“Num país onde a revolução de Abril acabou com a Pide para a ver substituída pelo Ministério Público.”
Antes que me prendam ou processem, ressalvo que a frase pertence ao presidente do Futebol Clube do Porto e está escrita no seu último livro. Mas a revelação não deixa de ser sintomática se a relacionarmos com a denúncia de “claustrofobia democrática” feita em pleno Parlamento, em plena festa de Abril, e a propósito da liberdade de informação!
Sei bem que a simples referência ao nome de Pinto da Costa é suficiente para levantar tempestades de ira, para criar processos de rejeição entre o nacional-benfiquismo vigente, que inclui o Sporting, mas a verdade é que PC não inventou nada, limitou-se a aplicar a norte o mesmo esquema que antes fazia as delícias dos clubes da capital, que por essa altura, durante o Estado Novo, gozavam de uma justa e virtuosa hegemonia!
Mas não é disso que tratamos agora, mas de uma frase que suscita reflexão e que pode não ser tão infeliz como parece.
Aliás, o processo “apito dourado” é um bom exemplo da desconfiança instalada, porque dá a ideia que a corrupção está localizada no norte do país, seja no futebol ou no resto. Não é verdade, todos sabemos que é um desporto nacional, generalizado, com imensos praticantes e adeptos, e se fosse possível detectar-lhe uma origem ou fundação, seríamos inclinados a apontar na direcção da capital, da Corte por assim dizer, porque é onde a modalidade tem mais possibilidades e melhores condições para se enraizar e desenvolver.
Um longo intróito para situar a parte de cima do iceberg, mas a parte de baixo é que interessa – "vivemos numa república de advogados, repleta de ameaças judiciais, onde as leis processuais dão para tudo, porque a Constituição onde assentam também dá para tudo! Isto não foi feito ao acaso, foi bem pensado pelo poder político, ou seja, pelos partidos que por estes dias andam de cravo na lapela. Resultado: um universo kafkiano onde quem tem tempo e dinheiro para sustentar processos e sustentar-se de processos, ganha sempre. O simples português anónimo, que conta os euros para chegar ao fim do mês, mesmo que sinta que tem razão, recua, aceita, baixa a cerviz. Começa aqui a servidão, acaba aqui a liberdade de expressão, que passa à categoria de figura de retórica". E as denúncias acima enunciadas começam a fazer sentido.
Antes que me prendam ou processem, ressalvo que a frase pertence ao presidente do Futebol Clube do Porto e está escrita no seu último livro. Mas a revelação não deixa de ser sintomática se a relacionarmos com a denúncia de “claustrofobia democrática” feita em pleno Parlamento, em plena festa de Abril, e a propósito da liberdade de informação!
Sei bem que a simples referência ao nome de Pinto da Costa é suficiente para levantar tempestades de ira, para criar processos de rejeição entre o nacional-benfiquismo vigente, que inclui o Sporting, mas a verdade é que PC não inventou nada, limitou-se a aplicar a norte o mesmo esquema que antes fazia as delícias dos clubes da capital, que por essa altura, durante o Estado Novo, gozavam de uma justa e virtuosa hegemonia!
Mas não é disso que tratamos agora, mas de uma frase que suscita reflexão e que pode não ser tão infeliz como parece.
Aliás, o processo “apito dourado” é um bom exemplo da desconfiança instalada, porque dá a ideia que a corrupção está localizada no norte do país, seja no futebol ou no resto. Não é verdade, todos sabemos que é um desporto nacional, generalizado, com imensos praticantes e adeptos, e se fosse possível detectar-lhe uma origem ou fundação, seríamos inclinados a apontar na direcção da capital, da Corte por assim dizer, porque é onde a modalidade tem mais possibilidades e melhores condições para se enraizar e desenvolver.
Um longo intróito para situar a parte de cima do iceberg, mas a parte de baixo é que interessa – "vivemos numa república de advogados, repleta de ameaças judiciais, onde as leis processuais dão para tudo, porque a Constituição onde assentam também dá para tudo! Isto não foi feito ao acaso, foi bem pensado pelo poder político, ou seja, pelos partidos que por estes dias andam de cravo na lapela. Resultado: um universo kafkiano onde quem tem tempo e dinheiro para sustentar processos e sustentar-se de processos, ganha sempre. O simples português anónimo, que conta os euros para chegar ao fim do mês, mesmo que sinta que tem razão, recua, aceita, baixa a cerviz. Começa aqui a servidão, acaba aqui a liberdade de expressão, que passa à categoria de figura de retórica". E as denúncias acima enunciadas começam a fazer sentido.
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O texto entre aspas e a bold, corresponde a um comentário que fiz no blog - 'A Interpretação do Tempo' ( ver link na coluna da direita).