quinta-feira, setembro 30, 2010

O lugar da direita

Havia muitos títulos para o postal de hoje, mas era preciso escolher um e escolhi este – o lugar da direita! Os outros títulos possíveis seriam: - ‘a queda de um anjo’, e não era verdade, ou ‘Sócrates desce à terra’, que talvez fosse mais justo!
Mas o ‘lugar da direita’ é o título mais responsável por ser aquele que pode ter futuro!
Sócrates não disse tudo, ficaram de fora despesas decisivas e escandalosas – tudo aquilo que se esconde (e derrapa) nas parcerias público-privadas, e todos aqueles que não sendo funcionários públicos fazem a sua (bela) vida agarrados ao orçamento de estado! Sim, ficaram de fora pareceres e assessorias, as incontáveis excepções e mordomias que em trinta anos abriram um enorme fosso entre os ricos e os pobres deste país. E estamos a falar do "país mais atrasado da união europeia” conforme titulava hoje um jornal alemão, referindo-se a Portugal, a propósito do pacote de austeridade proposto por Sócrates!
Então foi para isto que abraçámos o ‘projecto europeu’?! Ao ponto de nos endividarmos desta maneira?!Se foi para isto não valeu a pena.
Sempre fomos pobres mas com uma diferença, gastávamos o que podíamos e eramos independentes. E essa diferença faz toda a diferença. O lugar da direita é aqui, movimento ou partido que se demarque da situação actual, que deixe de fazer fretes e concessões a quem nos desgoverna há mais de trinta anos!

quarta-feira, setembro 29, 2010

Amanhã há eleições?!

Parece que sim, tais são as jogadas de bastidores, cada um a ver se o outro se espalha ao comprido, e neste divertido jogo de interesses o interesse nacional é carta fora do baralho. Aqui não há inocentes, está tudo em campanha eleitoral, incluindo o presidente da república. E os candidatos ao cargo também. É por isso que eu sou monárquico. Nas monarquias há pelo menos uma pessoa que não está em campanha eleitoral. E aí talvez o interesse nacional prevaleça. Mas voltemos ao jogo, pois a parada subiu, já mete parceiros de fora, a dar palpites, joga a dama, joga o valete, faz bluff, diz que vem aí o FMI, ou então, passa, não vás a jogo.
Mas há aqui um problema, a bendita da constituição que temos, a tal que pode continuar como está porque não interfere com a vida de ninguém, não permite eleições neste momento! Ela tem prazos e ela é que manda! A razão da proibição deve ser ponderosa ao ponto de impedir a clarificação da situação política (através de eleições), ao ponto de suspender a democracia! É caso único na Europa democrática mas a verdade é que ninguém se importa com isso, os jogadores querem é jogar, estão viciados no jogo.

Mas pegando na sagrada constituição, sim a nossa, aquela que tem trezentos artigos, parece que António Barreto já percebeu que aquilo não funciona. Louve-se a lucidez tardia! Mas é preciso ir mais longe e denunciar a verdadeira razão porque ao fim de tantas revisões (inúteis) a constituição permanece tal como está. Ela serve de facto uma minoria (uma maçonaria) que se apoderou do poder e não o larga. Eu explico - trezentos artigos são uma maravilha para um tribunal constitucional partidário que assim pode manobrar todas as leis e decretos pois nada lhe escapa, porque nada escapa à ‘sagrada constituição’.
A verdade é esta e a armadilha é esta.

