segunda-feira, maio 30, 2011

O meu voto

Desde o 25 de Abril que venho cumprindo, sem grande entusiasmo diga-se, o dever de votar num partido político que governe (ou ajude a governar) o país. Nas eleições para a chefia de estado, e como é óbvio, nunca votei, nas eleições autárquicas, embora discordando da intromissão partidária, às vezes voto, outras vezes nem tanto. Nem tanto porque entendo que estas eleições deveriam reduzir-se à escolha de um presidente de câmara e respectivo programa. Para além disso todos os que visitam o ‘interregno’ sabem da minha inclinação em favor de um regionalismo progressivo começando pelas regiões mais pobres e desertificadas do país.

Feita a história da minha vida eleitoral, falta naturalmente revelar em quem tenho votado ao longo destes trinta e tal anos de democracia limitada. Pois bem, nos primórdios votei sempre no Partido Popular Monárquico e só deixei de nele votar quando foi assaltado por uma deriva republicana que punha em causa a essência da monarquia, qual é, em monarquia não há candidatos a rei. O PPM entrou entretanto em agonia e passei a votar no CDS na expectativa que se transformasse num verdadeiro partido conservador. Um partido que propusesse e defendesse uma sociedade com valores, valores próprios e próximos da nossa matriz cultural.

Infelizmente o CDS/PP não tem conseguido afirmar-se como esse grande pólo aglutinador, muito por culpa da existência de um partido híbrido chamado PPD/PSD, mas também por culpas próprias. A verdade é que tem preferido o imediatismo do poder, nem que seja em subalternidade absoluta, a uma política de fundo que constitua verdadeira alternativa a um ‘país de esquerda’! E particularmente nestas eleições, onde pelo facto de já haver um programa de governo (ditado de fora!) se abria uma oportunidade para marcar uma posição doutrinária, nem assim o CDS se convenceu a abandonar o tacticismo daquilo a que podemos apelidar de ‘política da unidose’. Esperava mais, muito mais. E já nem falo na renovação das caras e das cabeças, absolutamente necessária, quando sabemos que muitos daqueles que surgem em lugares elegíveis são meros ‘companheiros de jornada’ da esquerda do aborto, dos casamentos gays, e amanhã, quem sabe, da eutanásia. Numa imagem de defeso futebolístico, isto é tudo pessoal para transferir rápidamente para o PS e BE… e ainda ganhar algum dinheiro com o negócio.

Aqui chegados e para terminar, eu tinha razão quando defendi a existência e valorização de um partido monárquico (sem prejuizo do papel reservado às associações reais) que lutasse abertamente pela mudança de regime, sem conversas ecológicas ou outros moinhos de vento similares. Assim, eu já teria partido onde votar e Portugal voltava a falar de monarquia… já.

Saudações monárquicas

domingo, maio 29, 2011

As palavras dos outros

(...)



Quis a ironia do destino, ou melhor, quis o povo que Portugal tivesse ao leme dos seus destinos, há mais de cinco anos, um homem que, estou em crer, a História se encarregará de caracterizar melhor do que eu! José Sócrates Pinto de Sousa, que fez questão de adoptar o mais estranho dos seus nomes para sua chancela, quiçá procurando algum paralelo com o mais brilhante de todos os filósofos, mas esquecendo que o seu percurso tem tornado pecaminosa tal analogia, pois não haverá melhor exemplo de contradição.
Este homem foi eleito, como aliás acontece sempre em Portugal, não por qualquer mérito, mas por demérito de quem o antecedeu.

Em Portugal ninguém ganha eleições; em Portugal apenas se perdem eleições. Os parcos horizontes mentais do meio país que vota desde o 25 de Abril, e a competência revelada pelos políticos, impedem que alguém ganhe eleições e fazem com que apenas o PS e o PSD percam eleições. Em 2005, o sábio povo, mais uma vez para castigar quem não lhes agradou, podia ter feito mil coisas, entre elas colocar no poder gente nova, partidos novos, de esquerda, direita, do centro, votarem todos em branco, votarem todos nulo... enfim; mas não! Como é apanágio na «democratura» tuga, castiga-se o peixe, votando na carne e castiga-se a carne, votando no peixe. Pior que isso, e constatando que o peixe é podre e a carne é putrefacta há décadas, perpetuam esse enjoativo jogo, num frenético exercício masoquista.

