sexta-feira, dezembro 30, 2005

Candidatos a seguir ao Almoço

Fechei os olhos... e caí no labirinto. Perdi-me num caprichoso jardim, mas não era em Versalhes. Pelos recortes das cornucópias, com torcidos e tremidos, talvez fosse Queluz! Quis fazer uma baliza mas não consegui... é impossível jogar à bola no século dezoito!
Fui então até ao campo e do tronco de uma àrvore, fiz um poste. No outro poste ficou uma pedra. Finalmente pude rematar. O esférico impelido com força perdeu-se no espaço e eu devo ter acordado. Voltei à leitura – era um artigo do Fernando Rosas, um arqui-inimigo, que dissertava sobre Sócrates no Afeganistão e americanos no Iraque. Provavelmente foi por isso que eu também me perdi.
Li até ao fim e fiquei surpreendido. Então não é que concordei com o homem!
Já na página anterior se tinha passado uma coisa esquisita – numa simples legenda, Jerónimo de Sousa apareceu-me como um patriota e eu não tive coragem de o negar!
Comecei a ficar preocupado, mas o pior estava para vir.
Interessei-me por Cavaco e Soares, valorizei as tristes figuras que fazem para continuar candidatos – Aníbal com um saco de plástico na cabeça, a observar limões, enquanto Mário, noutra página, dava beijocas a uma velhinha!
A situação descontrolou-se. Achei graça à pose do Poeta e foi já a minha pessoa transtornada que descobriu um Louçã simpático, um tipo ‘às direitas’! Sem aquele ar amargo de quem passou a adolescência a levar tampas das miúdas.
Pensei em pedir ajuda, telefonar a alguém, mas contive-me, o problema podia ser passageiro.
É no que dá adormecer a meio do jornal!

terça-feira, dezembro 27, 2005

Desde o início

Fui ver, li os títulos destes quase oito meses de vida, comparei-me com o propósito inicial, questionei os fins, e creio estar em condições de Vos apresentar o seguinte balancete:
- O exercício, que começou a treze de Maio de 2005, e as datas valem o que valem, apresenta um resultado francamente positivo! Sou parte neste juízo, mas confesso que não esperava durar tanto tempo, iniciado escriba que sou, em mundos tão desconhecidos.
Uma ou outra vez, o anúncio da desistência esteve próximo, mas o longo Interregno que se perfila à minha (e nossa) frente, deu-me mais coragem para prosseguir. E aqui estou, neste final de ano, para me lembrar das virtudes e dos erros:
- Em primeiro lugar a questão do Regime, não como questão menor, mas como condição essencial à sobrevivência de Portugal e da sua Missão Histórica. Reafirmei sempre que a Monarquia e o governo misto que lhe anda associado, são os ‘instrumentos de serviço’ desta era atómica onde nos cabe viver. Não são coisas do passado, como os parasitas de turno nos querem fazer acreditar – fazem publicidade enganosa, que a nossa divergência e a vizinha Espanha, todos os dias se encarregam de desmentir.
- Defendi, na altura das eleições autárquicas, a criação imediata de Regiões Autónomas, começando pelas zonas históricas mais desertificadas e subdesenvolvidas, à semelhança do que se praticou com sucesso na Madeira e Açores. A contra argumentação do costume, alegando duplicação de órgãos e eleitos, é expediente para manter tudo como está, ou seja, os centros de poder nas mãos dos aparelhos partidários, sediados em Lisboa.
Curiosamente, alguns dos que as contestaram em nome da coesão nacional, parecem agora render-se à necessidade da regionalização... em nome da coesão nacional! Mais vale tarde do que nunca.
- Assisti à golpada de Sampaio, à ascensão de Sócrates, ao chumbo da constituição napoleónica.
À impunidade na Casa Pia – sem um ai, uma reticência, um grito de revolta. ‘O medo é ainda o grande Senhor do povo português’!
- Propus, no plano interno, o ‘incêndio assistido’, supervisionado pelo Governo (durante as férias do primeiro-ministro), como forma de salvar a mata que resta, e sem o risco de pessoas e bens. Ora aqui está uma coisa que o ‘regionalismo’ podia resolver, evitando ‘ironias’ sobre o assunto.
- Terrorismo em Londres. Lembrei-me de Zaer Sha, o Rei Afegão exilado em Roma, destituído pelos americanos, e a quem os americanos foram pedir ajuda para conter os ‘sacerdotes’!
- A crise da União Europeia, e uma série de problemas – a Inglaterra que não quer pagar a agricultura francesa. O cheque que nós imploramos. O risco da desunião.
O Império à nossa procura, para o bem e para o mal – Mal, pela imensa sanzala que deixámos para trás, por egoísmo e cobardia. Bem, porque serão eles, que em última análise, nos obrigarão a ser independentes!
- Sonhei com as Côrtes do Mar, que realizariam os anseios de tanta gente, d’aquém e d’além. Um sonho português.
- As catástrofes da natureza. Perplexo, ‘vivi’ de novo o terramoto, só para exaltar o Marquês e esquecer os Santos!
- As consequências dos nossos actos e decisões – violência em França, manobras com Crucifixos em Portugal.
- O leilão do Presidente – para acabar tudo em beleza! A farsa continua depois do Ano Novo.
Tanta coisa que um Partido Monárquico podia fazer, sem alianças, recusando o poder enquanto não tivesse poder. Há aqui matéria para defender na Assembleia da República, por monárquicos a sério.
Boas entradas para todos.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Um poema de Natal

