Há tanto tempo confinado
perdi a noção do tempo. Guio-me então pelas estrelas e o sol é a
maior que conheço. Um sol que ilumina e aquece e permite aos
portugueses sonharem com a praia como última fronteira da
felicidade!
Esta obsessão nacional é
relativamente recente já que antigamente a população preferia um
picnic no campo debaixo de uma sombra que a protegesse da canícula.
Outros tempos e outras imagens. Hoje o que temos é um presidente da
república a mergulhar em Cascais e um primeiro ministro a
bronzear-se na Caparica. Sem luta de classes.
Porém uma nuvem negra
ameaça o desconfinamento eleitoral. Em Lisboa e Vale do Tejo,
capital e arredores, o contágio agrava-se e fica provado que a
pronúncia do norte não tem a ver com o vírus. Há outros factores.
O mais provável é ter que ver com o facto de cerca de três milhões
de portugueses habitarem na área metropolitana de Lisboa e ainda
com um pormenor que tem escapado à maioria dos opinadores – o
coronavírus não está em campanha eleitoral!