sábado, julho 30, 2011

Chavões de esquerda

O interregno gosta de desmontar (ou esvaziar) os chavões que entretêm as plateias do nosso tempo! Dou como exemplo o chavão ‘neo-liberal’ com que se apoda todo aquele que quer simplesmente desconstruir o ‘estado soviético’ implantado entre nós. Entre nós e na Europa! E não preciso de vos remeter (de novo) para o russo Bukovski que num artigo a que chamou – ‘eu já vivi o vosso futuro’ – faz menção a esse facto, a propósito da ‘construção da união europeia’. Construção efectuada à revelia dos respectivos povos e inteiramente condicionada por burocratas, sabe-se lá ao serviço de que interesses.
Mas voltando ao chavão que aqui nos trouxe, e face às anunciadas medidas para retirar o Estado de onde nunca deveria ter estado, é preciso esclarecer que não existe outra maneira de desmantelar ‘um estado a caminho do socialismo’ que não seja através de privatizações e cortes em tudo o que é Estado a mais. Os beneficiários do estado gordo vão naturalmente protestar e gritar que o país caíu na mão de perigosos apologistas do ‘estado mínimo liberal’ mas não têm razão. Este governo não é liberal, está simplesmente a tentar arranjar dinheiro para pagar as contas do Estado. E uma delas, que desde o 25 de Abril de 1974 nunca parou de aumentar, é relativa às despezas com o pessoal. Uma conta calada. Que levou o país ao sobreendividamento e à ruína. Portanto, quando (neste contexto) ouvirem alguém chamar liberal a alguém, já sabem que é alguém que quer continuar a viver à conta de alguém.

quarta-feira, julho 27, 2011

A Europa inválida

Isto aconteceu há muito tempo, numa época em que o laicismo triunfou sobre a crença e em sinal de vitória mandou retirar os crucifixos das escolas públicas, para não ferir a sensibilidade (dos pais) das criancinhas. Foi assim que a Europa deixou de ser cristã e a misericórdia secou no coração dos homens. Neste vazio cresceu um materialismo compulsivo, os valores passaram a ser cotados em bolsa, e muitos se admiraram quando um alucinado norueguês chacinou uma série de compatriotas. Eram vidas humanas, mas a vida humana tinha perdido valor.

segunda-feira, julho 25, 2011

Os mais desfavorecidos!

Este é um postal com bolinha ao canto do ecrã, não vá ele ofender as almas mais sensíveis! Pois bem, eu esperava que este novo governo se libertasse do trauma dos ‘mais desfavorecidos’, expressão que anima a demagogia socialista e tem o condão de multiplicar os ‘mais desfavorecidos’! Mas não, a propósito do aumento dos preços dos transportes públicos, lá aparece, no fim do discurso, o passe social que contemplará os ‘mais desfavorecidos’!
Descontando o aspecto negativo, que é o facto de haver ‘transportes públicos’ em lugar de ‘serviço público’ prestado seja por quem for, indaguemos então quem serão os beneficiários de tal medida! Por outras palavras, quem são afinal os mais desfavorecidos?!
Serão os desempregados de longa duração? Serão os que ultrapassaram determinada idade e perderam capacidade reivindicativa? Serão os que algum imprevisto ou doença atirou para uma situação de grande carência? Ou serão aqueles indigentes que vivem abandonados, ao Deus dará, e não frequentam qualquer tipo de transporte?!
Desconfio que não serão estes os alvos do passe social. Inclino-me mais para a hipótese deste ‘subsídio’ ir engrossar a lista de benesses sociais habitualmente atribuídas aos profissionais da pedinchice, que como se sabe, infestam o ‘estado socialista’. Que é diferente do ‘estado social’, porque neste, é suposto haver fiscalização em vez de demagogia.
Eu sei que poderiam ser apresentados alguns exemplos (pungentes) do estado de necessidade em que vivem determinadas pessoas, mas insisto, não serão essas que no fim das contas serão beneficiadas com o passe social.
Uma sugestão (também com bolinha encarnada): - a Índia há muito que resolveu o problema dos ‘párias’: - são intocáveis e a sociedade já sabe que tem que os suportar. Mas atenção, são ‘párias’ legítimos, não são falsificações. Não possuem televisão nem andam em transportes públicos.

Saudações monárquicas

sexta-feira, julho 22, 2011

Os ex-presidentes!