Natal

Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.

Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.

Miguel Torga

quarta-feira, dezembro 21, 2005

RTP revisitada

Passou na televisão! Um, mais velho, a fazer de rainha de Inglaterra, o outro, mais hirto, a fazer de Cavaco Silva! O mais velho disse que o Presidente é para estar, não serve de nada querer fazer, não tem poderes para isso. O mais novo, não quer cortar fitas, quer ajudar o Governo a governar!
A ‘rainha de Inglaterra’ esteve sempre mais próxima da nossa realidade, conhece bem o ‘País’ que ajudou a construir.
Cavaco Silva, que nos anos oitenta, conseguiu atrelar a ‘caranguejola’ ao comboio da Europa, esqueceu-se, nessa altura, de mudar de passageiros! Levou com ele a tropa fandanga de Abril, com as suas boinas guevara, e alma de pedinte.
Lixou-se.
Vinte anos depois quer repetir a experiência! A ‘caranguejola’ segue no fim da composição, quase a desatrelar-se, mas ele é teimoso. Verdade, que os passageiros parecem diferentes, estão melhor enfarpelados, usam fato e gravata...mas a alma é a mesma. São pedintes.
Vai-se lixar.
Mas ainda há uma hipótese de continuarmos na mesma.
Soares pode ir a uma segunda volta!

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Lembranças do Pai Natal

Nestes últimos dias do Advento convém moderar o discurso, suavizar as críticas, perdoar e esquecer algumas afrontas.
De acordo com a tradição, este é também o tempo de pôr debaixo da chaminé e dentro do sapatinho, uns quantos pedidos e aspirações, que o Pai Natal se encarregará de satisfazer. Não vou ser muito exigente, nem estou a pedir para mim, é para oferecer aos mais necessitados – aos chamados Órgãos de Soberania!
Começo pelos Tribunais ou seja, começo pela Justiça:
E começo por parafrasear uma célebre ‘tirada’, atribuída ao General Carmona, a propósito do julgamento de gente importante, na ressaca de mais um golpe ou revolução falhada: ‘ Quando vejo no banco dos réus portugueses tão ilustres, só posso concluir que a Pátria está doente’!
Provavelmente, hoje, faria mais sentido dizer isto doutra maneira: ‘Quando só vejo no banco dos réus a arraia-miúda, posso concluir que a Pátria está mais doente do que nunca! Está de rastos’!
É por isso que eu pedia ao Pai Natal, se fosse possível, e sabendo que o bom funcionamento da Justiça é a pedra angular de qualquer País civilizado, que nos desse de presente uma Justiça independente e responsável. Independência e responsabilidade são duas realidades indissociáveis. Responsabilidade perante terceiros, não o actual circuito fechado e corporativo.
Quanto à Assembleia da República, pedia ao Pai Natal que inspirasse os nossos deputados a fazerem um esforço de contenção legislativa. Por exemplo, metade da produção do ano que agora finda podia ir directamente para a co-incineração. Como é material muito poluente, serviria para testar o sistema! No lugar de legislar com tanta intensidade, os eleitos deviam dedicar-se mais e com mais coragem às tarefas de fiscalização que lhes cabem por inerência. E se não fosse muita insistência, pedia-lhes pela milionésima vez que retirassem da preclara Constituição, o ‘ferrolho do medo’, que impede os portugueses de substituírem a República pela Monarquia, se assim o entenderem!
Agora o Governo, tarefa sempre difícil para qualquer Pai Natal, ainda para mais quando se sabe que este Governo vem adoptando um comportamento peculiar!
Está sempre a querer dar presentes aos portugueses, não exactamente o que estes lhe pedem, presentes acessíveis, como seja, uma vida mais barata, com menos impostos, mas ao contrário, prefere dar presentes caríssimos, enormes, do género Ota, TGV, Jogos Olímpicos... tudo coisas que não cabem lá em casa! Por isso eu pedia ao Pai Natal que se impusesse. O nosso Governo está-lhe a fazer uma concorrência desleal.
Por último, o Chefe de Estado Republicano. E neste caso, espero bem que seja o último. No entanto, começam aqui todas as minhas dúvidas e incertezas!? Os sinais não são nada animadores.
A não ser que o Pai Natal nos fizesse a todos uma grande surpresa... Dar a Portugal o único presente que o País realmente precisa – o fim do Interregno.
Prometo, que não pedia (nem escrevia) mais nada.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Escola Pública ou Escola do Estado?

