segunda-feira, outubro 28, 2019

Lendas e narrativas – o nosso Brexit!


Não há dúvida que este Brexit fez disparar os alarmes da nação! E o embaixador encalhado em Bruxelas, apercebe-se que não há marcha à ré, a nau inglesa está mesmo de partida! Apesar de todas as manobras, de todos os males que lhe vaticinam, desde a desunião do reino, à fronteira da Irlanda, à independência da Escócia, eu sei lá, como se alguém se preocupasse tanto com o mal dos outros!

O problema do embaixador no entanto era outro. E pergunta-se, o que vai ser de nós, nós que embarcámos nesta união sem plano B, em fuga ao nosso destino, às nossas responsabilidades, e agora, mais periféricos do que nunca, como vamos recuperar a centralidade perdida?!

Começa a delirar, revisita a história, o período filipino, a memória napoleónica, o bloqueio continental e acorda. Foi um pesadelo. O euro existe, é irreversível, e neste mundo tecnológico, global, quem precisa de mar e de navio?! No entanto esta ideia de termos a velha aliada como concorrente e talvez adversária numa eventual disputa com o eixo franco-alemão não lhe agrada. Pensa também nas ex-colónias, no pedido de Angola para entrar na Commonwealth (Moçambique já era) e uma ruga franze-lhe o sobrolho.

Afasta a ideia, liga a televisão, o futebol ocupa todos os canais, fala-se de Ronaldo e dos treinadores portugueses, os grandes navegadores da era digital! Jesus está no Flamengo e recoloniza o Brasil, Queiroz que andou pelas arábias é um deus na Colômbia e tantos outros espalhados pelo planeta transformando todas as verdades numa só: – o mundo é uma bola de futebol!

Está na hora de chamar o 112, concluiu o embaixador.

sexta-feira, outubro 25, 2019

Balada eurocéptica


Um eurocéptico
Um só que seja
Pra variar
Pra nos salvar desta omissão
Tão nacional, tão anormal,
Que é não haver 
Oposição em Portugal!

Um eurocéptico
Um só que seja
Que nos proteja desta união
Imaginária, rosa bancária,
Que nos dá tudo
Pra levar tudo 
Por um tostão!

Um eurocéptico
Um só que seja
Para lembrar
Que há uma história
Uma memória, uma raiz,
E que sem ela 
Não há país!

sexta-feira, outubro 11, 2019

André Ventura e o bobo da corte!

Ricardo Araújo Pereira, bobo da corte socialista e pelos vistos guardião do nacional benfiquismo, indigna-se e acusa André Ventura de instrumentalizar o sagrado emblema das águias, a honra do Eusébio, e não sei que mais, ao fazer-se eleger deputado pelo Chega! Que segundo o bobo, e outros indignados, é um partido horrível de extrema direita. 

Pensei ao princípio tratar-se de mais uma piada sem graça mas afinal parece que é verdade, há mesmo uma carta e uns quantos signatários que se dizem benfiquistas, que estão indignados e se sentem traídos pelo André Ventura. A tese, falsa como Judas, é básicamente a seguinte: - o André Ventura nunca seria eleito se não andasse a fazer as tristes figuras de comentador/cartilheiro e ao mesmo tempo grande defensor do impoluto Vieira! E continuo a dizer que não é uma piada, é mesmo a sério! Só que não é verdade e eles sabem. 

Para quem se lembra, André Ventura ganhou estatuto eleitoral quando denunciou a subsídio dependência em vigor e as injustas desigualdades que provoca. O rótulo de benfiquista só o prejudica e só lhe tira votos. A clubite nunca elegeu ninguém. E não é preciso ser muito inteligente para perceber isto.

Mas já é preciso ser inteligente para aproveitar esta 'ajuda' involuntária do Ricardo Araújo Pereira e restantes indignados. Basta que o André Ventura dispa a camisola do adepto e assuma definitivamente o papel de deputado. E tem muito com que se entreter. Já que gosta de futebol pode começar por aí. Pela corrupção, pela concorrência desleal, etc. No futebol e no resto. 

Quanto à instrumentalização política do Benfica estou de acordo com os signatários quando dizem - 'a instrumentalização política do Benfica é errada por princípio'! O problema é que no fim as coisas são bem diferentes. Basta tirar uma fotografia ao camarote da Luz em dia de jogo e ver a lista de convidados.


Saudações monárquicas



quarta-feira, outubro 09, 2019

'Portugal protege os poderosos e corruptos'


"Numa altura em que a União Europeia adoptou uma directiva com vista à melhoria da protecção de 'whistleblowers', Portugal está a tomar a direcção errada ao tratar Rui Pinto desta forma. Enquanto Rui Pinto está na prisão em Portugal, procuradores de nove países (incluindo França, Bélgica, Espanha, Holanda e Inglaterra) abriram investigações baseadas nas revelações do Football Leaks", assinala a antiga magistrada, que foi também membro do Parlamento Europeu.

Num comentário assinado no jornal norueguês VG , Eva Joly refere que há uma organização sem fins lucrativos - a Signal Network - que apoia denunciantes como Rui Pinto e que estima que já foram passados 35 milhões de euros em multas com base na informação divulgada pelo Football Leaks.


