sexta-feira, agosto 31, 2012

Um acto colonial

O mandinga não me larga, quer contar-me o seu drama, o problema dos papéis, uma autorização, uma dificuldade, Bissau não responde, sem isso não consegue viver! A cuanhama simpatiza comigo, o sul de Angola ficou para trás, e com ele, as inúmeras cabeças de gado que apascentava. O problema é o mesmo, os papéis, o bilhete de identidade perdido nos confins da descolonização exemplar! O mestiço indiano, que um dia aportou a Moçambique para fazer negócio, idem, idem, aspas, aspas! E eu não tenho nada para lhes dar, nem uma esperança de vida melhor. Verdade se diga que às vezes me irrito e atiro-lhes à cara a frase mortífera: - então não queriam ser independentes?! E agora querem papéis para serem portugueses?!


Estou a ser injusto, a culpa maior é nossa, fomos nós que fugimos às nossas responsabilidades, fomos nós que nos resignámos à filosofia da moda! Tão triunfante quão mentirosa! Mentirosa, sim, e o mandinga bem poderia confrontar-nos com o paradoxo: - então, vossemecês andaram a descolonizar-nos à viva força, entregaram-nos a uns quantos chefes tribais, em guerra, e agora passam a vida a implorar que alguém (o eixo franco-alemão, por exemplo) vos colonize 'rápidamente e em força'! Seja com euro-bonds, seja em federação, seja de que maneira for!


Mas o mandinga não irá tão longe. Ele quer apenas os papéis para ter uma oportunidade de vida fora do ‘seu país’. ‘Seu país’! Que tragédia para ele! Que mentira para todos nós!




Saudações monárquicas

quinta-feira, agosto 30, 2012

Porquê, João?!

Recomeço onde terminei o último postal. O Vicente não me respondeu, nem sabe sequer da pergunta. E como diria o poeta – ‘mesmo que soubesse, o que saberia?!’ Nada. Aliás, nem lhe convém saber. Poderia pôr o seu lugar em risco. Em privado talvez respondesse que nós somos assim desde os afonsinhos, um fado. E ele é apenas mais um fadista. Não está ali para mudar absolutamente nada. Um barco, uma vela, e seja o que o vento quiser. O Vicente é assim.
Vamos esquecer o Vicente.


Mas tu João, o que tens a acrescentar a este final de Agosto? Já é tempo de dares uma satisfação aos mais fiéis dos teus leitores. Àqueles que te lêem mesmo quando não acreditam!
Pois bem, escrevo, e ao porquê João, respondo em verso: - por causa da constituição!
Velha resposta desta casa mas ao que parece novíssima descoberta dos génios caseiros! É verdade! Pires de Lima, ontem à noite na televisão, só lhe faltou confessar que tem um novo guru, a saber: - este Vosso criado!


Descobriu ele (agora) que o programa que os partidos do ‘arco do poder’ assinaram com a troika é um sofisma. Um programa de faz de conta, impossível de cumprir, uma vez que a constituição de Abril, (um compromisso entre o ‘grande oriente lusitano’ e o ‘partido comunista português’) pode a qualquer altura intervir e desfazer as contas do governo! Como bem demonstra a telenovela do corte dos subsídios.
Surpresa?! Só para quem anda distraído.


Então, e agora?! O costume. A terceira república vai cair por si, irreformável, logo que a caranguejola da união europeia der sinais de que já não nos quer sustentar.



Saudações monárquicas




Nota básica:


Reparei, já no fim do texto, que voltei a responsabilizar a ‘franco-maçonaria’ pelo estado da nação. Também responsabilizei os ‘súbditos’ do partido comunista da união soviética, Cunhal e companhia, pelos belos resultados da revolução de Abril. Troika incluída.

Não é fixação, trata-se de um exercício de lógica, eu diria, linear. Basta verificar quem são os donos da bola, quem ocupa o poder. No caso da maçonaria, pelo menos desde 1820. Até já existem aguardentes com essa data!
Quando for um bispo, ou uma ordem religiosa católica, a definir a lei e o tribunal que a interpreta, cá estarei para os responsabilizar (também) pelos êxitos e fracassos da pátria lusitana.

segunda-feira, agosto 13, 2012

Uma palavra olímpica

Não há desporto escolar, nem desporto universitário dignos de nota. Somos caso único na Europa’.

Estas foram as palavras olímpicas de Vicente Moura, presidente do respectivo comité, há séculos, depois de mais uns ‘jogos’ para esquecer.

Mas Vicente Moura disse aquilo com ar compungido, como se não tivesse nada a ver com o assunto! Logo ele, indefectível sportinguista, que já deve ter repetido um milhão de vezes (pelo menos) que o seu clube é um bastião do desporto nacional! Do atletismo à ginástica, da natação ao andebol, da churrasqueira ao berlinde, e futebol, claro.

Está bem Vicente, não te vou contrariar. Mas se calhar, Vicente, é por isso que não temos desporto escolar em condições. Pois se o dinheiro, e a atenção, vão direitinhas para os clubes de futebol profissional (os três do costume), diz-me lá Vicente, como é que querias que houvesse investimento no desporto escolar! E aqui, sim, somos de facto caso único na Europa. E os (maus) resultados estão à vista.

Soluções?!

Passam pelo incentivo aos ‘clubes/modalidade’, em lugar de andar a fomentar o ecletismo ridículo de Benfica, Sporting e Porto. No fundo trata-se de trocar uma medalha de ouro quando o rei faz anos, pelas medalhas que surgem naturalmente por serem fruto de trabalho e investimento contínuos. Trabalho e investimento independentes dos resultados da bola. É assim que funciona o resto da Europa. Os países que ganham medalhas com regularidade funcionam assim. Não há aqui mistério nenhum. O único mistério é porque é que não é assim em Portugal!

Porquê, Vicente?




Saudações monárquicas

quarta-feira, agosto 08, 2012

Não há inocentes

A massacrante crise informativa, mais massacrante que a crise real, levou-nos ao jardim de infância, aquele lugar onde os reformados matam o tempo a jogar às cartas ou a responder às perguntas das nossas televisões. Um deles, exaltado, queixava-se do aumento dos preços nos transportes públicos. Um exagero, um roubo, dizia, atirando culpas ao governo. De facto, é um roubo, mas a culpa não é só deste governo. Se formos justos, se desenterrarmos um pouco o passado, poderíamos parafrasear (em sentido oposto) um jornalista/escritor que todos conhecem: - afinal, onde é que estavas quando 'Abril' nacionalizou os transportes?! Lembras-te quando gritaste bem alto, de punho fechado, que tudo o que existe é do povo?! E não és tu que não perdes uma oportunidade para dar vivas à república que tens?!
Pois bem, não te queixes, engole os aumentos, e assume de uma vez que és tu o patrão desta desgraça. Portanto, a culpa também é tua. Se fosse a ti, continuava a jogar às cartas, mas calado.

Saudações monárquicas