Há males que vêm por bem. Referimo-nos a esta pseudo-polémica sobre os crucifixos na parede, com ateus e laicos à mistura.
Pode ser o princípio da luta sem quartel que teremos que travar contra o estalinismo instalado, há longas décadas, no ensino e na escola a que é uso chamar ‘pública’. Não é pública coisa nenhuma, são escolas do Estado, à maneira soviética, norte coreana ou salazarista.
Se a escola fosse realmente pública, estava a cargo da sociedade civil e com a necessária autonomia, ao abrigo portanto, da insanável ‘paixão’ que o Estado sempre alimenta, quando se trata da educação dos seus ‘rebentos’! O Estado é um péssimo educador e para o comprovar, não precisamos ir muito longe, chega-nos a recente experiência da Casa Pia.
Agora o que ninguém esperaria da tentação ‘educativa’ do Estado, é esta nova versão dos ‘comissários políticos’, espécie de ‘guardas vermelhos’ da ‘constituição de Abril’, que vistoriam escolas e corredores à procura de símbolos da religião Católica! Aliás, a dita ‘constituição’, e pese as inúmeras revisões que sofreu, mantém-se no essencial como um verdadeiro cavalo de Tróia, por onde se infiltram todos os parasitas e todas as moléstias que de há trinta anos para cá afectam a sociedade portuguesa, descaracterizam o País e nos atiram, irremediavelmente, para a cauda da Europa.
Os traidores são os mesmos, com o punho cerrado e cartilha em punho, lá continuam a querer impor à maioria da população os seus conceitos minoritários, que esta já rejeitou, na rua e nas urnas!
É tempo de pedir responsabilidades ao regime constitucional em vigor, pela situação lamentável do ensino ‘público’ em Portugal, um dos mais caros da Europa e em contrapartida, o que piores resultados apresenta, quer à vista desarmada quer nas estatísticas! No último ranking disponível, a OCDE colocava-nos atrás da Turquia!
Já aflorámos este tema do ensino, num texto anterior, em que começámos por propor algumas medidas profilácticas, nomeadamente – desparasitar o sistema. De seguida, a imediata e óbvia entrega da escola à sociedade civil, e por fim sugeri, a renovação da secular parceria com a Igreja Católica, parceria que nos identifica como povo e está na essência da nossa realidade como Pátria. O resto é conversa.
Se a criancinha se incomoda ou lhe faz confusão o crucifixo ou outro símbolo da nossa identidade, só podemos concluir que está no sítio certo, a escola, para esclarecer as suas dúvidas e desfazer confusões, desiderato que, pelos vistos, a respectiva família não conseguiu alcançar!
Resta falar dos professores, que infelizmente fazem parte do problema e não da solução! São funcionários públicos a leccionar em escolas do Estado, como agradaria a Kim Il Sung (pai e filho). Os nossos impostos pagam a sua formação e também os livrinhos que ensinam aquelas pérolas da cultura aos nossos jovens, como por exemplo: Portugal renasceu em Abril de 1974, desmentindo outro nascimento ocorrido em 28 de Maio de 1926 (com o Dr. Salazar), que por sua vez já tinha negado um nascimento anterior, datado de 5 de Outubro de 1910. Não esquecer ainda, a mãe de todos estes nascimentos que têm vindo a ser desmentidos, uma francesa com barrete frígio, que pariu em parte incerta, nos idos de 1820!
Ora bem, este é o tipo de coisas que os nossos professores ensinam e nos levam rapidamente a duas conclusões: não há Pátria nem aluno que aguente tantos nascimentos falhados, isto por um lado. E por outro, que assim será sempre muito difícil crescer!
Eu sei que nesta altura os professores protestam e sentem-se ofendidos. Mas eu tenho muita pena de dizer o que vou escrever – com os meus impostos só aceito pagar a formação profissional dos seguintes portugueses: os militares e os trabalhadores da saúde. Uns para defenderem a saúde de Portugal, outros para defenderem a saúde dos portugueses. Sobre a Justiça, temos que conversar. Fora disto, aprendam nas instituições a cargo da sociedade civil, sejam Misericórdias, Instituições privadas de solidariedade social, empresas e outras organizações, (onde existam critérios de competência), a quem o Estado deve entregar os meios para cumprirem os seus objectivos.
Quem é que fiscaliza tudo isto? Os órgãos eleitos, com naturalidade e responsabilidade.
A democracia há-de servir para alguma coisa!
Falta aqui a cereja em cima do bolo – ‘e quem guardará os guardas’, perguntou Luís XI?
Eu pergunto – E quem fiscalizará os eleitos?
Em teoria, os eleitores. Mas na prática, só o Rei assegura tal tarefa. E com a vantagem de ser uma certidão de narrativa completa! Aí, qualquer um pode ler, sem dúvidas nem desmentidos – nascemos em Guimarães, no ano de 1143. Crescemos em monarquia, tivemos as crises próprias da idade, tornámo-nos livres e independentes... e fomos nós que pusemos os crucifixos na parede.
Sobre ensino, estamos esclarecidos.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Actualidades Francesas

