quinta-feira, fevereiro 28, 2019

Abecedário socialista - letra A


Arrendamento: - comédia urbana em três actos com desfecho conhecido – o mercado de arrendamento morre sempre no fim!

Primeiro acto: - a primeira república congela as rendas porque os inquilinos são pobrezinhos segundo a lei, ao contrário dos senhorios que são ricos e maus segundo a tradição socialista.

Segundo acto: - a segunda república, que se auto proclamou estado novo, manteve o velho guião porque não havendo votos, é preciso manter as maiorias sossegadas. Foram mais de quarenta anos de congelamento e há quem compare os seus efeitos a um terramoto lento mas mais eficaz.

Terceiro acto: - estávamos em Abril e com ele chegou a terceira república cheia de vontade de fazer ressurgir o mercado do arrendamento. Mas como vinha com a marca republicana/socialista, e não querendo perder votos, achou que podia ultrapassar a dicotomia senhorio /inquilino transformando os portugueses em proprietários de casa própria! Aquilo que não era possível fazer nos países ricos Portugal ía conseguir! Sabemos como acabou (ou vai acabar) esta história. 

Mas como é preciso dar um fim à comédia, as alterações à lei do arrendamento não param! Na sua última versão, que a assembleia da república já aprovou, estima-se que só um herói (ou um santo) se atreva a ser senhorio! Fora, claro, os grandes fundos imobiliários que vão comprando tudo, e se perdem aqui, ganham acolá. Ou seja, temos o mercado de arrendamento possível numa república socialista de um país a fingir.


Saudações monárquicas


Nota: ADSE também começa pela letra A e talvez seja útil perguntarmos o que faz um subsistema de saúde num país socialista?! É certo que na antiga união soviética havia duas classes de pessoas – os funcionários do estado e os outros. A ideia é essa?! O SNS é para os 'outros'?!

terça-feira, fevereiro 26, 2019

Nuvens no céu azul


Para lá das nuvens sabemos que o céu é azul e essa certeza guia os nossos passos! Sabemos que azul será o regresso ao Restelo sem vencedores nem vencidos mas onde haja o respeito de ambas as partes e condições para sermos o clube de futebol que já não somos há mais de quarenta anos. E estou a ser optimista porque há um marco histórico que guardo na memória e esse sim, tem a data da nossa decadência – corresponde à venda do Yaúca ao Benfica e pouco tempo depois do Peres ao Sporting. Quem vende (ou é obrigado a vender) aos seus rivais o melhor que tem, deixa de ter capacidade para os defrontar de igual para igual. Às vezes é possível reverter a situação mas não foi esse o nosso caso. A partir dali, como diz a canção, 'foi sempre a perder'.
Esta visita ao passado é só para lembrar como são ridículas as lutas pela herança e como soam a falso as tiradas grandiloquentes dos falsos herdeiros.

Mas o céu azul também se vislumbra nas dificuldades e na forma como as vamos superando. Seja o campo para jogarmos que não temos, seja a academia para treinarmos e preparar o futuro que nunca tivemos. Fora o resto que nem comento mas está à vista de todos – a animosidade da comunicação social alinhada com os grandes interesses que controlam o futebol português.
São as tais nuvens que num dia organizam debates sobre a lei das sociedades desportivas que querem alterar, sabe-se lá porquê*, e no outro dia esquecem-se de discutir as causas da decadência dos clubes associada à enorme desigualdade vigente! Ou será que foi a actual composição da SAD que arruinou o Belenenses?!

Por isso e a propósito de céu azul eu vi o seu recorte em Braga, algumas nesgas é certo, nomeadamente nos golos que marcámos e não sofremos, na atitude de Silas e Zé Pedro no banco e na serenidade do restante staff técnico durante o jogo. E se por acaso conseguirmos chegar ao quinto lugar jogando as trinta e quatro jornadas fora de casa... as nuvens são passageiras e o céu voltará a ser azul!


Saudações azuis


*Não sou contra o aperfeiçoamento das leis que existem, embora saiba que um dos factores que mais afastam o investimento, seja qual for o sector de actividade, é a contínua alteração das leis. Mais do que alterar o que é preciso é que as leis se cumpram, doa a quem doer. E como sabemos não é isso que acontece no nosso país. No futebol então, é como se o governo (IPDJ), a Federação ou a Liga não existissem.