Saudações monárquicas

terça-feira, setembro 28, 2010

Programa alternativo

Levanta-te cedo e vai festejar a tua república no desemprego! Leva a faixa até São Bento, agradece a IVG que te deixou nesse estado, e quem sabe, talvez te cruzes (em sentido figurado) com um parzinho de noivos do mesmo sexo, de visita à residência oficial! Lembra-te que antigamente era pior, criavam-se ali galinhas que acabavam por pôr ovo! Passa a seguir por Belém (mas não chateies o Belenenses) e pergunta ao Cavaco, que afinal gosta do mar (sem ser para ir a banhos), porque é que mandou abater a frota de pesca e deu cabo da marinha mercante portuguesa?! Se ele respigar, atira-lhe uma última pergunta – porque é que fez questão em ser o melhor e o mais obediente aluno de Bruxelas?! Vai depois às fundações republicanas, Soares e Rosas para começar, e manifesta-te a favor desses comilões de impostos, que tu pagas, estúpido e complexado republicano. Tens inveja do Rei, não é?! Devias ter sido tu o assassinado, assim já aprendias. Dizes mal do passado?! Querias uma IVG desde o Afonsinho?! Trata-te enquanto tens medicamentos de borla, minto, pagos pela Sra. Merkel enquanto ela te aturar.

Saudações monárquicas

Nota: Realce para um artigo de opinião da autoria de Octávio dos Santos escrito no Jornal Público em 27/09/2010, e que versa sobre a falta de sentido das comemorações do centenário da república. Ali se coloca uma questão incómoda e crucial: - “ Para a República Portuguesa é mais condenável o Ultimato Inglês do que as Invasões Francesas?”

sexta-feira, setembro 24, 2010

Prepara-te para o centenário

Faltam poucos dias para a festa, o cinco de Outubro está à porta, falta pouco para os sinos tocarem, não os da Igreja proibida, perseguida, espero eu, mas não hão-de faltar guizos e chocalhos, que as bestas são muitas e fazem muito barulho.
Tudo se conjuga para que a celebração seja um êxito! Senão vejamos: - Eliminada (num passe de mágica) a incomodativa ditadura, o resto são só alegrias - vivemos a crédito com juro alto, insuportável, e a república tem a suprema esperança de viver da caridade internacional! Porque não tem vergonha e sobrevive pela propaganda, não arrisca uma medida impopular, muito menos se arrisca a tocar na nomenclatura, prefere pedir socorro ao paizinho FMI para que nos venha dar uns açoites e tome ele conta de nós! Mas há mais para celebrar, por exemplo, os duzentos nomes que constam do acórdão da Casa Pia! Não fui eu que inventei o número, foi um dos sentenciados. Provávelmente serão ilustres republicanos que faziam da instituição um hiper-mercado do prazer, mas que a investigação poupou, por falta de tempo, de meios, ou prescrição. Mas os nomes estão lá e tenho a certeza que muitos estarão na primeira fila das comemorações. E hão-de dar vivas à dita cuja! Mas ela está morta e o que aí se vê são os últimos capítulos de um pesadelo. Prestes a terminar mal esteja pronta a ligação Madrid-Poceirão. Sim, palpita-me que o próximo Filipe já não vem a cavalo, há-de vir em alta velocidade! Cumprindo aliás um velho sonho carbonário – a república ibérica. Só que não será república.

segunda-feira, setembro 20, 2010

A oligarquia

Foi mesmo agora, num desses programas da televisão (onde a opinião pública se manifesta) que eu ouvi a denúncia por parte do convidado de serviço, rapaz novo, sem papas na língua, advogado ou coisa que o valha – Tiago Caiado Guerreiro! O tema versava sobre a fiscalização do estado aos apoios sociais!
Não há fiscalização possível quando é no topo da pirâmide que se praticam os maiores abusos, isto quanto ao exemplo, pois quanto aos abusos, eles nunca serão fiscalizados enquanto a fiscalização não for independente da oligarquia. Isto é tão verdade como eu dar vivas à república.
Neste interregno, a dita oligarquia já foi identificada, já definimos a sua origem, conhecemos os seus tiques, os seus pontos de contacto, e um deles é indiscutivelmente o amor que nutrem por esta república desigual e éticamente adjectivada!
Porém algo está a mudar, até na televisão! Pois não é normal ouvir um jovem e bem sucedido advogado dizer que Portugal está nas mãos de uma oligarquia exploradora. Isso é novidade e seria até um sinal de esperança se alguém se importasse com isso. Mas ninguém se importa com isso. O povo (e a revolução cultural de Abril) contentam-se com um novo seleccionador nacional.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Reaccionários

