueza, nem no discurso de ano novo! Outra vez essa conversa da ética republicana! Mas quantas vezes é preciso explicar (para que não passe por ignorante) e quantas vezes tenho que o avisar (para que não caia no ridículo) que de cada vez que o senhor fala na ética republicana dá a ideia a quem o ouve (ainda há quem o oiça!) que vivemos oito séculos sem ética e que só nestes últimos cem anos é que descobrimos essa coisa, esse enigma sem representação na realidade, a não ser pelos piores motivos, a que vossa excelência chama ‘ética republicana’!
Já reparou no contra senso?! Que fazem afinal os seus conselheiros?!
Também não lhe explicaram que há pessoas com ética, com valores, e há outras que os não têm, afirmem-se elas monárquicas ou republicanas! Ou está-nos a dizer que temos uma história de oito séculos de independência e grandeza, sem ética, e que passámos para uma historieta de um século de pequenez e dependência, com ética?! Será assim?!
Eu sei que não, sei que diz isso sem convicção, a medo, porque não há mais nada para dizer, estamos em fim de festa, mas fica-lhe mal, é fracturante, deixe essas causas para o governo, e se já ninguém respeita ninguém, respeite ao menos a história portuguesa.

E depois aquilo que diz tem consequências, pegam-lhe na palavra, e temos agora o banqueiro Santos Silva (tinha que ser um banqueiro a presidir ao centenário da república) a repetir a mesma patetice! Com uma agravante, pois ameaça reduzir as comemorações, e vou citar, a ‘revisitar a ética republicana’! Mas como?! Aonde?! Faz parte de algum museu?! Vende-se nos centros comerciais?! Na loja dos chineses?!
E eu que pensava que iam celebrar os regicidas, os carbonários, o desastre da Flandres, a ditadura da segunda república, a descolonização exemplar da terceira, o estado da nação, da educação e da justiça, pilares de qualquer regime, ou o endividamento externo, e a previsível dependência que se avizinha. E a vizinha nunca é inocente. Mas não.

E quem pegou na deixa do banqueiro e ainda disse mais disparates foi a ministra Canavilhas da cultura: - “se mais não houvesse, bastava o sufrágio universal e a ética republicana para que se justificasse a celebração”!
Bem, o sufrágio universal da primeira república era mais redutor que o da monarquia constitucional, não é preciso ser ministra da cultura para saber isso. Quanto à ética republicana voltamos ao mesmo. E vai a senhora gastar dez milhões para celebrar a dita ética (obviamente contra a ética e contra a história) para assim, e volto a citar - “aproximar as várias camadas da população da história portuguesa”!
Com esta gente estamos perdidos.

Saudações monárquicas

terça-feira, janeiro 05, 2010

Com todas as palavras

Descobri Lhasa de Sela no dia da sua morte. Foi um encontro tardio, triste por ser triste, mas com a emoção própria da música que perdura. Pelas suas origens percebe-se o seu canto. Lhasa era mexicana pelo pai e americana pela mãe tendo estabelecido a sua vida no Canadá, pelo menos como ponto de referência, já que peregrinou pelo mundo deixando atrás de si o encanto da sua voz forte e arrastada. Noutro contexto as suas músicas fazem-me lembrar a chilena Violeta Parra ou as baladas de Leonard Cohen. Com a universalidade de se expressar em três línguas tocou por certo o coração de muita gente, daí o culto com que era seguida. Morreu cedo, aos trinta e sete anos.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

SMS de Ano Novo

Confesso que não vou ouvir as habituais mensagens de ano novo, quer do Cardeal Patriarca quer do Presidente da República. Não significa menos respeito por Sua Eminência, (um intelectual reconhecido, pouco dado a beatices mas que não recusa uma boa beata), nem tão pouco pelo supremo magistrado da nação, (pese a visível crise na magistratura), não é nada disso, não vou ouvir porque estou um bocadinho farto de discursos de submissão.
Uma Igreja que pactua com esta experiência europeia, profundamente anti-portuguesa, que visa reproduzir o sonho burocrático da extinta união soviética, usando para tal a tortura económica em lugar da tortura política! Ou então esse delírio jacobino com um imperador de tacão alto enquanto a alemã gorda estiver pelos ajustes! Não, para isso não contem comigo. Já demos essa matéria. E anda tudo doido, desde casamentos homossexuais, projectos de eutanásia, até os pacifistas de ontem reclamam legiões para hoje. Projectos de morte não faltam, basta agitar a sebenta da ‘discriminação’!
E que faz a Igreja?! Protesta, mas submete-se. Recorde-se que o estalinismo conseguiu o mesmo da igreja ortodoxa para prosseguir a sua política nefasta.
Pois bem, e que vai dizer o outro, o presidente (da junta) do desgoverno nacional, (não confundir com o primeiro-ministro que temos) – vai dizer que está comprometido com a política europeia, com o deficit, que vamos continuar a fechar os nossos portos* por causa do (novo) bloqueio continental e que vamos continuar a abrir as nossas fronteiras a todo o lixo que vier.
Para ouvir isto o melhor é mesmo não ouvir.
Se ao menos aparecesse a filha do Eduardo dos Santos a dar-nos alguma esperança e petróleo! Ou o filho do Lula a prometer o mesmo em vacas e zebus! E porque não em Cimpor, no que quiserem… ‘desde que seja nosso’!

Este é o tipo de mensagens que a cada dia que passa me agradam mais. Pelo menos percebo-as, e são em português.
Um Bom Ano
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.* Portugal quer dizer terra de muitos e bons portos.