Claro que estas coisas são lentas no tempo, mas o tempo acaba por chegar e damos por nós, hoje em dia, de caras com a inquietante factura desse mórbido ritual de troca bipolar de poder, assente na legitimidade do voto da populaça!


(...)




Excerto de um texto da autoria de Paulo Carvalho, texto a que o autor deu o sugestivo título: - 'A epopeia de um déspota e a estratégia dos media: ensaio sobre um país à beira do caos!'

sexta-feira, maio 27, 2011

Não investiguem que não é preciso!

O eco de uma nova investigação judiciária entra-me pelos ouvidos, tinge de emoção os escaparates, e eu grito, não, não investiguem, estejam quietos, não me andem a gastar o (que resta) do dinheiro dos contribuintes em... denúncias, pistas, escutas, meios de prova, audições, inquéritos, advogados, procuradores, juízes, polícias, fardados, desfardados, quilos de papel, toneladas de televisão, e o corrupio constante dos jornalistas, as declarações, os desmentidos, os processos, e os arguidos, as testemunhas, os recursos, os incidentes, coincidentes, as nulidades, e recomeçar tudo de novo… para dar tudo em nada, decorrido o tempo necessário!
Há uma lista da república, eu já expliquei isto, uma lista que deve ser consultada antes de qualquer mega operação judiciária. É uma lista elementar, baseada na experiência (centenária) do regime, lista composta por um conjunto de pessoas e instituições inimputáveis, que não devem ser incomodadas. O motivo é simples: - jamais se sentarão no banco dos réus! A justiça portuguesa tem essa lista, eu por acaso conheço-a, posso disponibilizá-la, se tiverem alguma dúvida perguntem-me. Por exemplo, neste caso dos guarda-redes do Benfica, digo-vos que não vale a pena aprofundar o assunto. Faz parte da lista. Está tudo inocente concerteza. Se fosse algum clube dos regionais, desses que movimentam milhões de euros, compreendia-se o sentido da investigação. Agora o Benfica… nem pensar. E o Estado ainda se arrisca a ter que pagar uma indemnização por ofensas à honra e ao bom nome. Isto é só um exemplo.


Saudações azuis

quarta-feira, maio 25, 2011

Sondagens ao minuto!

Saí de casa pela manhã e resolvi perguntar às primeiras cinco pessoas que comigo se cruzaram, qual o partido em que tencionavam votar nas próximas eleições. Uma não sabia, outra estava indecisa, uma terceira mandou-me passear, e as duas restantes confessaram a sua paixão por Sócrates. De posse destes elementos, fui ao pão, comprei meia dúzia de sardinhas para o almoço e fechei-me em casa a estudar todas estas variáveis. Fiz um gráfico, duas curvas, e com uma margem de erro de duas pessoas, concluí que o PS ganhava com maioria absoluta! Pena que não possa publicar estes resultados porque havia aqui matéria para um dia inteiro de análises e comentários.

Mais a sério, a verdade é que os portugueses têm tendência para desacreditar tudo aquilo em que mexem. Já desacreditaram a democracia e agora, na ânsia de manterem Sócrates em jogo, inventam empates (técnicos!) onde não existem, ou só existem na imaginação de alguns mentecaptos. Mas atenção, há muita gente a ganhar dinheiro com estas brincadeiras! Televisões, jornalistas, comentadores, e naturalmente anunciantes, todos eles se pelam por notícias que alimentem a clubite partidária, porque é de clubite partidária que se trata, nada mais do que isso. Nem me admiraria que até ao fim da campanha surjam apostas, sorteios, prémios e raspadinhas! Vale tudo na nossa pequena vida virtual.
E vivam as eleições! Quantas mais melhor!

