A história é anedótica mas
exemplificativa: - numa comunidade que se dedicava ao tratamento de
toxicodependentes, o terapeuta de turno, novato naquelas andanças, quando no
dia seguinte fazia o relatório dos acontecimentos da véspera, comunicou alegremente:
- correu tudo bem, está tudo bem! O director da comunidade terapêutica ao ouvir
aquilo, deu um salto na cadeira e retorquiu - pois se está tudo bem isso quer
dizer que está tudo mal! Levantou-se e foi indagar o que se passava. E de facto
estava tudo mal.
Vivemos hoje um pouco à imagem
daquela comunidade terapêutica com uma pequena diferença – não conseguimos
distinguir os pacientes dos terapeutas! São todos muito parecidos. É assim que
qualquer notícia mais agradável, umas décimas no trimestre, vamos
deixar de ser lixo, o tetra, tudo isso é imediatamente consumido como se fosse
a melhor coisa do mundo! A única barreira, o único constrangimento à felicidade
plena parece ser, como bem notava José António Saraiva no Sol, a enorme dívida
que por ser enorme impede que possamos, para já, aumentá-la com o mesmo entusiasmo
de antigamente. Mas isso é apenas uma pequena sombra no sol que ilumina este
grande país de consumidores de felicidade a qualquer preço! Vistas bem as
coisas não é bem a qualquer preço, é ao preço do voto e do poder.
Saudações monárquicas
* Bendita dívida – Jornal Sol de
20 de Maio 2017
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