sexta-feira, dezembro 30, 2016

Bissexto

Diz o povo – ‘ano bissexto não enche um cesto’ – é assim nas colheitas mas podia não ser assim na política! Mas é. Embora os políticos não o digam abertamente a verdade é que vivemos num eterno presente. Um presente cheio de boas notícias, anunciadas à vez por um primeiro-ministro sorridente ou pelo presidente da república que nos caiu em sorte! Com o raro dom da omnipresença aparece sozinho em todo o lado mas vem sempre acompanhado por uma câmara de televisão! Neste país o amanhã não existe, ou só existe no fantasioso reino da ‘pós verdade’ ! Aqui, os nossos desejos substituem a realidade numa espécie de embriaguez colectiva apenas perturbada por alguns sensaborões que não acreditam que nos tenha saído a lotaria! De facto a lotaria chama-se hoje BCE, o grande responsável pela sobrevivência das geringonças que por aí andam. A portuguesa, a grega, etc.! O único objectivo é manterem-se no poder. As geringonças valem por si e os países que se danem.
E com tudo isto esqueci-me de falar no ano bissexto. Afinal é só mais um dia de quatro em quatro anos. Para acertar calendário.


Saudações monárquicas 

terça-feira, dezembro 27, 2016

Natal

Quando estas senhoras se forem embora morreu um mundo e tão depressa virá outro melhor. Mestras da caridade, tias para uns, mães para muitos, exemplo para tantos, mudavam a vida dos outros mas nunca mudaram as suas vidas! Hoje estão velhinhas. A tia Madre Deus deixou-nos no dia de Natal. Na missa de sufrágio todos tinham direito a pêsames!   

quarta-feira, dezembro 21, 2016

Guerra e Paz

Em paz e guerra fiz assim o meu poema
Das coisas más e que ainda me dão pena
Pra me salvar embarquei numa aguarela
Pintei no mar uma frágil caravela

No horizonte estive tão perto do céu
Subi o monte para ver o que era meu
Então desci, fui descendo até ao fundo
Não percebi que o meu reino é doutro mundo

Em paz e guerra, fui João com muita pena
E assim escrevi, fui escrevendo o meu poema!

quinta-feira, dezembro 15, 2016

Há sempre um tribunal à tua espera!

Existe um país, na periferia do mundo, onde o dia de ontem é igual ao dia de hoje e será igual ao dia de amanhã! O tempo ali não corre e podíamos pensar que estávamos perto do paraíso, mas não, estamos apenas na sala de espera de um imenso tribunal! Um tribunal superior, daqueles que não admitem recurso nem réplica. As suas sentenças são previsíveis e não se destinam a fazer justiça. Porque o grande objectivo constitucional desse país é deixar tudo na mesma. Por vezes acontece haver alguma agitação, alguém que reage, a suspeita de um crime, uma diligência necessária! Nessa altura a luz vermelha acende-se e o tribunal entra em alerta amarelo! E se o caso se complica, actua! Pode então mandar destruir provas, soltar suspeitos, suspender averiguações, desautorizar sentenças, pode práticamente tudo! O que ele não pode é obrigar as pessoas a gostar disto.


Saudações monárquicas

terça-feira, dezembro 13, 2016

O regime é o mesmo!

Há por aí alguns comentadores que gostam de comparar os vícios do presente com os vícios do passado (do tempo da outra senhora como lhe chamam!) fazendo disso grande alarido como se o actual regime estivesse livre desses pecados! Ou fosse diferente! Mas não é. No essencial o regime é o mesmo. E nem a evidência de termos um presidente da república que é filho de um ministro de Salazar e afilhado de outro, os convence! Eu percebo, é gente desenganada da política, gente que na sua juventude terá sido comunista ou coisa parecida e neste percurso de regresso à normalidade ainda não consegue ver as coisas a direito. Não é por isso que deixo de os ler até porque são combativos e dizem umas verdades.

Vem isto a propósito de um artigo de Helena Costa que li no Observador onde a autora se insurge contra a actual censura prévia, contra o ‘lápis azul’ que esconde as notícias incómodas enquanto vai plantando outras que interessam à propaganda do regime. Mas qual é a surpresa e qual é a dúvida?! 
Nenhuma dúvida sobre uma comunicação social unânime*, comité de propaganda de interesses obscuros! E digo obscuros porque quando se esconde a realidade, o motivo há-de ser sempre obscuro. Também nenhuma surpresa para quem conhece a história universal da república – começa com um golpe e acaba numa ditadura.** E as ditaduras nunca dispensam a censura.