Saudações monárquicas

terça-feira, maio 24, 2011

Partido socialista do emprego!

Está na hora de fechar os ‘centros de emprego’ e entregar a respectiva gestão às estruturas partidárias. Dando preferência obviamente ao partido socialista, muito mais eficaz nesta área, e bem capaz de cumprir (se o deixarem) a grande promessa eleitoral de Sócrates – a criação de cento e cinquenta mil empregos!
Fala-se já em cento e sessenta nomeações à socapa, ainda faltam zeros, mas pelo ritmo que levam… não sei, não!

Gracinhas à parte, recordemos o que diz Vasco Pulido Valente sobre o assunto: - *”Em 1834, quando a guerra contra D. Miguel acabou, uma das maiores querelas do liberalismo (que o dividiu para sempre) foi a querela dos empregos. Os radicais queriam despedir o pessoal absolutista do Estado e dar empregos à sua gente. Os moderados preferiam uma purga parcial. Com a revolução de 1836, os radicais acabaram por apanhar tudo ou quase tudo. A questão era séria e até agora não mudou muito…”.

E Vasco Pulido Valente continua: - “ (…) Depois do intervalo de Salazar, a democracia, como de costume, criou a sua classe média. A administração, a saúde, o ensino, a segurança social e alguns milhares de misteriosos serviços (para não falar nem de empresas, nem de câmaras, nem de 4 mil freguesias) receberam directa ou indirectamente mais de um milhão de portugueses. Como disse um dia Medina Carreira metade do país depende do Estado. E é por isso que a falência ou drástica redução do Estado seria em Portugal uma tragédia, sem precedentes conhecidos…”.

Dito isto, com o qual concordo em absoluto, ou não fosse eu um dos absolutistas saneados há perto de dois séculos, podemos e devemos retirar as seguintes conclusões: - existe um Portugal até D. Miguel e existe outro, caricatura do primeiro, que rompendo com a tradição (não confundir com tradições) atirou o país para um plano inclinado sem saída à vista. Um abismo para a maioria da população, um paraíso para as quadrilhas que assaltaram o Estado e se banqueteiam à mesa do orçamento.
Uma visão simplista?! Sim, porque vai à raiz, não se entretém nos ramos da árvore.
‘Deus, Pátria, Rei’, não há nada mais simples do que isto.

Saudações monárquicas


*Fonte: Jornal Público de 21 de Maio de 2011.

domingo, maio 22, 2011

Freud entre nós!

O mestre da psicanálise visitou este interregno e eu contei-lhe a minha história: - ontem à noite, sem dar por isso, fui parar a um programa de televisão denominado ‘a torto e a direito’ e por lá fiquei alguns instantes. A convidada de serviço, candidata socialista (e segundo consta, especialista em causas fracturantes e constituições obscuras) perorava nessa altura contra a direita, queria excomungar Passos Coelho, Catroga, este por ter invocado o nome de Hitler em vão, e queria também remeter Paulo Portas às profundezas do inferno! Queria naturalmente promover a beatificação de Sócrates!
Sim, disse Freud, e qual é o problema?!
O problema é que eu reconheci a criatura – trata-se da filha de Adriano Moreira, distinto ministro do governo de Salazar, e todo aquele ódio ao nacional socialismo, de onde afinal provém, pareceu-me um exagero, dá ideia de um complexo mal resolvido!
Sim, repetiu Freud, e qual é o problema?!
Bem, o problema é que existem mais casos destes nos partidos políticos, personagens com fama de génios e a quem a comunicação social dá muito tempo de antena!
Esse já é um problema, concordou Freud. Mais alguma coisa?!
Sim mestre, gostava de ver esclarecido o seguinte: - atendendo a este tipo comportamental é possível que os descendentes destes esquerdistas inveterados venham a ser discípulos dilectos de um futuro ‘estado novo’? Com outro Salazar?
Freud fez que sim com a cabeça e confirmou - é possível, é bem possível.