Quem não se lembra, a preto e branco, antes de começar o ansiado filme. Eram dobradas com voz forte e característica por um daqueles locutores do regime, talvez mais do que locutores. Qual regime? Este, que está à nossa frente, o mesmo de sempre. Sem esforço, imaginemos a nossa semana noticiosa:
- O primeiro-ministro lançou hoje a primeira pedra do grande empreendimento que dá pelo nome de TGV, e que vai finalmente trazer para o litoral a população que ainda se mantém, renitente, no interior do País!
Depois de enaltecer o alcance da obra, que vai gerar não sei quantos empregos, e colocar-nos de novo a par com a Espanha, José Sócrates deslocou-se ao Seixal, a tempo de lançar a última pedra na academia benfiquista. Aí, na presença do Presidente (Vieira) e de outras altas individualidades, o primeiro-ministro relembrou que este será o maior complexo desportivo da Europa, base do desígnio nacional, já por si diversas vezes enunciado – Lisboa já merece ter um campeão europeu.
Foi com a voz embargada que exclamou – o futuro da Pátria está nesta relva...
- Sócrates aproveitou a oportunidade para falar das dificuldades e dos sacrifícios, que temos que compreender face ao défice das contas públicas, pesada herança do passado. Este é um Governo que fala a verdade aos portugueses e por isso, concluiu, ainda não será desta que o salário mínimo se aproximará da média europeia! Apontou para 2030!
Notícias do Desporto:
- Decorreu na melhor harmonia e identidade de pontos de vista o debate entre os candidatos presidenciais Cavaco e Jerónimo. Aliás ainda não se descobriram verdadeiras diferenças entre os cinco presuntivos árbitros do regime. Lucílio Baptista, conhecido árbitro internacional, especialista em dar uma no cravo e outra na ferradura, está fora da corrida.
Intervalo.
A seguir podem ver:
Bonecos animados: ‘Freitas e os aviões’.
Filme em cartaz (reposição): ‘O Pátio das cantigas’, com novo elenco.
Lotação esgotada.

sábado, dezembro 10, 2005

Condi entre nós

A Secretária Arroz veio à Europa explicar-nos que não anda a torturar ninguém. Para não sermos mariquinhas. Meter a cabeça de um egípcio ou de um afegão dentro de um balde de água, e fingir que o queremos afogar, é só uma brincadeira!
Até porque se podem poupar imensas vidas. Fez um desenho para percebermos e lembrámo-nos da teoria Truman sobre a bomba atómica! Elimina-se um milhão para ganhar dois milhões (não estamos a falar de dólares).
Este ponto ficou esclarecido, até porque esta rapariga já tinha ameaçado os europeus, que ou se metem a fundo nesta ‘guerra contra o terrorismo’, ou então, ela e os americanos fazem a guerra sozinhos!
Outro ponto esclarecido.
Pelo meio, uma confidência – Arroz, entusiástica admiradora da obra do dissidente soviético Soljenitsine, admitiu que sempre ficou fascinada com o arquipélago gulag! Espalhá-lo pelo mundo inteiro seria uma modesta homenagem à memória desse grande lutador anti-comunista!
Ficamos também esclarecidos.
As únicas dúvidas que ainda resistem, são as seguintes:
Estamos a ganhar ou estamos a perder a dita ‘guerra contra o terrorismo’?
Se estamos a ganhar, quando é que acaba a guerra?
Sobre estas questões divagou-se um pouco, mas estamos em condições de garantir que existem imensas famílias americanas a pensar mudarem-se para o Iraque e Afeganistão, num movimento colonizador inesperado! As entidades oficiais prevêem, que em poucos anos, a comunidade iraquiana no Iraque será minoritária. No Afeganistão idem.
Em cenário tão promissor é fácil adivinhar que as tropas coloniais passarão rápidamente à condição de tropas nacionais!
A vitória é já a seguir.
Só faltava este esclarecimento.

