terça-feira, fevereiro 26, 2019

Nuvens no céu azul


Para lá das nuvens sabemos que o céu é azul e essa certeza guia os nossos passos! Sabemos que azul será o regresso ao Restelo sem vencedores nem vencidos mas onde haja o respeito de ambas as partes e condições para sermos o clube de futebol que já não somos há mais de quarenta anos. E estou a ser optimista porque há um marco histórico que guardo na memória e esse sim, tem a data da nossa decadência – corresponde à venda do Yaúca ao Benfica e pouco tempo depois do Peres ao Sporting. Quem vende (ou é obrigado a vender) aos seus rivais o melhor que tem, deixa de ter capacidade para os defrontar de igual para igual. Às vezes é possível reverter a situação mas não foi esse o nosso caso. A partir dali, como diz a canção, 'foi sempre a perder'.
Esta visita ao passado é só para lembrar como são ridículas as lutas pela herança e como soam a falso as tiradas grandiloquentes dos falsos herdeiros.

Mas o céu azul também se vislumbra nas dificuldades e na forma como as vamos superando. Seja o campo para jogarmos que não temos, seja a academia para treinarmos e preparar o futuro que nunca tivemos. Fora o resto que nem comento mas está à vista de todos – a animosidade da comunicação social alinhada com os grandes interesses que controlam o futebol português.
São as tais nuvens que num dia organizam debates sobre a lei das sociedades desportivas que querem alterar, sabe-se lá porquê*, e no outro dia esquecem-se de discutir as causas da decadência dos clubes associada à enorme desigualdade vigente! Ou será que foi a actual composição da SAD que arruinou o Belenenses?!

Por isso e a propósito de céu azul eu vi o seu recorte em Braga, algumas nesgas é certo, nomeadamente nos golos que marcámos e não sofremos, na atitude de Silas e Zé Pedro no banco e na serenidade do restante staff técnico durante o jogo. E se por acaso conseguirmos chegar ao quinto lugar jogando as trinta e quatro jornadas fora de casa... as nuvens são passageiras e o céu voltará a ser azul!


Saudações azuis


*Não sou contra o aperfeiçoamento das leis que existem, embora saiba que um dos factores que mais afastam o investimento, seja qual for o sector de actividade, é a contínua alteração das leis. Mais do que alterar o que é preciso é que as leis se cumpram, doa a quem doer. E como sabemos não é isso que acontece no nosso país. No futebol então, é como se o governo (IPDJ), a Federação ou a Liga não existissem.

Nota do autor: Este postal destinava-se naturalmente ao Belém Integral mas por lapso saiu aqui. Não há problema, o assunto é transversal num país comandado pela bola. Mais própriamente a partir do camarote da Luz, o verdadeiro centro do poder. Não é assim ministro Centeno?! E tem todas as nuances da ciência política - desde o lado mais obscuro, subterrâneo, com toupeiras por todo o lado, até à réplica mini soviética dos clubes do estado! Os ingredientes são conhecidos. Vão desde o financiamento ímpar (rima com imparidades) através da Caixa Geral de Depósitos e dos bancos entretanto falidos, pudera(!), até à visão chinesa (e mais oblíqua) de um país dois regimes. E toda a gente gosta.

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