Saudações monárquicas

quinta-feira, maio 19, 2011

Em setenta segundos!

Ontem, depois do futebol, os pequenos partidos tiveram a sua oportunidade, uma oportunidade rara, curtíssima, com a moderadora sempre a avisar – ‘tem de concluir’.
Em setenta segundos ninguém diz nada, a não ser que se chame Garcia Pereira! Ele conseguiu dizer alguma coisa! Foi explícito quanto à dívida – ‘não pagamos’ e de facto, nas condições impostas será muito difícil pagá-la. Foi claro quanto às causas: - o abate da frota de pesca, o abandono da agricultura e da produção industrial, tudo a troco de um prato de lentilhas, subsídios que entretanto se evaporaram. Os responsáveis por este ‘negócio’, andam por aí, impantes, usam comendas, colares da liberdade, mas o país perdeu a independência e a liberdade!
Faltavam ainda alguns segundos, os suficientes para Garcia Pereira explicar que Portugal tem que recuperar a sua antiga capacidade produtiva, tem que apostar sobretudo nos seus portos. Na placa giratória onde nos situamos, graças a Deus e aos nossos antepassados. Portos ligados por ferrovia, com bitola europeia, mas atenção, seguindo a rota dos emigrantes, que por acaso não passa por Madrid!
Acabado o programa, dei por mim a pensar que se aquilo fosse futebol 'contratava' Garcia Pereira para alinhar nas hostes monárquicas. Mas não é, e também sei que Garcia Pereira não faz fretes a ninguém, mas é uma pena que não aplique o seu inegável talento político aprofundando os caminhos da tradição, caminhos que entroncam necessariamente nas aspirações mais genuínas do povo português. E isso é fácil de comprovar - se a tradição estivesse ao serviço dos agiotas que nos desgovernam não teria sido abolida nem desprezada.
Cabe-nos a nós restaurá-la e para isso nada melhor que questionar o regime que todos os dias a renega. A propósito, estava lá um partido monárquico que nos setenta segundos finais falou pouco de monarquia. Falou pouco da tradição.

Saudações monárquicas

sexta-feira, maio 13, 2011

Um plano de resgate

O país passa a vida a fazer contas, juros à esquerda, impostos à direita, soma ali, subtrai acolá, mas ninguém faz contas ao regime, ninguém quer saber quanto nos custa, a cada um de nós, cada um dos cerca de trezentos artigos da constituição da república! Estranho, não lhes parece?!
No entanto, continuo convencido que a doença que nos consome é de natureza política e só a política vai conseguir resolver. As curas de tesouraria poderão aliviar a situação por uns tempos, mas a economia só há-de crescer quando restabelecermos a confiança e a unidade nacionais. Para que isso aconteça, o primeiro passo é rever a constituição. Expurgá-la da ideologia jacobina, ideologia importada, contra natura, e que envenena tudo à sua volta. Pelo contrário, a convergência e a unidade, teremos de a procurar mais atrás, nas soluções que a tradição nos impõe, pois não basta repetir que temos oito séculos de história se na prática não fazemos outra coisa senão destruir esse mesmo legado!
Que fazer então?!
Já uma vez sugeri o seguinte: - o presidente da república, em acordo com os restantes órgãos de soberania, deveria nomear uma ‘unidade de missão’ com duas incumbências específicas – em primeiro lugar ‘desparasitar’ a constituição de todos os elementos ideológicos que impedem, por exemplo, que um partido de direita possa aplicar o seu programa de governo, no caso de ser sufragado pelos eleitores; em segundo lugar, o mesmo grupo de missão deverá estudar rápidamente uma alternativa (porque tem que haver alternativa) na hipótese de Portugal ser obrigado a abandonar a moeda única.

