sexta-feira, janeiro 30, 2009

“O filho do meu tio”

A expressão é intrigante
Pois em família tão próxima
Não há primo tão distante!

Mas não é forte o indício
Nem a suspeita fundada
Não se assuste magistrada!

Por feliz coincidência
Seu costume é arquivar
O caso não tem ciência

E a cada rima piora…
Se querem melhor justiça
Tragam juizes de fora.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

A república dos papagaios

Usava suspensórios coloridos
Falava no direito dos arguidos
E deu na TV a garantia:
Não há pedófilos, mas sim pedofilia!

Conversa mais conversa dia e noite
Chegou finalmente aonde queria
Bastonário popular e demagogo
A cabala p’ra salvar a confraria!

República em maré de pouca sorte
Não dispensa servidor tão diligente
Está contra o magistrado do 'freeport'
E ataca no discurso toda a gente!

Pobre terra de papalvos e doutores
De néscios imbecis desenganados
Sempre à espera de um messias salvador
Nascido num escritório de advogados!

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Critérios de desempate

Não me vou alongar sobre o ‘goal average’, um critério de desempate como outro qualquer, perfeitamente regulamentado pela FIFA, que já o utilizou (sem dúvidas matemáticas ou existenciais) nas várias provas que organiza. É verdade que entretanto deixou de utilizar aquele critério, mas ninguém pode assegurar que não o venha a reutilizar no futuro. A única certeza que temos nesta matéria é que se a FIFA quiser voltar ao critério de desempate por ‘goal average’ escreverá isso mesmo no regulamento, ou seja – ‘goal average’!
Porém a questão que me traz a estas linhas é outra, também sobre critérios de desempate, mas aqueles que mais se aplicam em território nacional. São regras não escritas, permitindo um variado leque de interpretações, e derivam todas de um conhecido axioma nacional – na dúvida, a favor dos grandes.
Neste sentido os árbitros portugueses dispõem de um manancial de critérios de desempate que pode ir da grande penalidade marcada ao contrário, ao golo anulado ao adversário, evitando assim o empate!
Para a história ficam aqueles jogos que só terminavam quando os ‘grandes´ conseguiam desempatar!

Saudações azuis

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Gladiadores

Pão e Circo são expressões da decadência em qualquer época e lugar e a fazer fé na gritaria que por aí vai, estamos a viver um desses momentos.
Afinal não mudámos muito, creio até que recuámos um pouco, e imagino os tempos da ‘aurea mediocridade’, as mesmas estátuas aos vivos, com a curiosidade de um novo mandamento – ‘premiai-vos uns aos outros’!
E as similitudes não se ficam por aqui - hoje, como ontem, o ‘império’ continua a preferir ‘gladiadores’ de raiz ibérica, conhecidos pela sua destreza e coragem nas artes circenses. A fama desses escravos lutadores vem de longe e sabemos que alguns foram idolatrados como deuses!
Por isso não admira que os cinco ‘artistas’ nomeados para o prémio anual da FIFA se entendessem nos dois principais idiomas peninsulares – português e castelhano. Pois não se mudam características culturais com a facilidade que muitos imaginam.
E se isto é verdade para a destreza individual , também é, infelizmente, para a menor aptidão destes povos em se organizarem colectivamente, com as consequências que neste caso se adivinham: - a fuga dos talentos em busca de outros palcos e melhores condições.
Para os conterrâneos sobra a televisão e um sentimento de desforra que Freud poderia explicar.
Eu não.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

