Insaciáveis, os partidos mandam os seus deputados à
província para recolherem, baseados na pura fama, os votos disponíveis nas próximas
eleições autárquicas!
É esta a primeira conclusão a que chegamos quando nos
informam que cinquenta deputados da assembleia da república se preparam para
concorrer a tal evento!
A segunda conclusão é que vale tudo na guerra partidária! Desde
câmaras municipais, juntas de freguesia, assembleias municipais, onde houver um
tacho a conquistar, há um deputado para o rapar!
A terceira conclusão também me parece óbvia e pode até
ajudar-nos a resolver um problema constitucional! Estes cinquenta deputados, ao
disponibilizarem-se para ocupar um cargo numa autarquia é porque têm pouco trabalho
para fazer na AR. São portanto dispensáveis, reduzindo-se assim e por esta bitola
o número de deputados a eleger no futuro. Passávamos de duzentos e trinta para
cento e oitenta, o que sendo muito, sempre seria melhor.
E temos uma quarta conclusão que é no fim de contas um
corolário da anterior! Se o mesmo deputado tanto pode servir para resolver o
saneamento básico de um concelho como para resolver o saneamento básico da
nação, isso significa que podemos eliminar uma das eleições! E assim por portas
travessas chegávamos à desejável eleição por círculos eleitorais, que seriam as
autarquias, e toda a gente passava a conhecer os deputados que elege!
Infelizmente há uma última conclusão a retirar e que contraria
todas as outras. Nem os partidos, nem os deputados, governo ou presidente,
estão preocupados com este problema. Para eles nem sequer há problema pois quanto
mais poder tiverem, melhor. E vem-me à memória o desabafo do herói de Alfarrobeira!
Saudações monárquicas