Terminada a missão, ambos os documentos seriam referendados pelos portugueses.
Este sim, parece-me ser o verdadeiro plano de resgate que precisamos.

Saudações monárquicas

terça-feira, maio 10, 2011

A escolha

Frente a frente o partido de Castela e o partido do mar, ambos mal representados, é certo, mas a representação possível, a representação a que temos direito.
Ai Portas, se não fosses tão Portas (a expressão não é minha, mas serve) podias ter marcado um golo de bandeira! Bandeira azul e branca, já agora. Estavas à frente da baliza, era só marcar. Mas foste na conversa do guarda-redes, desataste a comparar o preço dos submarinos com outras coisas e a oportunidade perdeu-se. Para a próxima não falhes e aviso-te que não vais ter muitas mais oportunidades. Da próxima vez concentra-te, imagina-te um português de lei, e responde assim ao partido de Castela: - para quem transformou Portugal num protectorado ao ponto de necessitar ser governado de fora, é natural que a ideia de soberania não exista ou exista apenas no palavreado! Essa a razão porque o nosso engenheiro prefere o TGV para ir a Madrid entregar a defesa da nossa zona económica exclusiva aos castelhanos e aos seus submarinos. Um desses submarinos, Miguel de Vasconcelos, caiu uma vez da janela, vinha a propósito lembrar.
Mas Portas poderia ter goleado se tivesse explicado ao seu interlocutor que Portugal quer dizer ‘terra de muitos (e bons) portos’, que o mar sempre foi fonte de independência, e essa seria uma razão para evitar comparações que possam pôr em causa a nossa soberania marítima. Não era preciso dizer mais nada.
A não ser oferecer ao engenheiro uma cópia dos versos e música que um dia fabriquei em defesa do mar…


Saudações monárquicas

sábado, maio 07, 2011

Eleições, para que servem?!

Se Salazar ressuscitasse, veria hoje com os seus próprios olhos a república corporativa com que sonhou! E admito que ficaria desiludido com o resultado. Na verdade, aquilo que a segunda república não conseguiu realizar em ditadura, foi obtido em democracia graças a uma lei eleitoral capciosa, sabiamente cozinhada e melhor interpretada pelos seus directos beneficiários – os partidos. A conhecida pescadinha de rabo na boca!
Salazar talvez perguntasse pela receita, e a receita é simples: - basta que os eleitos não sejam responsabilizados individualmente pelo seu desempenho e teremos os partidos transformados naquilo que são: – máquinas inúteis de poder, centros de emprego para filiados, corporações de interesses mais ou menos ocultos. Tudo isto se consegue através das chamadas ‘listas partidárias’, listas de nomes que poucos conhecem, nomes de pessoas que após o acto eleitoral (e de acordo com o método de Hondt) avançam para a assembleia da república (onde a grande maioria permanece anónima) sem que ao fim do mandato sejam questionadas, em concreto, pelos seus actos e omissões. Ao fim e ao cabo não representam nada nem ninguém! Acabam por ser os partidos, entidades abstractas, a assumir as responsabilidades, sendo penalizados (ou premiados) em futuras eleições. Mas também aqui o sistema (capcioso) funciona. Com efeito, tratando-se de um rotativismo bipartidário (inelutável) ao partido deposto basta-lhe ter a paciência necessária e esperar que a crise endémica (permanente) faça o seu trabalho. É então a altura para inscrever nas suas listas eleitorais os (mesmos) nomes de sempre. Os nomes da sua clientela.
São portanto estas fortalezas partidárias o ‘quero, posso e mando’ deste país. São elas o vício do sistema, vício que nunca hão-de alterar por vontade própria. Os seus membros são intocáveis, à prova de pedofilia, de corrupção, de pequenos e grandes delitos, e nunca se sentarão no banco dos réus. Nem para protestarem a sua eventual inocência. Um sistema totalitário no seu melhor!