Os que reagem ao projecto de revisão constitucional do PSD, porque reagem a qualquer projecto que seja apresentado, são naturalmente reaccionários. Falam em ricos e pobres, reivindicam o estado social, mas esquecem-se que foi à sombra da actual constituição que construímos o maior fosso entre ricos e pobres da UE. Sim, é o nosso, e não me digam que a constituição não é para aqui chamada! Porque se a constituição não conta, se não serve para nada, então pode (e deve) ser revista de alto a baixo, todos os dias, até servir para alguma coisa. Mas eu acho que serve para alguma coisa, serve para manter privilégios, serve para manter uma nomenclatura inamovível, e serve para afundar o país. Se é isto que os reaccionários pretendem, não sabemos, mas que é este o resultado, não temos dúvidas.
Por isso qualquer proposta de revisão é bem-vinda, é um começo, e é preciso começar por algum lado. Desde logo expurgar a constituição dos seus estigmas. Estamos a falar da inspiração soviética e dos tiques terceiro-mundistas. Depois é preciso reduzi-la ao essencial. Na verdade, para que a constituição seja um máximo denominador comum, uma plataforma de entendimento entre os portugueses, deve ser uma fotografia de família e não uma fonte de controvérsia. Por outro lado, se aspira a alguma longevidade, deve reflectir as grandes linhas que enformam a casa portuguesa. Nada de programas de governo, nada de aventuras ideológicas, os primeiros porque atrapalham os governos, as segundas porque passam rápidamente de moda.
Já perdemos tempo demais, está na hora de mudar, está na hora de deixarmos de ser reaccionários.

Saudações monárquicas

terça-feira, setembro 14, 2010

Agitam-se as cadeiras

A escolha do próximo presidente da federação portuguesa de futebol já começou, e falei em escolha porque nas ‘democracias’ de inspiração soviética (como a nossa) é disso que se trata. O processo é obtuso, são lançados uns nomes para a ribalta, a ver se pegam, faz-se uma ou duas rodadas de ‘prós e contras’ para que o povo tenha a sensação que participa na escolha, de seguida recolhe tudo a penates, entramos na fase dos conciliábulos mais ou menos secretos, para surgir finalmente o candidato invencível!
Determinante na decisão é o perfil do candidato: - tem que ser republicano, maçon ou equiparado, pode acumular alguma crença religiosa (benzer-se antes dos jogos mais importantes) e tem de sujeitar-se às regras do governo e dos grandes clubes, o que vai dar no mesmo. No seu mandato deve concentrar-se na propaganda do regime usando para o efeito a selecção e concorrendo à organização de grandes eventos (campeonatos do mundo ou inter-galácticos) seja à boleia de quem for, gaste-se o que se gastar. Aliás os gastos serão sempre compreendidos (e aprovados) desde que dêem dinheiro a ganhar aos três clubes do estado.
Este é o perfil necessário e dos nomes que se apontam há gente que se enquadra.
Pelo contrário, entendo que o próximo presidente da federação deveria ser um antigo futebolista, com prestígio internacional, e nem me importo que tenha sido jogador do Benfica! Pode ser o Simões, o Carlos Manuel ou o Toni. Um homem do futebol para credibilizar o futebol.

