Neste último discurso, sem querer
(ou talvez não), Cavaco Silva deu uma ajudinha às negociações do Costa! O
regozijo do Galamba, logo a seguir, não deixa dúvidas. Ao ser tão meticuloso
nas linhas vermelhas da estabilidade, da credibilidade e, muito importante, da
coerência, o presidente da república encostou o Bloco e o PCP às cordas. Estes,
obviamente, não gostaram do discurso. O ‘acordo’ está agora mais periclitante.
Mas deixemos o ‘acordo’ que há-de
justificar o assalto ao poder, acordo que nem sabemos se existe, fixemo-nos antes
no plano urdido na sombra para lá chegar! Estou a falar da campanha de
intoxicação que degrau a degrau estabeleceu um facto quase consumado. O facto
quase consumado de que Costa e a sua coligação negativa têm legitimidade para
governar. Falta o quase, está nas mãos de Cavaco, e corresponde ao título deste
postal.
Primeiro foi preciso ultrapassar esse
pequeno (grande) obstáculo, a saber: - a vontade expressa pelos eleitores nas
urnas!
Discutiu-se a muito a questão, a
maior parte das vezes com grande sobranceria, estabeleceu-se que a legalidade
se sobrepunha à legitimidade, vingando por fim a tese (extraordinária!) que a constituição
‘acomodava’ uma solução que (todos) os eleitores desconheciam e que portanto nela não votaram! Este foi o
salto mortal que nos obrigaram a dar, com a conivência, como sempre acontece,
de alguns ingénuos e muitos espertalhões.
A partir daqui nada mais
interessa. Acordo assim ou assado, gestão boa ou má, são tudo trocos, moedas de
tostão. Pois se a vontade dos eleitores não conta, pois se constituição serve
para tudo e para nada, só um acto individual de grande coragem pode evitar a
fraude que se perspectiva. Não chegam linhas vermelhas, isso não vai resgatar
as eleições. Ser chefe de estado tem os seus riscos…
Saudações monárquicas