terça-feira, dezembro 06, 2005

À flor da pele

‘O País é bonito, fica feio pôr lá portugueses’! – terá afirmado Almada num momento de lucidez. E tu, leitor ocasional, que fazes aqui nestas linhas, também ocasionais? Não adivinhas a descrença?
Já que vieste, diz-me uma coisa – quem são esses candidatos, que te levam ao voto? Viverás melhor em 2006?
Tens visto a televisão? Que fazem ali tantos heróis dos meses com ‘r’? E que aparecem sempre nos dias 25? Não achas estranho? E se a Pátria precisasse deles nos meses sem ‘r’? Num dia 28, por exemplo?
E o outro, que se esconde e não fala? O ‘oliveirinha’ da Beira Baixa?
Vou revelar-te um segredo. Se quiseres ficar mal disposto para o resto do dia, lê o Diário de Notícias pela manhã, é remédio santo!
Queres um exemplo? – Começa pelo Teixeira. Verás e ouvirás a voz do dono.
Que saudades de Coutinho! E eu, que num dia aziago, o critiquei ferozmente... Como estou arrependido... Diz o povo e com razão – ‘atrás de mim virá, quem bom de mim fará’!
O pior dia do DN, ou seja o melhor, para o efeito que se pretende – ficar mal disposto – é a terça-feira. Em coluna cerrada, depois de mais uma ‘não decisão’ sobre Pedroso, ficamos todos com aquela vaga sensação de que o dito, não quer provar a sua inocência em Tribunal! Prefere outros caminhos, e ele lá sabe.
Se já sentes a azia a subir, insiste, abre as páginas de ‘opinião’, e confronta-te com os ilhéus que se acham donos do Continente! Não seria melhor descolonizar essa gente? Para ver se não chateiam o indígena, que somos nós? Quem é que os convenceu que eram necessários? Que serviam para alguma coisa, a não ser para abichar ‘tachos públicos ou semi-públicos’?
E não há uma alma caridosa que explique àquela criança deslumbrada, a diferença entre uma jóia e um pechisbeque? Que a piroseira intelectual, faz rugas?
Conseguiste chegar até aqui? És corajoso (ou corajosa, por causa da discriminação), mereces ler as notícias do futebol. Minto, dos grandes do futebol. Assim é que é.
Termina com o Sarsfield, que não escreve mal. Admira-me como ainda lá está!?
Vai arejar... Eu também vou...

sábado, dezembro 03, 2005

Mensagem do 1º de Dezembro de 2005


O Interregno com a devida vénia, transcreve de Única Sempre Avis, a Mensagem do 1º de Dezembro de 2005 de Sua Alteza o Duque de Bragança:

Mensagem do 1º de Dezembro de 2005

Neste 1º de Dezembro passam 365 anos sobre a data em que o povo português pegou em armas para reafirmar a sua independência.

São tantos anos quanto os dias do calendário, e que nos convidam a um balanço da vida nacional.

Enquanto à nossa volta, a natureza faz cair as folhas de Outono e assistimos a efémeras agitações políticas, devemos auscultar as expectativas mais profundas dos portugueses, tal como o fizeram os Restauradores de 1640.

Durante este ano, no território continental e nas regiões autónomas, visitei numerosos concelhos, quer a convite das autoridades locais, quer das Reais Associações e outras personalidades.

Vi progressos económicos que, infelizmente, nem sempre respeitam essas outras riquezas que são o nosso património natural e arquitectónico.

Mas também tive a oportunidade de ver que o Estado gasta parte dos nossos recursos em obras de luxo de país rico, enquanto continuamos a ter um nível de desenvolvimento humano próximo de alguns países, com os quais não gostaríamos de nos comparar.

Não podemos gastar como se fossemos um país do «Primeiro Mundo» e ter uma formação, uma educação e um estilo de vida próximo do «Terceiro Mundo».

Ou seja, gastamos como ricos e trabalhamos como os países pobres, de uma maneira desorganizada e com falta de planificação.

Num ano de confrontos com minorias étnicas e religiosas em França, visitei em Portugal Associações de Solidariedade Social que realizam um bom trabalho de integração de jovens já nascidos em Portugal.

Considero muito importante o apoio destas instituições na educação da chamada terceira geração e creio que todos deveriam ajudar esses jovens, seja por solidariedade, seja por prudência.

Tal como em anos anteriores, realizei viagens e visitas de representação ao exterior, por vezes com minha mulher, viagens que, é oportuno referi-lo, jamais custaram um único euro ao erário nacional.

Na Europa Central, a convite dos governantes, visitei a Bulgária e a Sérvia-Montenegro onde tive contactos com a população.