Saudações desportivas

segunda-feira, setembro 13, 2010

A profissão das penas

Ser motorista é perigoso em tratando-se de avaliação das penas. O acto de conduzir já de si perigoso pode tornar-se ainda mais perigoso se conduzimos para onde nos mandam, que é o que acontece se somos motoristas de alguém. Os perigos aumentam se distribuimos mercadoria de luxo e caímos na tentação de provar desse luxo. Às tantas, se falta alguma coisa, somos incriminados como se tudo aquilo fosse nosso ou existisse para nós. Para cúmulo, se confessamos a verdade a profissão de motorista pode tornar-se fatal! Dezoito anos de prisão maior. E já com atenuantes.
Não queiram ser motoristas.

quinta-feira, setembro 09, 2010

"Foi por ela"

Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid Paris Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas
foi por ela

foi por ela que me enfeito de agasalhos
em vez daquela manga curta colorida
se vais sair minha nação nos cabeçalhos
ainda a tiritar de frio acometida
mas o calor que era dantes também farta
e esvai-se o tropical sentido na lapela
foi por ela que eu vesti fato e gravata
que o sol até nem me fez falta
foi por ela

foi por ela que eu passo por coisas graves
e passei passando as passas dos algarves
com tanto santo milagreiro todo o ano
foi por milagre que eu até nasci profano
e venho assim como um tritão subindo os rios
que dão forma como um deus ao rosto dela
foi por ela que deixei de ser quem era
sem saber o que me espera
foi por ela

foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Paris Berlim Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas
foi por ela

Fausto Bordalo Dias (Para além das cordilheiras)

Nota do Interregno: - Para percebermos hoje o que os poetas adivinharam ontem – o enorme equívoco que foi (é) para nós a união europeia.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Adultério

A hipocrisia ocidental comandada pelos sionistas sediados em toda a parte mas especialmente na Casa Branca (Obama é inquilino, não conta) está comovida e indignada perante a hipótese de uma iraniana poder vir a ser morta por apedrejamento (lapidada), dentro da melhor tradição judaica. Tradição que entretanto se reciclou, preferindo hoje os corredores de uma morte silenciosa e injectável.
Não está em causa a crueldade da medida, somos contra a pena de morte em qualquer circunstância, mas como não gostamos de comer gato por lebre, nunca gostei, é preciso esclarecer que o que verdadeiramente incomoda tanto pacifista de encomenda, é que o adultério seja punido, muito menos com a pena de morte. E percebe-se a reacção ocidental atendendo a que o adultério é prática corrente, é inclusivamente incentivado pelos poderes públicos, e não tardará o dia em que será premiado. Eu, como acima referi, sou contra a pena de morte, acho que as penas devem ser equilibradas, e como também se destinam a desincentivar determinadas práticas, sou contra o prémio neste caso. Dir-me-ão que não é caso para fazer humor numa altura destas e concordo. Mas curiosamente (ou talvez não) tem ficado na penumbra, pelo menos ninguém o comenta, o homicídio perpetrado pela iraniana (e seu amante) na pessoa do marido! Nos Estados Unidos, em quase todos os estados, daria pena de morte. Disto já não interessa falar, o marido que se lixe, o adultério também.
São as boas práticas (e os bons exemplos) ocidentais
.

Queiroz em fogo lento

Desde que temos um presidente da federação que começa invariávelmente qualquer frase pela palavra ‘não’, está tudo dito, não é preciso acrescentar mais nada. Perceberam?! Eu também não. Mas são estes os personagens que duram nos cargos, cargos para onde são eleitos através de ‘laboriosos processos democráticos’ (as aspas são minhas), processos que lembram o antigo regime soviético, muito embora este sistema já venha do estado novo. Também não perceberam?! Eu explico: - nos ‘laboriosos processos democráticos’ vão sendo sucessivamente cooptados 'os melhores, os mais aptos, os que têm por missão salvar a humanidade de si própria’. As aspas voltam a ser minhas. O certo é que só chega ao topo da pirâmide quem der plenas garantias de cumprir os objectivos previamente traçados, mas não por ele. E agora, fiz-me entender?! Pois claro que fiz e estou a pensar em todos os dirigentes que flutuam de acordo com o princípio sagrado da cortiça. Esses em que estão a pensar.
Mas Queiroz ainda acredita que a federação e o seu presidente se atravessem para o salvar! Só por esta ingenuidade tem todo o meu apoio.