Saudações monárquicas


*O Correio da Manhã e o Sol escapam, por enquanto, a esta unanimidade.


**As ditaduras actuais são (quase) todas republicanas. E 'democráticas'! 

quinta-feira, dezembro 08, 2016

Caixa Geral de Depósitos - banco público ou privado?

A Caixa Geral de Depósitos precisa de ser recapitalizada, o que quer dizer em linguagem corrente que faliu! Porque é que faliu nunca o saberemos até porque já decorrem as necessárias averiguações e auditorias cujos resultados são fáceis de adivinhar. Um dia sairá um relatório suficientemente espesso e vago como é normal acontecer nestas ocasiões E acontece assim porque a Caixa Geral de Depósitos nunca foi um banco público mas sim uma coutada da terceira república! Nesse sentido podemos dizer que é um banco super privado. A ele só têm acesso os partidos do poder (sempre os mesmos há mais de quarenta anos!) e algumas corporações que os dominam (sempre as mesmas há mais de quarenta anos)! É por isso que a Caixa está falida. E é por isso que esta querela sobre se a Caixa deve ser pública ou privada serve apenas para entreter o pagode. Eu gostava que ela fosse pública, que estivesse ao serviço dos interesses do país e não, como tem estado, ao dispor da nomenclatura republicana. Se têm dúvidas, sigam o rasto das ‘imparidades’ e descubram quem beneficiou com elas!



Saudações monárquicas



  

segunda-feira, dezembro 05, 2016

Parole, parole, parole…

Tão novinho e já com tanto paleio! É a imagem que fica do italiano Renzi que dentro da melhor tradição socialista queria domesticar a democracia e reduzir a Itália a uma campina rasa e devidamente centralizada. É no fundo a ideia liberal, napoleónica, estalinista, de um homem, um voto, e depois mandamos nós, os ‘eleitos’, e o rebanho que vá pastar! Mas de que tratava então o referendo italiano?! Nada de especial e só me dou ao trabalho destas linhas porque pelas notícias e pelos comentários não se fica a perceber patavina! Ora bem, o nosso Renzi quis (e quer) fazer uma reforma constitucional visando acabar com os ‘riscos’ do ‘populismo’! E o que é o ‘populismo’?! O ‘populismo’ para a esquerda bem pensante é tudo aquilo que democraticamente a possa arredar do poder. A democracia em última análise é sempre um ‘populismo’ se os resultados forem contra as suas expectativas. São assim ‘populismos’ a decepção do Brexit, a vitória de Trump, a ameaça conservadora em França, a hipótese Grilo em Itália, etc.! Uma das soluções previstas para contrariar o povo seria uma emenda na lei eleitoral seguindo o exemplo grego que atribui uma percentagem adicional de votos a quem fica em primeiro lugar nas eleições. E assim, por acrescento, acabavam-se com regionalismos inúteis que só atrapalham os grandes líderes do futuro! Como Renzi pensa que é.

Já perceberam?! Eu também não. Mas posso perceber que em Portugal nada disto é necessário porque nós já fizemos esta reforma há muito tempo! Por essa reforma fomos dispensados de nos pronunciarmos sobre a adesão à união europeia, ao euro, ou a qualquer outro assunto de interesse nacional! 'Eles' decidem por nós. Em contrapartida temos coisas boas. Por exemplo, ainda é possível assistir ao vivo, em Almada, a uma encenação do comité central do Partido Comunista Português como se estivéssemos em Moscovo na revolução de Outubro! Não me digam que isto não é bonito! Parece um filme!


Saudações monárquicas

sábado, dezembro 03, 2016

Portugal – que democracia é esta?!

Se o conceito de democracia perdeu hoje qualquer sentido a culpa não é minha é dos democratas. Foram eles que criaram a ilusão de que por essa via o 'povo' (outra expressão enigmática) estaria sempre bem representado! Os factos e a história revelam precisamente o contrário! E nem precisamos de ir muito longe, fiquemos por aqui, em Portugal, e vejamos como funciona (na prática) a nossa democracia!

