Os sorrisos da noite eleitoral não podem continuar a esconder a persistente abstenção, cerca de 50% do universo eleitoral, o que para se ter uma ideia foi o dobro da registada no mesmo dia nas eleições legislativas alemãs! Com a agravante de se tratarem de eleições locais, aquelas que é suposto interferirem mais directamente com a vida das populações! É claro que não interferem nem deixam de interferir, o jogo está viciado à partida, e essa é uma das razões do descrédito eleitoral.
Mas vamos por partes. A verdadeira causa do abstencionismo português, causa que engloba todas as outras, é a própria corrupcão do regime. As pessoas sentem isso, sabem que nada de essencial muda com o seu voto, e por isso alheiam-se da política e não vão votar. Depois podemos descodificar outras razões, algumas das quais já aqui tenho aflorado. Por exemplo:
O embuste de existirem dois partidos de esquerda (PS e PSD), que pertencem indiscutívelmente à mesma família política e vão alternando no poder como se as suas propostas fossem substancialmente diferentes!
A inexplicável força do PCP, ainda a terceira força eleitoral autárquica, caso único na união europeia, e cuja explicação ninguém ousa avançar! Mas que acaba por ser uma consequência do enviesamento do xadrez partidário, pecado original da democracia portuguesa, religiosamente mantido para sustentar, à custa do empobrecimento do país, quem de facto manda em Portugal.
Na verdade, depois sabermos o que sabemos sobre o funcionamento (parcial) da justiça; depois de ouvirmos, sem desmentido, que a 'assembleia da república é um templo maçónico', ou mais recentemente, quando o GOL declara que o defunto presidente Sampaio, foi um 'ilustre que sempre compreendeu o papel da maçonaria', podemos suspeitar que, quer os juízes, quer os deputados, quer a presidência da república possam estar ao serviço de interesses ocultos! Interesses que os portugueses não conhecem, nem podem conhecer, de nada servindo portanto ir votar!
Saudações monárquicas