São países que aspiram a integrar-se na União Europeia: mas nas suas bandeiras e escudos restabeleceram as coroas nacionais, como já sucedera na Rússia, Polónia e Hungria. Afirmam assim a vontade de iniciar um novo ciclo histórico, sem perda de identidade.

Por convite dos respectivos Governos Regionais, visitei a região da Galiza e a cidade autónoma de Ceuta.

Em ambas fui muito bem recebido e testemunhei o apreço que essas regiões espanholas têm para com o Herdeiro dos Reis de Portugal.

Visitei Comunidades Portuguesas na Bélgica, França, Luxemburgo, Suíça e Estados Unidos, e mantive contactos com personalidades desses países.

São 4 milhões e meio de portugueses que lamentam que o português não seja uma língua ainda mais internacionalizada, devido à falta de uma grafia uniforme entre portugueses e brasileiros.

Devemos bater-nos para que a língua de Fernando Pessoa e Luís de Camões, a língua de Gilberto Freyre e de Jorge Amado, a língua de Craveirinha e Luandino seja língua de trabalho na Organização das Nações Unidas.

Entretanto, o calendário nacional é marcado pela aproximação das eleições presidenciais de 2006.

Em primeiro lugar, saúdo os candidatos presidenciais. Desde 1976, o cargo de Presidente tem sido desempenhado por personalidades dignas e com provas públicas dadas.

Teoricamente, o cargo é uma instituição democrática para a qual qualquer cidadão nacional pode ser eleito e permite ao eleitorado uma importante decisão sobre o nosso futuro.

Mas apesar do formalismo da Constituição, só é candidato viável quem atingiu o topo de uma carreira político-partidária, promovido pelos aparelhos partidários, dificilmente encontrará independência fora deles.

Em segundo lugar, congratulo-me que nas Comissões de Apoio dos candidatos mais destacados participem monárquicos convictos, tal como me congratulo que muitos outros permaneçam de fora.

Para mim, isso significa que a ideia de monarquia se tornou transversal ao sistema político.

Como tive ocasião de afirmar “Os portugueses devem perceber que a proposta dos monárquicos não é de "derrubar a República" e as suas instituições democráticas, mas sim de "dar um Rei à República."

E agora acrescento que o nosso objectivo deverá ser a “democracia real”, a democracia presente aperfeiçoada pela identidade histórica e pelas expectativas de um Portugal mais justo.

Em terceiro lugar, e pensando no art.º 288 da Constituição que impõe “a forma republicana de governo”, quero agradecer publicamente a todos quantos se têm batido nas Revisões Constitucionais – na de 1982, de 1992, de 1996, de 2004 – para que desapareça esse “ferrolho ferrugento”.

Em Abril de 2004, em sede de revisão constitucional, 108 deputados – contra 89 – votaram a favor da eliminação do “ferrolho” constitucional, aproximando-se bastante da maioria necessária de 2/3.

Em representação de todos os deputados que ao longo destes anos continuam a apoiar esta causa, destaco, por já falecidos, os nomes de José Luís Nunes, Nuno Abecassis, e Francisco Sousa Tavares.

Como herdeiro dos Reis de Portugal, continuo disponível para os grandes desafios colocados aos Portugueses, para servir a Pátria e para garantir a democracia através da instituição real.

Um Rei representa não só o Estado democrático, de que é o garante, mas a Nação de cujos interesses permanentes é o guardião.

Creio – e cada vez mais acompanhado me sinto – que a mais valia das instituições republicanas diminui à medida que se consolida a democracia e novas ameaças surgem em Portugal.
Não vou insistir que as instituições republicanas nasceram sob o signo do sangue de D. Carlos e D. Luís Filipe de Bragança. Sobre esse sangue derramado no Terreiro do Paço, erigiu-se a República e os seus primeiros 16 anos de instabilidade seguidos por 48 anos de ditadura também republicana.

Cortado brutalmente o fio condutor da evolução para formas superiores de liberdade e realização histórica, Portugal afastou-se do progresso político das nações politicamente mais felizes da Europa.

Sabemos hoje que esse atentado terrorista da Carbonária merece a esmagadora repulsa do povo português.

Conforme sondagem recente, 76.5 % da população considera-o “um crime horroroso”, 18,8% “um mal necessário” e 4,6% “uma coisa boa para o país”.

Aproximando-se mais um aniversário do regicídio, quero exprimir o meu profundo repúdio pela violência e pelo terrorismo como forma de afirmação política, em qualquer parte do mundo.

A 1ª República destronou o Rei mas a Democracia e a defesa da Res publica jamais foi o programa dos que a si próprios se designavam por "democráticos" e "republicanos".

O regime implantado em 5 de Outubro de 1910 instituiu, em rigor, o "governo de uma plutocracia contra os interesses de uma grande massa de deserdados".