"É um facto que a cooperação de Rui Pinto com os procuradores estrangeiros parou desde que foi preso em Portugal. A detenção atrasa o trabalho que outros países estão a fazer na luta contra a corrupção no futebol", acrescenta Joly, apontando o dedo às autoridades lusas:

"O que é que Portugal está a fazer para combater a corrupção na indústria do futebol? Nada? Portugal está a investigar a corrupção revelada através do Football Leaks? A resposta curta é não. As autoridades portuguesas sublinham que não podem usar as revelações do Football Leaks, uma vez que consideram terem sido obtidas ilegalmente. Quando o enquadramento legal não é suficientemente bom para combater a corrupção, é hora de Portugal pensar se a legislação não deveria ser alterada. É hora de Portugal se desenvolver", assevera a ex-juíza, antes de concluir.

"Portugal devia actualizar a sua legislação para que consiga combater a corrupção no futebol de forma eficaz. Caso contrário, Portugal só será visto como um país com um sistema legal ultrapassado, que protege os poderosos e os corruptos e prende os que escolhem falar", remata Eva Joly.

(lido no jornal O Jogo)


Adenda:

'O despacho secreto relativo ao caso de Tancos demonstra, mais uma vez, que algo de muito grave se passa no Ministério Público. Não é normal que, num estado de direito, superiores hierárquicos condicionem a fluidez de um inquérito e prejudiquem a investigação apenas para não incomodar certas personalidades. Este é o mesmo Ministério Público que se recusa a investigar as minhas denúncias e que usa de todos os meios legais, e ilegais, para me manter numa medida de coacção excessiva e desproporcional.'

(Rui Pinto no twitter)

segunda-feira, outubro 07, 2019

Razões de um voto


Votei em Rui Rio e não me arrependo. Devo fazer parte daqueles 4% que levaram o PSD dos 24 aos 28% e retiraram a maioria absoluta ao PS. E por consequência ensombraram os sonhos do Costa e da restante corja.
Mas há outro objectivo que não foi alcançado pela corja, a saber: - Rio perdeu as eleições mas não foi humilhado e em cada um dos seus adversários/inimigos, sentiu-se isso. A partir de agora vão ter que contar com um adversário político de respeito. Temível no debate, seja em que matéria for, Rio é alguém que diz a verdade aos portugueses, que não entra em manobras de Tancos ou operações Marquês, alguém que não frequenta os camarotes da bola (e da corrupção), nem mete a família no governo.

É neste contexto que vamos assistir ao desgaste constante do próximo governo socialista a cada passo desmascarado por um opositor que não tem nada a perder. Como sempre frisou, está ali em primeiro lugar para servir o país e não precisa de tachos porque tem outra vida lá fora. Aliás e a provar que a estratégia de Rio é correcta veja-se como o PS na própria noite eleitoral se refugiou na esquerda, que é o seu lugar, propondo alianças a toda a gente. Sem querer deixou o centro que mais tarde ou mais cedo vai cair nas mãos de Rio.

E agora uma palavra sobre a demissão de Assunção Cristas. Chefe de um partido que nunca soube nem quis ocupar a direita, o CDS não era alternativa a ninguém, e sem saber já tinha morrido. Foi a enterrar no cinco de Outubro, um dia antes das eleições. Como curiosidade a filha de Adriano Moreira, outro antigo líder centrista, dava gritos de contente a cada passagem do discurso de vitória de António Costa! Quanto aos deputados centristas que ficaram desempregados vamos vê-los certamente nalguma televisão a fazer comentários de futebol. Uma prática que Cristas não soube (ou não quis) proibir. E devia.

E falta falar dos pequenos partidos, aqueles que elegeram pela primeira vez deputados, no caso um deputado cada um:

Iniciativa Liberal – um partido interessante que no Parlamento vai fazer oposição ao socialismo e conta nos seus quadros com gente capaz. Tem o problema de se chamar liberal como já em tempos frisei. Mas se conseguir ir para além do liberal, ir para além da economia e finanças, pode ser uma das bases de um futuro grande partido de direita.

Chega – André Ventura tem vocação e pode aspirar a uma carreira política. Mas isso só acontecerá no dia em que se afastar do futebol em geral e do Benfica em particular. Pode continuar a ser do Benfica, desde que não diga, e pode gostar do Vieira, desde que os eleitores não saibam. Incluindo os eleitores benfiquistas. Se conseguir fazer isso e rápidamente penso que tem futuro. Até porque já mete medo a alguns comentadores de esquerda.

Livre – podia dizer que a gaguez compensa mas estaria a ser injusto para a beleza da agora deputada. Além de outras qualidades menos visíveis e que não consegui entender num debate a que assisti na televisão. Só percebi que é mais uma deputada de esquerda.


Saudações monárquicas

quarta-feira, outubro 02, 2019

Deficientes em campanha!


Começo por mim, deficiente com atestado oficial, para dizer o seguinte: - a instrumentalização das deficiências físicas para captar esmola é uma prática ancestral, tem a idade do homem. Expostos na praça pública suscitavam (e suscitam) a compaixão e a generosidade dos passantes. Utilizar o método para chamar a atenção é coisa mais recente e tem a idade da esquerda para quem vale tudo para captar votos. Daí a gaga que se prestou ao papel no Livre, daí o cego no Partido da Terra, e falta apenas ouvirmos o mudo num próximo comício. Isto é o mais baixo a que pode descer o oportunismo político. Minto, há um degrau mais abaixo que é onde estavam todos os que assistem calados e coniventes com esta farsa.

Nota: Outros deficientes na campanha são os candidatos republicanos. Pedem esmola para o regime que criticam! E o único candidato monárquico nunca fala no pretendente ao trono! Afinal o país é que é deficiente.


Saudações monárquicas