Se fosse presidente republicano faria jus ao meu título: - apeava-me do eléctrico em Belém, tomava posse no Palácio, exercia a magistratura de influência sem me esquecer das minhas origens, e sempre que tivesse que decidir entre a maioria que me elegeu e a minoria que votou no meu adversário, não haveria de ter dúvidas. No fim do mandato resistiria à mais que provável reeleição, tomava o eléctrico e voltava para casa. Igual ao que fui, sem gabinete, sem secretária, sem segurança. Poderia então vangloriar-me de ter sido um presidente da república genuíno.
Não é infelizmente o que sucede entre nós: - deixam-se reeleger, contrariando assim o espírito republicano, e pior do que isso, aceitam continuar numa posição diferencial em relação ao comum dos cidadãos! Com a agravante de pesarem no orçamento de estado! A título de quê?! Porque simplesmente lhes foi atribuído o título de ‘ex-presidente’! Título honorífico, sem qualquer utilidade social, situação que tanto combateram na monarquia!

Mas esta febre nobilitante não abrange apenas os ex-presidentes da república! Ela ameaça expandir-se, alargando-se a outros universos e a outros cargos. Cargos que ameaçam tornar-se vitalícios, quiçá, hereditários! Vem agora ao caso a proposta de continuidade de algumas mordomias do ex-presidente da AR! Não sei de quem partiu a ideia, mas parece-me uma má ideia. E não invoco razões orçamentais, invoco apenas questões de princípio. A não ser que se queira transformar a assembleia da república numa câmara dos pares! Deputados, filhos (e filhas) de ex-deputados já temos. Já não falta tudo.


Saudações monárquicas

segunda-feira, julho 18, 2011

O amigo americano!

É caso para dizer – ‘com amigos destes ninguém precisa de inimigos’! Obama defende-se invocando uma amizade mais prosaica – ‘amigos, amigos, negócios à parte’! Mas eu não sei se gosto de amigos destes?! Se calhar não gosto. Até porque Obama, no momento de trair, ou seja, quando afirmou que não era da nossa laia, não referenciou a Irlanda! Esqueceu-se?! Ou a Grécia e Portugal deram-lhe mais jeito por não pertencerem ao universo anglo-saxónico?! Mas Obama, se reparar bem, também não pertence. Aliás terá sido por não pertencer que a sua eleição suscitou tanto entusiasmo fora dos Estados Unidos.
Enfim, mais uma desilusão para quem tinha ilusões. Para esses, o melhor é esperarem pelo próximo presidente americano, talvez seja um índio apache, descendente dos que sobreviveram à amizade anglo-saxónica.

Saudações monárquicas

sábado, julho 16, 2011

‘Pai Soares’

Foi nome de cavaleiro, um dos apoiantes de Afonso Henriques, mas hoje os pergaminhos são outros. Mário Soares, pai desta terceira república, intimou os dois candidatos à liderança do PS a não cederem na revisão constitucional. Não se muda nada, nem uma vírgula!
Nada que nos espante, pois há muito que sabemos que a dita constituição, longe de ser uma referência para todos os portugueses, serve apenas os desígnios de uma facção, de uns quantos que a usam para se perpetuarem no poder e nas mordomias.
Por isso enquanto ela não mudar, nada vai mudar em Portugal. O estado continuará a ser gordo e socialista, os poderes ocultos continuarão a manobrar à vontade, porque uma constituição com trezentos artigos (uma das maiores do mundo!) dá para tudo. Dá, por exemplo, para bloquear qualquer iniciativa que ponha em causa os interesses da casta dominante. Dá para manter uma enorme vozearia de ‘esquerda’ contra qualquer medida que o governo anuncie. Vozearia, diga-se, completamente desconforme com os resultados eleitorais. Como agora se viu em relação à sobretaxa extraordinária: - unidos pela constituição, PS, PCP, BE e PEV, este último com a particularidade de nunca ter ido a votos, arrebatam o tempo de antena, e zurzem nos dois intrusos!
E quem são os dois intrusos?! São os partidos a quem os portugueses confiaram o governo de salvação do país, mas que provávelmente não o podem salvar porque a constituição não permite! Porque Soares não permite. Curioso país, não acham?!