No Estado Novo, governou um homem solitário; a representação política seguiu o modelo do partido único.

A oposição emocional entre república e monarquia, como o ainda faz certa propaganda republicana, tem pouco sentido no mundo actual da democracia.

Em Portugal diz-se "Estado democrático" e em França "Estado Republicano" para designar a mesma realidade: o regime baseado no livre exercício dos direitos políticos e no respeito pelos direitos humanos.

Enquanto em Portugal se falaria das "instituições democráticas", em França referem-se as "instituições republicanas".”

Do mesmo modo, causa estranheza falar de “ética republicana”, quando existe uma só ética universal, expressa pelas religiões e pela moral nos princípios da liberdade, justiça e compaixão.

Os velhos mitos da propaganda republicana são como um feitiço que se vira contra o feiticeiro.

Recentemente, uma publicação nacional demonstrou que, conforme os Orçamentos de 2005, o Rei de Espanha receberá 7,8 milhões de Euros enquanto ao Presidente português cabem 13,32 milhões de Euros.

A Casa Civil portuguesa gasta mais 41,7% do que a Casa Real espanhola.

Contas feitas ao PIB e à população, a Presidência da República portuguesa custa dezoito vezes mais por habitante que o Rei de Espanha!

Nós preferimos naturalmente Portugal, mas decerto que não é por este motivo!

Tenho apelado na comunicação social, nacional e internacional que vivemos um tempo de vésperas, um tempo de novos desafios a enfrentar com novas soluções…

Na actual globalização das actividades económicas e financeiras, da tecnologia e da informação, o modelo clássico do Estado republicano atravessa uma profunda crise porque não responde às aspirações de identidade nacional.

Os especialistas têm demonstrado esta crise em poucas palavras.

E como creio que disse Albert Einstein, “os problemas de uma sociedade não podem ser resolvidos ao nível das soluções que os criaram”.

Os mercados nacionais, isto é, os espaços económicos protegidos do exterior que se afirmaram no passado, já não passam de sobrevivências, sem significado decisivo, a não ser para as pequenas empresas.

O espaço económico europeu está aberto à maior parte das empresas que no caso das multinacionais que operam em Portugal, até preferem deslocalizar-se para Espanha.

É cada vez maior o grau de autonomia dessas grandes empresas em relação às políticas definidas pelos governos dos Estados nacionais.

Os Estados Europeus perderam o poder de cunhar moeda – como o escudo da República em Portugal – e de controlar os instrumentos das politicas monetárias, e vêem a sua liberdade orçamental gradualmente limitada.

Com a abertura das fronteiras, têm dificuldades nas políticas fiscais e no domínio da redistribuição, para já não falar das dúvidas sobre a evolução do Estado Providência, e sobre a capacidade para garantir o pleno emprego.

O declínio das prerrogativas nacionais é patente nas áreas da informação, da comunicação e da cultura.

As novas tecnologias mudaram as fronteiras.

À escala mundial afirma-se uma cultura mediática que condiciona todas as culturas nacionais.

Se a isto somarmos a internacionalização do crime organizado, o terrorismo, o tráfico de armas e de drogas, a proliferação nuclear, as questões ambientais e os fluxos migratórios, conclui-se que se reduziu de forma drástica a margem de manobra dos Estados europeus, nos planos interno e externo.

Muitos dos domínios de acção que no passado estavam reservados à soberania nacional deram lugar a uma soberania partilhada e a um processo de integração que parece incontornável.

Ao mesmo tempo, constato que as monarquias europeias se encontram entre os Estados mais desenvolvidos do mundo, conforme relatórios da OCDE e das Nações Unidas.

Não afirmo que um rei resolve tudo; afirmo, sim, que um rei é sinal do caminho das boas soluções.

No país e no mundo, surgem novos movimentos de revitalização regional, de revalorização dos poderes locais e de fascínio pelas singularidades culturais e pelas identidades territoriais.

Cada Povo sente a necessidade de contrabalançar o esvaziamento do papel do Estado pela afirmação da sua identidade, entendida como realidade sociológica gerada a partir do património histórico e cultural da Nação.

A rejeição do Tratado Constitucional Europeu, contra a opinião das elites governantes, teve muito a ver com isto.

Com todo o respeito, não se trata de problemas para um Presidente da República.

São problemas de uma outra escala; de como iniciar uma nova época histórica e de criar pontes entre civilizações.

O nosso país merece um novo protagonismo nesta nova época.

É neste contexto que a democracia real ganha cada vez mais adeptos em Portugal.

Um dos desafios que se colocam aos portugueses é o de melhor utilizarem o seu sentimento identitário, em nada contraditório com a sua integração europeia, a sua pertença lusófona e a sua presença atlântica.