Nota do autor: Este postal destinava-se naturalmente ao Belém Integral mas por lapso saiu aqui. Não há problema, o assunto é transversal num país comandado pela bola. Mais própriamente a partir do camarote da Luz, o verdadeiro centro do poder. Não é assim ministro Centeno?! E tem todas as nuances da ciência política - desde o lado mais obscuro, subterrâneo, com toupeiras por todo o lado, até à réplica mini soviética dos clubes do estado! Os ingredientes são conhecidos. Vão desde o financiamento ímpar (rima com imparidades) através da Caixa Geral de Depósitos e dos bancos entretanto falidos, pudera(!), até à visão chinesa (e mais oblíqua) de um país dois regimes. E toda a gente gosta.

quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Regime familiar


A maçonaria que nos governa, laica embora frequente a Igreja, republicana mas protegendo primeiro os seus, e socialista com enorme apetência pelos bens deste mundo, enfim uma maçonaria completa, está em perda e por isso fortalece-se. Refugiou-se naturalmente na cidadela, reconhecido último bastião de todos aqueles que esperam resistir até ao fim. Levou consigo os mais chegados, as mulheres, os filhos e outros aderentes menos sanguíneos. Disso deram conta os portugueses através do anúncio singelo de mais uma remodelação ministerial! As caras e os apelidos não enganam, aquilo é uma família. E só não lhe chamam 'família real' porque ali todos se acham reis e rainhas deste deserto à beira mar plantado.


Saudações monárquicas

terça-feira, fevereiro 19, 2019

'Deus é de esquerda ou de direita'?


Num tempo de vergonha e negação daquilo que realmente somos lembrei-me de André Frossard e deste texto no seu livro 'Deus em questões'. Diz ele:

Eis uma pergunta que poderíamos chamar recreativa. Poderíamos situar Deus na direita, na medida em que nos impõe mandamentos que não foram objecto de nenhuma consulta prévia, mas poderíamos igualmente imaginá-lo na esquerda, uma vez que perdoa as nossas infracções, o que a direita sempre tem dificuldade em fazer. Seria indelicado considerá-lo 'centrista' sob pretexto de que, segundo Pascal, o universo é um circulo cujo centro está em toda a parte e a circunferência em lugar nenhum. Para resolver a questão, seria necessário estabelecer uma distinção nítida entre a esquerda e a direita. Ora, desde a morte das ideologias, que expiraram sob os nossos olhos, a diferença entre os dois partidos prende-se apenas a uns matizes verbais.

No entanto, existem sempre 'homens de esquerda' e 'homens de direita' que em nada se assemelham, mesmo quando praticam a mesma política.

Poderíamos fazer remontar a questão até ao pecado original e dizer que o homem de esquerda não acredita nele, enquanto o homem de direita acredita de tal forma nele que lhe custa aceitar a Redenção. É mais simples porém afirmar que o homem de esquerda julga proceder segundo o seu coração, o homem de direita segundo a sua razão, e que ambos se enganam. Quanto a Deus, não o vemos à vontade nem num nem noutro partido, e bem podemos perguntar-nos se não terá sido Ele quem inspirou esta sentença à nossa Simone Weil, cujo génio começa onde termina o de Pascal: - “É preciso estar sempre pronto a mudar de campo com a justiça, essa perpétua fugitiva do campo dos vencedores”.

quinta-feira, fevereiro 14, 2019

Ladainha das greves


Greves
Graves
Agudas
Esdrúxulas
Sem acento
Selvagens
Cirúrgicas
Sem apelo
Greves de zelo
De fome
Greves gerais
Parciais
Dos transportes
Dos enfermeiros
Dos juízes
Dos professores
E demais trabalhadores
Greves antigas
Modernas
Do século passado
Com o único senão
O actual e único patrão
É o Estado
Que os grevistas escolhem
Em cada eleição!

domingo, fevereiro 03, 2019

No fundo da memória


Deixei passar o regicídio, já a minha memória fraqueja, mas para quem não se lembre, o assassinato do Rei e do primogénito aconteceu no dia 1 de fevereiro de 1908, no Terreiro do Paço. Dom Carlos e o príncipe Luís Filipe sucumbiram às mãos do braço armado do partido republicano, este mesmo que hoje nos governa. E se governa. Aparece-nos subdividido, uma aparência apenas, mas na realidade vai do Bloco ao CDS, passando naturalmente pelos dois partidos centrais. Partidos siameses e tem sido uma carga de trabalhos para os separar. Que o diga Rui Rio, ao que tudo indica um genuíno social democrata*.

À frente desta tropa toda está o incontornável Marcelo, tão incontornável que, imagine-se, acumula o cargo de presidente da república com o de administrador vitalício da Casa de Bragança! Fundação criada pela segunda república para controlar os bens privados dos defuntos. Ou seja, mortos e espoliados.

Tudo o que afirmo, não sei se com exagero ou contenção, não consta da memória das novas gerações de telemóveis, único filtro disponível para a ignorância vigente. Assim será cada vez mais difícil conservar a informação daquilo que não interessa à república. O Regicídio é para apagar.

*Melhor dito: - o único social democrata deste país.