segunda-feira, maio 02, 2011

Os mortos são mais perigosos que os vivos

A notícia do assassinato de Bin Laden não me entusiasmou, nem me revejo na euforia geral, muito pouco católica aliás. Executado com a mesma frieza com que os americanos (julgando fazer justiça!) executam os seus condenados à morte, longe de pacificar o que quer que seja, deixa no ar sentimentos de desforra, numa altura difícil, em que o Islão se confronta com o seu próprio futuro. Dir-se-á que a guerra contra o terrorismo terá de ser implacável, e eu concordo, mas alguma coisa haverá de nos diferenciar dos terroristas. E não é com este tipo de acções, selectivas, puramente vingativas, que damos esse sinal.
A piorar a situação a nebulosidade subsequente ao ajuste de contas: - o corpo terá sido escondido e lançado algures no oceano Índico! Dizem que para evitar hipotéticos locais de culto! Não me parece boa ideia, e explico: - Bin Laden já não existia em termos operacionais, já nos tinhamos esquecido dele, era apenas um símbolo e os símbolos não se abatem de qualquer maneira. Porque se for preciso, e não sabemos (ninguém sabe) como vai evoluir o Islão, será muito fácil fazer de Bin Laden um mártir às mãos do Ocidente.
Concluo: - não foi a sua morte que me chocou, (afinal existe uma guerra contra os talibãs) mas a maneira como foi perpretada, e especialmente, o ar triunfal como foi anunciada.

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