Das últimas eleições presidenciais, conhecemos a elevada abstenção e a ausência de participação popular.

Destas, só conhecemos ainda a falta de recenseamento dos jovens até 21 anos (só 30% se recensearam), que não recebem qualquer educação para a cidadania.

Sendo ponto assente, em democracia, que o eleitorado tem sempre razão, então a maioria do Povo não se revê na imagem que a chefia do estado republicano tem dado de si própria.

E isto não pode deixar de constituir matéria de reflexão política para o futuro.

Os enormes desafios que se colocam ao País exigem mais do que nunca um Chefe de Estado que seja o representante simbólico da identidade nacional, o garante da coesão e um factor de união entre todos os portugueses, a instância suprema capaz de imprimir ao Estado o sentido permanente da prossecução do interesse nacional.

Tenho para mim que só a figura de um Rei pode ser referência indiscutível para a Justiça, para a Defesa Nacional, para as Relações Externas, para a Administração Pública.

Julgo que os monárquicos aprenderam a lição. Um Rei não se deixa envolver em querelas partidárias.

Se os Partidos Políticos são o "sal e pimenta" das democracias, e da liberdade de expressão, alguém tem de estar aparte deles – os Tribunais – e acima deles – o Rei, mantendo a chama da Identidade Nacional, tão importante num mundo cada vez mais globalizado e culturalmente indiferenciado.

A magistratura de influência, não se resolve com a figura passageira de um Presidente da República; o nosso modelo constitucional semipresidencialista confere-lhe poderes demasiados para intervir no governo mas não lhe dará nunca a distância nem a imparcialidade suficiente perante os portugueses.

Por isso, a instituição real que durante oito séculos corporizou a identidade nacional surge, enquanto referência moral e histórica, como uma solução política de normalidade constitucional a merecer cada vez mais a reflexão nacional.

Nesta nova fase de democracia consolidada mas de independência ameaçada, Portugal precisa de um Chefe de Estado que tenha a consciência que somos Europeus, Atlânticos e Lusófonos, nesse verdadeiro triângulo estratégico, referido há cem anos por um dos mais puros paladinos monárquicos do séc. XX, o então capitão Henrique de Paiva Couceiro.

Comecei por afirmar que os anos que passam consolidam o prestígio das nações.

Mais ainda no caso de uma Pátria como Portugal.

Neste sentido queria concluir anunciando duas novidades, em meu nome e da Duquesa da Bragança.

Em primeiro lugar, anuncio a intenção de criar em 2006 um “Prémio” que recompense os talentos e o serviço à comunidade prestados por cidadãos nacionais e no espaço da lusofonia.

Finalmente, conto que, para o ano, se Deus quiser, o nosso filho Afonso, ao fazer dez anos esteja presente no seu “primeiro” 1º de Dezembro. Tal como sempre eu e a minha família, ele está a ser preparado para servir Portugal.

Dom Duarte de Bragança

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Vale de Acór

‘O Vale de Acór fica situado nos arredores de Jericó, sendo um dos caminhos que dá acesso à Terra Prometida...
O seu nome, no entanto, anda associado a um episódio dramático da história de Israel, uma vez que, segundo se conta no Livro de Josué, foi nesse vale que Acã e a sua família foram apedrejados até à morte como consequência da sua cobiça e idolatria...
De facto, a ofensa fora tão grande e a profanação tão injusta que o Vale onde Acã foi morto passou a designar-se por um nome que significa “confusão”, “infelicidade”, “desgraça”...
Porém, e é para isso que importa agora olhar, será nesse mesmo Vale de Acór que o Senhor abrirá uma “Porta de Esperança” (Cf.Os 2,17), segundo anuncia o profeta Oseias, por excelência o profeta da Misericórdia, atento, como nenhum, aos sentimentos de Deus, à sua benevolência e compaixão a favor dos homens...’

Hoje, o ‘Vale de Acór’ é o nome de uma obra da Igreja que se destina a acolher e ajudar, todos aqueles que querem reconstruir uma vida baseada na liberdade e na independência! Vida, que atrás ficou marcada pelo consumo na sociedade de consumo, nos limites do inenarrável, e que por isso, conhece bem a escravidão das dependências.
Neste precário 1º de Dezembro, procurei à minha volta e não vi sinais dos conjurados. No lugar da vontade, vi a inércia. No lugar da fidelidade, vi o egoísmo e o ódio.
Não existem Pátrias livres e independentes quando os seus filhos não as reconhecem, quando vendem a alma por qualquer servidão.
Mas ainda há esperança.
Fui buscá-la à fragilidade dos que lutam, dos que têm vontade de ser livres, dos que aprenderam, pelo sofrimento, qual é o verdadeiro valor da independência!
Que melhor exemplo poderia eu encontrar neste dia?