terça-feira, fevereiro 28, 2012

Honrar os mortos

Sem a sepultura que a sua condição merecia, incompreensão de quem ocupa e dirige a Fundação da Casa de Bragança, a Senhora Infanta Dona Maria Adelaide foi a enterrar em Serpa, local disponível mas circunstancial, uma vez que a ilustríssima Senhora nunca aí viveu. Não se trata de menosprezar a velha cidade do baixo Alentejo, mas a verdade é que não sendo em Vila Viçosa, património dos seus antepassados, e onde faz sentido que a sua memória permaneça, o outro lugar seria o pequeno cemitério do Monte de Caparica, como aliás era seu desejo. Monte de Caparica, sede da freguesia onde a Senhora Infanta é conhecida e reconhecida por todos, pelos mais simples, não pelas palavras, mas pelas obras.
Curvo-me ao seu exemplo de humildade, e por isso a sua morte não será motivo de querela. Fica este sobressalto que vem do fundo da história, e da alma que se quer lusitana.
Que a Senhora Infanta descanse em paz.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

A Casa Pia da justiça

Depois de oito anos de processo, de incidentes e garantias, parece que temos finalmente uma sentença! Uma sentença mais ou menos indiscutível. Digo, parece, porque ainda há nulidades e retrocessos para resolver. Mais ou menos indiscutível porque entre nós existe um órgão político/judicial pomposamente denominado ‘tribunal constitucional’ cuja função é interferir (em última análise) nas decisões aplicadas pelos tribunais de raiz! Seja como for é melhor assim do que assado o que não exclui algumas perguntas: - Por exemplo, quem se lembra das vítimas?! E os arguidos, quantos são?! Quantos sobraram, após o golpe de alta cirurgia que subtraiu ao processo quem poderia causar perturbação à república?! E as juízas (sem esquecer os juizes) quantas foram?! E os advogados?! Os procuradores?! Os investigadores?! Os jornalistas?! Os opinadores com lugar cativo na televisão?! Lembram-se?!
Perguntas legítimas, não acham?!

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

SIC-Notícias: Opinião pública

Deixa cá ver isto, pensei, é sobre o ‘manifesto - instaurar a democracia, restaurar a monarquia’, mas confesso, a expectativa era pouca. Por um lado os apresentadores navegam no politicamente correcto, por outro, Gonçalo Ribeiro Telles, o convidado de serviço e um dos subscritores do ‘manifesto’, na ânsia de explicar muito, costuma atrapalhar-se. Por fim, sobre os intervenientes, as esperanças eram nenhumas. Enganei-me. A apresentadora fez algumas perguntas interessantes, Ribeiro Telles foi claro e escorreito, até convincente, e quanto aos intervenientes admito que me surpreenderam! Alguns não eram monárquicos, confundiam por vezes o papel reservado ao rei, mas em quase todas as intervenções sobressaíu o esgotamento do regime, a república sem futuro.
Quanto ao ‘manifesto’, a proposta é simples: - vamos falar sobre o nosso futuro, o futuro de Portugal, o que queremos para nós e para os nossos filhos. Em suma, instauremos primeiro a democracia, ou seja, discutamos abertamente o regime que temos, sem tabus, sem constituições intangíveis, sem limites materiais, sem sofismas.
Depois dessa discussão, os subscritores do manifesto estão convencidos que a população se inclinará para a restauração da monarquia. Eu tenho a mesma convicção.

Saudações monárquicas

Nota: As perguntas e os telefonemas valem o que valem mas a verdade é que no fim do programa o resultado a favor da monarquia foi esmagador – 88% dos tele-espectadores 'disseram' preferir a monarquia à república!

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

O pacto social e os direitos adquiridos!

Vem o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, mais que certo seguidor de Rousseau e pelo que sabemos, indiscutível apagador de provas que pudessem incriminar o nosso engenheiro Sócrates, vem, dizia, falar-nos de direitos adquiridos! Para além disso, o meritíssimo também leu Camilo e, reconheça-se, é ilustrado, razão suficiente para sermos prudentes. Diz ele que direitos adquiridos são todos os que decorrem do pacto social estabelecido (algures) entre o indivíduo e o estado. Talvez seja verdade mas pergunta-se: esse indivíduo na hora de assinar era laico, republicano ou socialista?! Tinha abjurado de Deus, da Pátria ou do Rei?! Tinha adoptado em vez disso a liberdade, a igualdade e a fraternidade jacobinas?!
E o estado que compareceu no tabelião, era este?! Um estado desigual, que cavou um enorme fosso entre ricos e pobres?! Um estado onde todos querem ser funcionários públicos, não para servir, mas para adquirir direitos! Um estado que não quer ser independente, que apaga memórias, que destrói os traços da sua existência e perenidade?!
Foi com este estado que eu assinei o contracto social? Um estado que inclusivé, e sem me perguntar, já suprimiu (ou rasurou) o ‘c’ do contracto que assinámos! E da gramática que estudámos!
Se é este o estado, meritíssimo, não tem que se admirar que a maioria não se reconheça nele.

Saudações monárquicas