Temos um primeiro – ministro que perdeu as eleições; temos um governo que os portugueses não escolheram nem escolheriam se lhes tivesse sido proposto durante a campanha eleitoral; temos um partido na assembleia da república, “os Verdes”, que nunca foi a votos! Isto quer dizer que em mais de trinta anos de existência ninguém sabe, nem o próprio partido saberá, qual o seu real peso eleitoral! E temos, para compor o ramalhete, um presidente da Câmara Municipal de Lisboa (natural do Porto!) que também não foi eleito!
Dir-se-à que tudo isto é legal e eu acredito. O que não acredito é que o tal ‘povo' esteja a ser bem representado.

Ainda assim estamos a falar de trocos quando comparados com o flagelo democrático que dá pelo nome de abstenção! Cuja fasquia não cessa de subir! E a pergunta impõe-se: - quem representa afinal os interesses deste ‘povo’?! A justificação mais fácil e que é comum apresentar diz-nos que a elevada abstenção é um fenómeno normal nas democracias avançadas! Justificação ridícula porque dizer isto ou não dizer nada é precisamente a mesma coisa. Outros, decerto menos democráticos, tendem a culpabilizar os faltosos e passam à frente! No entanto o problema da representação democrática mantém-se e fica por resolver! 

Até que em desespero de causa há sempre uma 'alminha democrática' que se lembra de citar Winston Churchill! Um erro que convém corrigir. O antigo primeiro-ministro inglês não pode ser convocado nesta matéria. Ele falava de outra democracia! Falava no contexto de uma monarquia assente na tradição o que faz toda a diferença. Neste contexto, de facto, não há problemas de representação. E até a democracia funciona.



Saudações monárquicas

quinta-feira, dezembro 01, 2016

A independência e a crise da representação!

Quando vivemos de empréstimos não somos independentes. Quando a dívida supera aquilo que podemos produzir e pagar nunca seremos independentes. Quando relativizamos tudo isto e achamos normal viver assim deixámos de querer ser independentes! É neste ponto em que estamos, numa república de memória selectiva, e que verdadeiramente não sabe para onde ir! Não sabe nem tem capacidade para saber. E por isso dá beijinhos a toda a gente! Beijinhos atlânticos misturados com juras de amor continental! Abraços ibéricos e nostalgias africanas! No cerne do problema está a crise da representação! Crise indisfarçável que o sufrágio universal por si só não resolve.

Dois exemplos de má representação no mesmo dia: - a mão na omoplata da rainha protagonizada pelo ‘mestre dos afectos’ mas que pelos vistos ainda não aprendeu a distinguir a vida pública da vida privada. E a falta de educação dos deputados do Bloco que pelos vistos se esqueceram que estavam ali em representação de muitos eleitores que gostariam que eles fossem bem educados. E que de certeza não votaram numa república ibérica.
Tanto num caso como noutro os interesses pessoais ou de facção sobrepuseram-se aos interesses da grei. Aos interesses de uma Pátria independente.



Saudações monárquicas

Há coisas que doem...

A visita dos reis de Espanha doeu-me como me doem as feridas que não saram. Doeu-me pela república que sofremos. Doeu-me pela felicidade dos outros. Doeu-me mais porque há qualquer coisa na memória do tempo que a torna real e próxima de acontecimentos funestos. E porque me doeu afastei-me da felicidade geral, dos sorrisos deslumbrados, da sucessão de eventos sem significado nem história. Mas na sociedade da informação ninguém consegue alhear-se totalmente daquilo que não gosta! Por isso soube da homenagem ao Fundador e soube do jantar oferecido aos reis de Espanha nos Paços dos Duques de Bragança em Guimarães. Soube e teria preferido não saber. Explico: - Afonso Henriques não teria compreendido a homenagem e o Duque de Bragança nunca pode ser convidado para sua casa.
Sei do lirismo e do bom senso, da extravagância e do sentido de estado, e sei de muitas palavras que satisfazem as conveniências do momento. Mas há um momento em que é preciso, com lança ou sem ela, 'riscar no chão o tamanho do nosso coração'. O dia da independência é um desses momentos.


Saudações monárquicas