‘Pai Soares’ pode (por enquanto) dormir descansado. A sua terceira república vai continuar a ser de esquerda, o seu partido socialista vai continuar a dar cartas, e a sua constituição continuará imutável. Até quando?! Até ao dia em que um qualquer golpe a há-de derrubar. Seguir-se-á então uma quarta república, que reclamará para si uma (nova!) constituição para Portugal!
Isto acontece num país com quase dez séculos de história, um país que tem concerteza uma constituição muito forte para aguentar com tantas constituições. O que me leva a concluir que talvez esteja na hora de restaurarmos a verdadeira constituição, a tal que é muito forte e vem resistindo a tudo.

Saudações monárquicas

quinta-feira, julho 14, 2011

Estamos fritos

A ideia persistente que nos é transmitida pode assim resumir-se: - o problema (a dívida) talvez exista mas a responsabilidade não é minha. Não é nossa. De quem é, então?!
Pois bem, é dos outros, é do excessivo poder das agências de rating, tem a ver com a crise financeira internacional, é concerteza da união europeia, que tarda em assumir as minhas (nossas) dívidas, é do capitalismo, do neoliberalismo triunfante, é da Grécia, da Irlanda, da China, da guerra entre o dólar e o euro, é tudo junto e ao mesmo tempo, e rematam, com a única verdade palpável: - porque estamos a viver uma época histórica sem precedentes! Eu podia acrescentar - infelizmente.
Em silêncio ficou a dívida que voluntáriamente fomos contraindo, ao longo de anos e anos de irresponsabilidade, vivendo acima das nossas posses, fazendo finca pé num socialismo de trazer por casa, na expectativa (também irresponsável) de que alguém haveria de pagar a factura, na crença (própria de ateus confessos) que o Estado (seja lá o que isso for) é entidade que faz milagres todos os dias!
Esta é a crónica habitual dos jornais, e é a conversa que se ouve (e vê) a todas as horas na televisão.
Conclusão: - estamos fritos. E bem fritos. Afinal quem espera alguma coisa de uma sociedade irresponsável (leia-se, infantil) só merece estar frito.

terça-feira, julho 12, 2011

Os dias difíceis

Quando de repente damos conta da enfermidade dos outros, esquecemo-nos um pouco de nós próprios e perguntamos se será importante ou útil emitirmos opiniões, deste ou daquele assunto, contemporâneo ou transacto, a economia do euro ou do dólar, a guerra financeira que move outras guerras, enfim, um mundo de trivialidades.
Mas a simples menção de escrever, se for cuidadosa e esforçada, talvez se justifique face á grandeza dos factos, da vida e da morte. Assim, assinalamos a morte de um príncipe católico que em vida se manteve príncipe e católico, naquilo que de essencial os distingue – o exemplo. Ao ponto de ser lícito afirmar que o planeta fica mais pobre com a sua ausência.
Além do exemplo cabe ainda acrescentar que em vida, Otão de Habsburgo, foi um homem clarividente. Previu a doença dos estados modernos, a doença da democracia totalitária, indefesa face aos interesses das castas e dos lobbies. Democracia totalitária pelo facto de todos serem eleitos da mesma maneira. Incluindo o árbitro do sistema!
O ‘interregno’ transcreveu em tempos uma pequena obra da autoria de Otão de Habsburgo – ‘A monarquia na era atómica’ – onde o ilustre pensador esclarece toda esta problemática.
Prova de que afinal continua vivo o herdeiro do Império Austro-húngaro! Império que não teve solução depois dos Habsburgos!

quinta-feira, julho 07, 2011

O lixo

A propósito de lixo, classificação com que fomos brindados por determinada agência de rating, decidi raciocinar (!) sobre uma hipótese académica: - imaginei-me um potencial investidor em Portugal. Medi riscos, vantagens, e cheguei às seguintes conclusões:

Dados positivos - O governo é novo, tem uma maioria a sustentá-lo, e mostra alguma vontade reformadora; positivo também o facto de alguns ministros serem independentes, no sentido de não pertencerem (pelo menos que se saiba) às tradicionais agremiações que controlam o aparelho de estado; e por falar em estado, o estado de necessidade em que o país se encontra também acaba por ser, pelas piores razões, um factor que pode ajudar às necessárias mudanças;

Dados negativos – Desde logo algumas reticências sobre o ímpeto reformador deste governo na medida em que não põe o acento tónico na revisão constitucional! O que leva a crer que não será desta que abandonaremos o socialismo, ou o seu caminho, e sabe-se como um estado a caminho do socialismo ainda engorda mais... pelo caminho! Caiem assim por terra todas as promessas de uma dieta eficaz, dieta que reduza de vez a dimensão e a gordura do Estado. Afinal, causa e consequência da dívida que nos asfixia.