É evidente que um sistema destes (um regime destes) só funciona enquanto houver dinheiro no orçamento para sustentar todos os vícios e abafar todas as fraudes. E o dinheiro (que nunca foi nosso) acabou. Eu diria, felizmente.
Encurralados, sem escapatória, os partidos estão agora obrigados a aplicar um plano imposto pelos credores, uma situação nova que o regime não estava nem está preparado para enfrentar. E ou me engano muito ou depois das eleições iremos assistir à mais que certa cisão dos partidos do poder, o que talvez acabe por clarificar o leque partidário! Uma coisa é certa, será o fim desta terceira república.
Quanto ao plano da troika, elogiadíssimo por quase todos os quadrantes políticos, (uma triste realidade para um país com oito séculos de história) tem uma falha e uma omissão: -

A falha: – nele não se prevê a própria implosão da união europeia, que pode acontecer, ou a previsível saída do euro de alguns países periféricos;
A omissão: - o plano esconde a via aberta para Madrid, leia-se, união ibérica, sonho republicano de carbonários e maçons. Com efeito a ligação do TGV a Madrid é para continuar e a compra da TAP pela Ibéria é para concretizar. Em ambos os casos, em detrimento dos interesses estratégicos de um Portugal independente e uma traição ao mundo lusófono.


Saudações monárquicas



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Post-scriptum: - Já depois de aprovar o 'plano da troika' o PS (pela voz do governo) veio dizer que não era preciso mexer na constituição (dos trezentos artigos)! Um disparate e mais um truque de ilusionismo - com efeito só um néscio pode acreditar que a 'constituição' não tem nada a ver com a lamentável situação a que chegámos. Já uma vez expliquei: - é que se não tem nada a ver, só atrapalha; se tem a ver, também atrapalha.

quarta-feira, maio 04, 2011

O verbo enganar

A lingua reflecte, para o bem e para o mal, a cultura de um povo, e não nos enganamos se dissermos que os portugueses gostam de ser enganados. Melhor dito, dá-lhes um certo prazer. Por exemplo, todos conhecemos a expressão já antiga - coitada da rapariga foi ‘enganada’ pelo namorado! Ou o seu sucedâneo abrasileirado – me engana que eu gosto! Pelo contrário, ser ‘desenganado’ pelos médicos significava (e ainda significa) morte anunciada. Portanto, entre morrer desenganado ou viver enganado os habitantes deste jardim preferem naturalmente viver enganados. E vivem.
É claro que tudo isto pode parecer estranho mas não consigo encontrar outra explicação para a enorme popularidade que um qualquer aldrabão desfruta neste país!


Saudações monárquicas

segunda-feira, maio 02, 2011

Os mortos são mais perigosos que os vivos

A notícia do assassinato de Bin Laden não me entusiasmou, nem me revejo na euforia geral, muito pouco católica aliás. Executado com a mesma frieza com que os americanos (julgando fazer justiça!) executam os seus condenados à morte, longe de pacificar o que quer que seja, deixa no ar sentimentos de desforra, numa altura difícil, em que o Islão se confronta com o seu próprio futuro. Dir-se-á que a guerra contra o terrorismo terá de ser implacável, e eu concordo, mas alguma coisa haverá de nos diferenciar dos terroristas. E não é com este tipo de acções, selectivas, puramente vingativas, que damos esse sinal.
A piorar a situação a nebulosidade subsequente ao ajuste de contas: - o corpo terá sido escondido e lançado algures no oceano Índico! Dizem que para evitar hipotéticos locais de culto! Não me parece boa ideia, e explico: - Bin Laden já não existia em termos operacionais, já nos tinhamos esquecido dele, era apenas um símbolo e os símbolos não se abatem de qualquer maneira. Porque se for preciso, e não sabemos (ninguém sabe) como vai evoluir o Islão, será muito fácil fazer de Bin Laden um mártir às mãos do Ocidente.
Concluo: - não foi a sua morte que me chocou, (afinal existe uma guerra contra os talibãs) mas a maneira como foi perpretada, e especialmente, o ar triunfal como foi anunciada.