O partido único

Em política o que parece é, e está-me a parecer que caminhamos rápidamente para o partido único, uma fatalidade republicana como todos sabemos. Mas não se assustem porque tudo irá decorrer na melhor das democracias e com a Constituição em pano de fundo. Eu explico:
- Oficializada a crise, o chamado governo socialista propôe-se ajudar ‘todos os que precisam’, e não temos dúvidas que saberá escolher criteriosamente os alvos de tamanha generosidade.
Em primeiro lugar vem a absoluta garantia de emprego na função pública, adiando assim o necessário emagrecimento do Estado. Com esta medida acentua a desigualdade entre os portugueses mas garante a vitória nas próximas eleições. E, não menos importante, esvazia a contestação à sua esquerda.
Em segundo lugar, e pelo efeito ‘Pai Natal’, o Partido Socialista vai conquistar fácilmente ‘a direita que temos’, deixando o PSD e o CDS a ver jogar.
Nestas circunstãncias, conhecendo a artificialidade das formações partidárias e o carácter adesivo do indígena, não custa adivinhar o definhamento geral em favor da ‘união nacional socialista’. Sócrates poderá ser então uma espécie de Salazar sem botas, sem ideias, mas com alfaiate de marca.
Nesta harmónica previsão subsiste no entanto um problema, a saber: - o que este Governo Socialista pretende distribuir generosamente, não é nosso, nem sequer depende de nós. Sem contar que a pedinchice nacional é uma doença voraz.
A coisa pode não ser suficiente e isto dar para o torto.

Saudações monárquicas.

Sociedade quente e frio

Perguntava a ‘pivot’ de um telejornal qualquer: - então Sara, quanto tempo falta para o ‘pico do frio’? A enviada especial respondeu com toda a seriedade que não sabia ao certo quando o transcendente fenómeno iria ocorrer, e continuou a entrevistar uma população sorridente que saíra à rua para sentir na pele o anunciado frio da televisão!
A juntar à festa o presidente da Junta (!) mandara espalhar sal no pavimento das praças e artérias na iminência do nevão que insiste em atrasar-se!
Isto seria apenas ridículo não fosse o caso de escancarar uma sociedade infantil e robótica, telecomandada à distância.
Não senti frio, senti pena e algum receio quanto ao futuro.

domingo, janeiro 04, 2009

Gestão!

Estávamos em 2007, corria o mês de Maio, mês das flores, e o Interregno dava a notícia – Assaltos na segunda circular”!
Não era notícia, é costume arreigado, aceite, nada mais comum do que utilizar o dinheiro que é de todos para ajudar os amigos, no futebol e no resto. Sem ninguém saber, como manda a melhor caridade! Por isso não percebo a admiração do Correio da Manhã, mas percebo o meu último postal – ‘faltam-me as palavras, perdi-as algures…’!
Ainda assim pareceu-me bem começar este texto por esse vocábulo intraduzível e misterioso – GESTÃO!
Palavra de passe, como nas escritas antigas pode querer dizer tudo e nada ao mesmo tempo, é uma expressão excessiva e os excessos devem ser combatidos. Do que não tenho dúvidas é que no futuro será um insulto, um termo pejorativo.
E já me esquecia do fundo da questão – Benfica e Sporting beneficiados, a Câmara de Lisboa e o Governo sediado na mesma cidade assaltados ou violados, conforme entendam, com a particularidade de haver perfeita sintonia entre assaltantes e assaltados.
Diz o povo – ‘andam ao mesmo’.

sábado, janeiro 03, 2009

2009

Estou sem palavras, perdi-as algures, não sei ao certo, sei apenas que todos os dias inúmeras palavras são gastas a anunciar e a descrever a crise, coisa inelutável, fenómeno fora do nosso alcance ou entendimento! E ninguém se sente verdadeiramente responsável por ele! Os políticos não se enganaram na política, os economistas não se enganaram nas suas apostas, aconteceu e pronto. Um deles alvitrou no entanto que talvez fosse de reintroduzir a disciplina de filosofia nas certezas orçamentais! Aliás, a filosofia é o instrumento essencial de qualquer boa dona de casa! Que o utiliza sábiamente, por exemplo, no empadão do que sobrou ou quando se trata de fazer crescer os sonhos de bacalhau. Mas adiante, o reconhecimento de que nem tudo o que recebemos estava errado já é uma boa notícia.
E a declaração geral de inocência, hino nacional ensaiado a duas vozes em Belém e São Bento (com refrão partidário) também acaba por ser uma boa notícia.
Ficámos a saber que são irresponsáveis (já sabíamos) e que portanto não podemos contar com eles para nada.
Saudações monárquicas.