Mas insistindo na meta patriótica a que me propus, ou seja, investir no país que me viu nascer, sou forçado a optar pelo 'investimento à portuguesa'! Que é grosso modo este: -



Resolvo os problemas burocráticos através do filho do meu tio; caixa de robalos incluída; insinuo-me no círculo restrito de uma daquelas agremiações mais ou menos secretas, mais ou menos partidárias, onde possa assegurar crédito, pareceres favoráveis, desembargos, nulidades úteis e inúteis, prescrições; escritório de advogados incluído; não me posso esquecer do futebol (uma entrevista a dizer que sou do Benfica e um jogador em carteira dão sempre jeito); tão pouco me vou esquecer da comunicação social; comunicação social amiga, já se vê, com um ou dois jornais incluídos; televisão?! Veremos.

Lá mais para a frente, quando o negócio prosperar, pensaremos numa fundação. E numa verba para o próximo centenário. A regra básica destes investimentos é nunca perder o Estado de vista. O Estado ou quem lá manda.

Dados estes passos (posso ter-me esquecido de algum) garanto-vos que é perfeitamente possível investir com sucesso em Portugal. O problema é que as agências de rating também sabem disto.

Saudações monárquicas

quarta-feira, julho 06, 2011

Antigamente…

Antigamente, quando tinha vinte anos, se me dissessem que no futuro existiriam comunidades terapêuticas para tomarem conta de adultos incapazes de se conduzirem como pessoas livres… eu não acreditava! E menos acreditava se me garantissem que se tratava de uma epidemia (ou doença civilizacional) que afectaria um número considerável de pessoas!
No outro lado da descrença, se soubéssemos que nos primórdios do século XXI, o dia-a-dia dos portugueses (e o dia a dia da união europeia) estaria resumido ao problema da dívida (e às correspondentes decisões das agências de notação) admito que nunca teríamos embarcado nesta aventura… da união europeia e do euro!
Haveria alternativa, perguntam-me?! E eu tenho apenas uma pergunta como resposta: - haveria alternativa ao consumo de drogas?! Melhor: - há alguma alternativa às dependências?!

Saudações monárquicas

domingo, julho 03, 2011

Os problemas sexuais da esquerda!

Nos últimos tempos, com uma frequência talvez exagerada, as questões relacionadas com o ‘amor’ (e seus derivados) têm vindo a tomar conta dos noticiários, all over the world, numa espécie de telenovela apimentada que o público já não dispensa. E não sei se por acaso ou má sorte, a verdade é que no centro da trama amorosa, se assim lhe podemos chamar, aparecem invariávelmente uma (ou mais) figuras da esquerda política! Seja nacional, seja internacional!
No plano nacional todos conhecemos o pendor da nossa esquerda parlamentar para se debruçar sobre tudo o que se relacione com as partes mais íntimas do ser humano. Quiçá numa tentativa de as estatizar! Com efeito, desde a defesa do aborto até ao casamento gay, a esquerda não descansou enquanto não fez aprovar a competente legislação sobre o assunto. E só não sabemos qual será a próxima iniciativa sobre a matéria, porque a imaginação também tem os seus limites!
Entretanto, no chamado reverso da medalha, a esquerda mantém um contencioso sexual com a maior parte das legislações em vigor, legislações que ajudou a criar mas que por ironia do destino, de tão puritanas em relação aos outros, caiem às vezes em cima da cabeça dos seus criadores!
Foi assim na Casa Pia, um problema que só encontrou solução (à esquerda) através das conhecidas ‘formas superiores de luta’, que em tradução livre significam - justiça corporativa, amiga do infractor, processo interminável, etc!
E é assim a propósito do recente caso Strauss-Khan, socialista francês que terá seduzido uma criada de hotel, que posteriormente o acusou de violação. Verdade, chantagem, ou ambas as coisas, aqui o que chama a atenção é o paralelismo entre a libertação de Pedroso (lembram-se do eco e do entusiasmo socialista na altura) e o mesmo eco que os media internacionais deram agora a uma simples alteração das medidas de coacção que impendem sobre o arguido!
O crime, tenha ou não existido, deixa de interessar (nunca interessou) se o arguido for um personagem de esquerda!
‘Assim vai o mundo – Actualidades francesas’! Lembram-se?!