quinta-feira, julho 07, 2011

O lixo

A propósito de lixo, classificação com que fomos brindados por determinada agência de rating, decidi raciocinar (!) sobre uma hipótese académica: - imaginei-me um potencial investidor em Portugal. Medi riscos, vantagens, e cheguei às seguintes conclusões:

Dados positivos - O governo é novo, tem uma maioria a sustentá-lo, e mostra alguma vontade reformadora; positivo também o facto de alguns ministros serem independentes, no sentido de não pertencerem (pelo menos que se saiba) às tradicionais agremiações que controlam o aparelho de estado; e por falar em estado, o estado de necessidade em que o país se encontra também acaba por ser, pelas piores razões, um factor que pode ajudar às necessárias mudanças;

Dados negativos – Desde logo algumas reticências sobre o ímpeto reformador deste governo na medida em que não põe o acento tónico na revisão constitucional! O que leva a crer que não será desta que abandonaremos o socialismo, ou o seu caminho, e sabe-se como um estado a caminho do socialismo ainda engorda mais... pelo caminho! Caiem assim por terra todas as promessas de uma dieta eficaz, dieta que reduza de vez a dimensão e a gordura do Estado. Afinal, causa e consequência da dívida que nos asfixia.

Mas insistindo na meta patriótica a que me propus, ou seja, investir no país que me viu nascer, sou forçado a optar pelo 'investimento à portuguesa'! Que é grosso modo este: -



Resolvo os problemas burocráticos através do filho do meu tio; caixa de robalos incluída; insinuo-me no círculo restrito de uma daquelas agremiações mais ou menos secretas, mais ou menos partidárias, onde possa assegurar crédito, pareceres favoráveis, desembargos, nulidades úteis e inúteis, prescrições; escritório de advogados incluído; não me posso esquecer do futebol (uma entrevista a dizer que sou do Benfica e um jogador em carteira dão sempre jeito); tão pouco me vou esquecer da comunicação social; comunicação social amiga, já se vê, com um ou dois jornais incluídos; televisão?! Veremos.

Lá mais para a frente, quando o negócio prosperar, pensaremos numa fundação. E numa verba para o próximo centenário. A regra básica destes investimentos é nunca perder o Estado de vista. O Estado ou quem lá manda.

Dados estes passos (posso ter-me esquecido de algum) garanto-vos que é perfeitamente possível investir com sucesso em Portugal. O problema é que as agências de rating também sabem disto.

Saudações monárquicas

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